Procedimento tem
sido cada vez mais procurado por pacientes idosos que buscam resgatar qualidade
de vida e autoestima ao sorrir
O cuidado com os dentes deve ser um hábito diário,
mantido da infância até a velhice, para uma melhor qualidade de vida. Porém,
inúmeros fatores podem levar à perda precoce dos dentes no futuro. Pacientes
com comorbidades, como diabetes, dificuldades de mobilidade, traumas na região
da boca, além da ausência de uma boa higiene bucal são fatores de risco que
podem causar a perda dentária.
A ausência de dentes afeta, além da estética, a
fala e a mastigação, prejudicando a trituração e digestão de alimentos e na
absorção de seus nutrientes, o que pode levar a problemas gastrointestinais
devido à sobrecarga no estômago – que precisará produzir mais ácidos para
digerir o alimento – causando doenças como azia, gastrite e úlceras estomacais,
além de piorar a autoestima e bem-estar dos idosos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que cerca de 16 milhões de brasileiros, 11% da
população, não possuem nenhum dos dentes da boca. A pesquisa ainda revela que
41,5% das pessoas com mais de 60 anos já perderam todos os dentes. O problema
tem sido encarado pela Odontologia como um grande desafio.
A alternativa para a perda dos dentes são as
próteses dentárias. Trata-se de um procedimento seguro que, além de devolver a
estética do sorriso, é essencial para que a mastigação do paciente idoso não
seja comprometida. Para cada caso são recomendados tipos de próteses
diferentes, que podem substituir um ou mais dentes, como explica o
cirurgião-dentista Reinaldo Cesar Yoshino de Lima, presidente da Câmara Técnica
de Prótese Dentária do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
“As próteses, de um modo geral, podem ser
classificadas como: fixas ou removíveis; unitárias, parciais ou totais. Nos
casos de unitárias, substituem uma coroa ou parte dessa coroa que foi perdida.
Próteses fixas parciais substituem mais de um dente e geralmente são unidas.
Existem próteses fixas totais também, geralmente elas unem os dentes de um lado
ao outro da arcada. Outro tipo de prótese fixa total é a prótese sobre
implantes. Nessas próteses geralmente utilizamos 4 a 6 implantes para sustentar
a prótese total, que pode ser parafusada ou cimentada”, diz Reinaldo.
O avanço no tratamento de pacientes idosos com
falta parcial ou total dos dentes também requer atenção e cuidados especiais
para a conservação da prótese e evitar problemas com a saúde bucal. Mesmo não
sendo constituída por dentes naturais, a prótese precisa ser higienizada
regularmente de forma correta e o paciente deve ter o acompanhamento de um
cirurgião-dentista.
“Próteses fixas precisam ser higienizadas assim
como os dentes, sendo recomendado o uso de fio dental e escovas interdentais.
Próteses removíveis precisam ser higienizadas fora da boca. Deve-se evitar
pasta de dente nas próteses de resina para evitar que elas fiquem ásperas
porque os cremes dentais têm abrasivos e são feitos para dentes naturais”,
detalha o cirurgião-dentista.
“Próteses removíveis precisam de acompanhamento do
cirurgião-dentista pós-instalação, ajustes muitas vezes são necessários pois a
mucosa e a gengiva muitas vezes podem ficar machucadas e evoluir para aftas, o
que chamamos de úlceras traumáticas. O mais importante é a visita periódica e
frequente ao cirurgião-dentista, principalmente nos casos de próteses fixas
(sobre dentes ou sobre implantes)”, completa.
Avaliação odontológica e confecção da prótese para
idosos
Apesar de oferecer mais qualidade de vida e
bem-estar às pessoas da terceira idade que já perderam seus dentes, a indicação
de uso de uma prótese dentária deve ser seguida sempre de uma avaliação
detalhada de um profissional sobre a saúde e as condições do idoso para que o
procedimento odontológico seja realizado com segurança. Para cada tipo de
prótese, sempre há observações importantes que o paciente idoso e seus familiares
devem ter conhecimento antes do procedimento e tratamento.
“O profissional deve conversar muito com o idoso e,
por meio de uma anamnese bem elaborada, verificar o estado cognitivo do
paciente, a presença ou não de estado depressivo, a quantidade e qualidade de
saliva para ajudar na autolimpeza, a capacidade funcional de higiene e o tecido
ósseo de suporte para instalação da prótese”, indica a cirurgiã-dentista e
presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do CROSP, Denise Tibério.
No caso de indicação de um modelo dentário fixo, é
importante que o idoso consiga manter a saúde bucal em dia após o procedimento,
pois isso garante a conservação do material e impede o acúmulo de placas
bacterianas nos dentes e desenvolvimento de doenças gengivais. “A indicação de
uma prótese fixa está diretamente relacionada com a capacidade do idoso
conseguir realizar uma higiene adequada em casa para manter a saúde gengival”,
diz Denise. “Está provado cientificamente que doenças gengivais podem
significar um fator de risco para declínio cognitivo e comprometimento
sistêmico da saúde do paciente”, explica.
Segundo Denise, a procura de pacientes idosos por
atendimento odontológico e por próteses dentárias têm aumentado e a associação
entre velhice e perda dos dentes está desaparecendo. “A procura por próteses
pelos idosos é alta. O mito que a perda dos dentes faz parte do
envelhecimento está se esvaindo”, completa a cirurgiã-dentista.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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