Nove em cada dez pessoas que têm a doença ignoram este fato, segundo a OMS
O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28 de julho) é o ponto central da campanha do Julho
Amarelo, que visa alertar a população sobre essa doença frequentemente
assintomática. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as hepatites
B e C afetam 325 milhões de pessoas no mundo e, dessas, 290 milhões desconhecem
que têm a doença, ou seja 9 em cada 10. “Esses números são alarmantes,
considerando que a hepatite é evitável, tratável e tem cura”, afirma o dr.
Moacir Augusto Dias, gastroenterologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção).
Antes da pandemia da Covid-19, a hepatite era a
segunda causa de morte entre as doenças infecciosas, com a tuberculose em
primeiro lugar. “O termo hepatite refere-se a uma inflamação do fígado, que
pode ser provocada por vírus, consumo abusivo de álcool, drogas e medicamentos;
além de causas genéticas, metabólicas e por doenças autoimunes”, explica o
médico.
A transmissão da hepatite A e E está muito
relacionada a condições inadequadas de saneamento básico, pois é decorrente da
ingestão de alimentos e água contaminada por fezes de pessoa com hepatite. “Os
tipos B, C e D ocorrem pela troca de fluidos corporais, como no contato sexual
e de sangue, pelo compartilhamento de alicates de unha, lâminas de barbear e
agulhas, caso das tatuagens, piercings e drogas injetáveis. Além da transmissão
materno-fetal. As hepatites A e B são as únicas para as quais existem vacinas.
Como a hepatite D necessita do vírus da B para se desenvolver, a vacina contra
a hepatite B acaba por também proteger contra o tipo D”.
Os sintomas das hepatites são cansaço, febre,
mal-estar, tonturas, enjoo, vômito, dor na parte superior do abdômen, na região
do fígado; urina escura e fezes claras, como massa de vidro.
O sinal mais característico é a icterícia, que
corresponde à coloração amarelada dos olhos e da pele. “A questão é que algumas
pessoas não apresentam esse quadro e são designadas como anictéricas, ou seja,
não desenvolvem esse ‘amarelão’. Daí convivem com a hepatite sem saber”,
destaca dr. Moacir. Segundo o Ministério da Saúde, este é o caso de mais de 500
mil pessoas no Brasil contaminadas pela hepatite C e que desconhecem essa
condição.
Em alguns casos, como nas hepatites A e E, a cura
pode ser espontânea, sem necessidade de medicação. O Seconci-SP realiza os
testes para detectar a doença. Uma vez confirmada, a notificação é compulsória
e o paciente é encaminhado para um dos Centros Estaduais de Referência para
Tratamento de Hepatite, onde serão feitos outros exames, como o da carga viral
e distribuídos os medicamentos gratuitamente.
“A
complicação mais temida da hepatite é se tornar crônica ou se apresentar na
forma fulminante. Os tipos B e C podem ainda evoluir para cirrose e câncer no
fígado. Nos exames de rotina, como os periódicos, por exemplo, pode-se incluir
o exame de sangue para detectar se a pessoa teve ou tem hepatite. Diante do
resultado, o médico pode tomar a conduta adequada para tentar evitar que a
doença traga consequências indesejadas”, destaca o dr. Moacir.
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