E como era antes? Como a escola entendia a relação com a família? E como as famílias se relacionavam com os processos de aprendizagem de seus filhos? A relação entre escola e família poderá ser um dos legados positivos para o pós-covid-19, afinal, todos devem concordar que vivemos um momento de mudanças significativas e de muitas adaptações, seja no campo educacional, das relações ou dos espaços de convivência entre pais e filhos.
Temos uma valiosa oportunidade de pensar em tudo
isso que estamos vivenciando. Identificamos novos caminhos e novas
possibilidades de estar mais próximos, de realizar um trabalho muito mais
afinado no que se refere à educação dos nossos filhos. Ao mesmo tempo, será muito
importante ter a clareza e a resiliência para, quando isso tudo passar, não
esquecermos de tudo que aprendemos. Não devemos – e não podemos – voltar ao
ponto de antes, a ser os mesmos e desperdiçar o que essa “crise” nos ofereceu
em termos de mudanças nessas relações.
Educar sempre esteve no escopo dessas duas
instituições: família e escola. Afinal, elas sempre tiveram o mesmo objetivo:
preparar os filhos para o mundo. A própria palavra traz isso em seu
significado: educar vem do latim educare ou educere, que
significa 'conduzir para fora', ou seja, dar condições para que nossas crianças
e jovens sejam seres humanos felizes e capazes de exercer sua cidadania. Se
queremos a mesma coisa, precisamos fazê-la juntos!
De um lado, a família, que traz o significado de
amor, acolhimento, sustento e transmissão dos valores que fazem parte das suas
crenças. Do outro, a escola, terreno fértil do aprender, espaço de
desenvolvimento, da descoberta, do respeito às diferenças e oportunidades de
convivência em sociedade. Partes de um todo que se complementam, se fortalecem
naquilo que é essencial na vida das crianças: preparação para o mundo.
E como unir e alinhar tudo isso? Será que é
possível? Trazendo essa reflexão para o momento atual da pandemia, de ensino
remoto ou híbrido, essa união e parceria mais do que nunca se fez presente e
tornou-se realidade. A escola entrou nos lares e fez um chamado às famílias,
quase uma convocação! Na verdade, família e escola entenderam que o momento
pandêmico forçou uma nova forma dessas duas instituições se relacionarem.
Relação mais próxima e sinérgica, que há muito tempo se desejava. Pais, filhos
e escola agora caminham juntos, lado a lado, em uma construção de um processo
de aprendizagem que ganhou novos olhares, novos significados, novos formatos.
Nunca se falou tanto em engajamento nas atividades
escolares e, ao mesmo tempo, em distanciamento social. Dois opostos que se
intensificam e ressignificam diariamente. Pais e filhos hoje sentam juntos para
fazer a tarefa de casa, lêem e interpretam os textos, ampliam e discutem os
conteúdos que estão sendo abordados, trocam ideias sobre o que entenderam nas
aulas, sentem as dúvidas e o prazer indiscutível de aprender juntos. Isso tudo
em uma medida muito maior de como acontecia antes.
Apesar de tantas dificuldades e desafios, o fato é
que isso está permitindo além de uma aproximação com a escola, conhecendo-a bem
mais de pertinho, identificar e entender melhor como o filho se torna aluno.
Isso é fantástico! Para qualquer educador, isso é genuíno e nos enche de
esperança e desejo de que tudo que estamos experimentando, mesmo numa situação
tão incomum, não será esquecido ou desaprendido. São muitos os desafios
enfrentados, tanto por professores quanto por familiares de alunos, mas tenho
certeza de que essa caminhada trouxe ganhos valorosos para escola e para a
família, e nada será como era antes.
Claudia Saad - gerente
pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.
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