A Sociedade Brasileira
de Dermatologia (SBD) divulga nesta quarta-feira (2) esclarecimento à população
sobre fungo causador de micoses que, de acordo com relatos clínicos
científicos, podem afetar pacientes de covid-19 com problemas respiratórios e
na pele. Segundo o Departamento de Micoses da SBD, a chamada mucormicose é uma
doença oportunista que, em geral, não tem potencial patogênico. Ou seja,
pessoas sadias entram em contato com os fungos, mas não ficam doentes. Contudo,
organismos debilitados ficam suscetíveis a maiores complicações.
"O conhecimento
da doença e dos fatores predisponentes, como o descontrole da glicemia e da
cetoacidose, facilitam o diagnóstico e o tratamento precoces da mucormicose.
Esse é o principal aliado para salvar vidas, pois essa micose oportunista tem
progressão rápida e é muitas vezes fatal, com mortalidade em 40-50% dos casos.
No Brasil, outras doenças do mesmo tipo, como a aspergilose invasiva e a
candidíase sistêmica, são mais comuns do que a mucormicose nos pacientes com
covd-19, sendo que também exigem atenção semelhante", disse a coordenadora
do Departamento de Micoses da SBD, Rosane Orofino.
Grupo de risco - Os indivíduos mais
vulneráveis à mucormicose são portadores de diabetes melito descompensado ou
com cetoacidose. No grupo de risco, ainda estão usuários de corticoides de
forma prolongada, além de pacientes com alguns tipos de câncer, queimados
graves, portadores de feridas abertas e transplantados de órgãos sólidos. O
aumento do ferro sérico e a diminuição dos linfócitos, que ocorrem na covid-19,
também são fatores que predispõem a essa micose oportunista.
"Há algum tempo a
Índia vem relatando aumento dos números da mucormicose e curiosamente é também
o segundo país em casos de diabetes melito do mundo, o que pode ser fator de
predisposição ao seu surgimento. Dos 101 casos dessa micose oportunista
relacionados à covid-19 descritos recentemente, 82 deles aconteceram na
Índia", lembrou Rosane Orofino.
A apresentação clínica
mais frequente da mucormicose é rino-ocular. Começa com edema (inchaço) e
endurecimento da região nasal ou em volta dos olhos, dor na face e secreção
nasal sanguinolenta. Essa doença pode rapidamente progredir para lesão cerebral
e morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoces. Os fungos entram nos
vasos sanguíneos, causam embolia e infarto, levando à necrose tecidual. A
maioria dos casos que chegam a acometer o cérebro são fatais. Pode ainda ter
acometimento pulmonar ou de outros órgãos.
Sintomas - Quando acomete os
pulmões, os sintomas da mucormicose são parecidos com os da covid-19 (febre,
tosse e falta de ar). O uso de corticoides, usados para diminuir a inflamação
intensa em pacientes com o coronavírus, também pode ser um dos fatores
envolvidos no aparecimento dessa micose oportunista.
Sobre o tratamento, a
SBD explica que ele consiste na retirada cirúrgica do tecido necrosado e
infectado (desbridamento), o que ajuda na melhoria da cicatrização e na
diminuição de secreções. Ainda é recomendado o emprego de antifúngicos
sistêmicos em ambiente hospitalar, como anfotericina B, posaconazol e
isavuconazol.
Os fungos da Ordem
Mucorales são adquiridos pela inalação de conídios (esporos). Estão presentes no ar,
solo, material orgânico em decomposição e contaminam alimentos como frutas,
pães etc. Os
principais são Rhizopus sp, Mucor sp, Lichtheimia sp, Rhizomucor sp,
entre outros, que não são pretos, como vem sendo divulgado pelos meios de
comunicação. "Talvez a cor escura da lesão da pele e mucosa decorrente da
necrose do tecido tenha levado a esse termo equivocado", ressaltou a
coordernadora do Departamento de Micoses da SBD.
360° Comunicação Integrada
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