quinta-feira, 1 de julho de 2021

Próteses dentárias são alternativa para perda de dentes na velhice

Procedimento tem sido cada vez mais procurado por pacientes idosos que buscam resgatar qualidade de vida e autoestima ao sorrir


O cuidado com os dentes deve ser um hábito diário, mantido da infância até a velhice, para uma melhor qualidade de vida. Porém, inúmeros fatores podem levar à perda precoce dos dentes no futuro. Pacientes com comorbidades, como diabetes, dificuldades de mobilidade, traumas na região da boca, além da ausência de uma boa higiene bucal são fatores de risco que podem causar a perda dentária.

A ausência de dentes afeta, além da estética, a fala e a mastigação, prejudicando a trituração e digestão de alimentos e na absorção de seus nutrientes, o que pode levar a problemas gastrointestinais devido à sobrecarga no estômago – que precisará produzir mais ácidos para digerir o alimento – causando doenças como azia, gastrite e úlceras estomacais, além de piorar a autoestima e bem-estar dos idosos.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 16 milhões de brasileiros, 11% da população, não possuem nenhum dos dentes da boca. A pesquisa ainda revela que 41,5% das pessoas com mais de 60 anos já perderam todos os dentes. O problema tem sido encarado pela Odontologia como um grande desafio.

A alternativa para a perda dos dentes são as próteses dentárias. Trata-se de um procedimento seguro que, além de devolver a estética do sorriso, é essencial para que a mastigação do paciente idoso não seja comprometida. Para cada caso são recomendados tipos de próteses diferentes, que podem substituir um ou mais dentes, como explica o cirurgião-dentista Reinaldo Cesar Yoshino de Lima, presidente da Câmara Técnica de Prótese Dentária do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

“As próteses, de um modo geral, podem ser classificadas como: fixas ou removíveis; unitárias, parciais ou totais. Nos casos de unitárias, substituem uma coroa ou parte dessa coroa que foi perdida. Próteses fixas parciais substituem mais de um dente e geralmente são unidas. Existem próteses fixas totais também, geralmente elas unem os dentes de um lado ao outro da arcada. Outro tipo de prótese fixa total é a prótese sobre implantes. Nessas próteses geralmente utilizamos 4 a 6 implantes para sustentar a prótese total, que pode ser parafusada ou cimentada”, diz Reinaldo.

O avanço no tratamento de pacientes idosos com falta parcial ou total dos dentes também requer atenção e cuidados especiais para a conservação da prótese e evitar problemas com a saúde bucal. Mesmo não sendo constituída por dentes naturais, a prótese precisa ser higienizada regularmente de forma correta e o paciente deve ter o acompanhamento de um cirurgião-dentista.

“Próteses fixas precisam ser higienizadas assim como os dentes, sendo recomendado o uso de fio dental e escovas interdentais. Próteses removíveis precisam ser higienizadas fora da boca. Deve-se evitar pasta de dente nas próteses de resina para evitar que elas fiquem ásperas porque os cremes dentais têm abrasivos e são feitos para dentes naturais”, detalha o cirurgião-dentista.

“Próteses removíveis precisam de acompanhamento do cirurgião-dentista pós-instalação, ajustes muitas vezes são necessários pois a mucosa e a gengiva muitas vezes podem ficar machucadas e evoluir para aftas, o que chamamos de úlceras traumáticas. O mais importante é a visita periódica e frequente ao cirurgião-dentista, principalmente nos casos de próteses fixas (sobre dentes ou sobre implantes)”, completa.


Avaliação odontológica e confecção da prótese para idosos

Apesar de oferecer mais qualidade de vida e bem-estar às pessoas da terceira idade que já perderam seus dentes, a indicação de uso de uma prótese dentária deve ser seguida sempre de uma avaliação detalhada de um profissional sobre a saúde e as condições do idoso para que o procedimento odontológico seja realizado com segurança. Para cada tipo de prótese, sempre há observações importantes que o paciente idoso e seus familiares devem ter conhecimento antes do procedimento e tratamento.

“O profissional deve conversar muito com o idoso e, por meio de uma anamnese bem elaborada, verificar o estado cognitivo do paciente, a presença ou não de estado depressivo, a quantidade e qualidade de saliva para ajudar na autolimpeza, a capacidade funcional de higiene e o tecido ósseo de suporte para instalação da prótese”, indica a cirurgiã-dentista e presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do CROSP, Denise Tibério.

No caso de indicação de um modelo dentário fixo, é importante que o idoso consiga manter a saúde bucal em dia após o procedimento, pois isso garante a conservação do material e impede o acúmulo de placas bacterianas nos dentes e desenvolvimento de doenças gengivais. “A indicação de uma prótese fixa está diretamente relacionada com a capacidade do idoso conseguir realizar uma higiene adequada em casa para manter a saúde gengival”, diz Denise. “Está provado cientificamente que doenças gengivais podem significar um fator de risco para declínio cognitivo e comprometimento sistêmico da saúde do paciente”, explica.

Segundo Denise, a procura de pacientes idosos por atendimento odontológico e por próteses dentárias têm aumentado e a associação entre velhice e perda dos dentes está desaparecendo. “A procura por próteses pelos idosos é alta. O mito que a perda dos dentes faz parte do envelhecimento está se esvaindo”, completa a cirurgiã-dentista.

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo  - CROSP

www.crosp.org.br

 

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