A Air Products relembra a questão do chorume, um dos maiores poluidores do planeta, e como é possível tratá-lo de forma sustentável
Líquido escuro, viscoso, com uma quantidade de Demanda
Biológica de Oxigênio (DBO) – medida de poluição - aproximada de 1.000 mg/L, ou
seja, ainda maior que a do esgoto, o chorume é o resultado da decomposição e da
dissolução em água da matéria orgânica. Um dos maiores poluidores do solo,
quando o lixo é mantido a céu aberto, o chorume é também responsável
pela poluição hídrica, contaminando as proximidades de cursos d'água ou
lençóis d'água subterrâneos ou freáticos.
Na Semana Nacional do Meio Ambiente, iniciativa de
1981, que visa a incluir a sociedade na discussão sobre a preservação do
patrimônio natural brasileiro, a Air Products quer atentar ainda mais para este
que é um dos principais causadores de poluição da água e do solo.
“O chorume pode comprometer toda uma cadeia
alimentar devido à liberação de metano, nitrogênio e gás carbônico no solo,
água e no ar, mas felizmente, hoje, há maneiras de tratá-lo de maneira
sustentável”, diz Edson Basilio Gerente de Aplicações e Desenvolvimento da Air
Products.
A empresa, aliás, é uma das maiores especialistas
no tratamento de efluentes e atende diversos setores, sendo as indústrias de
curtumes, químicas, alimentícias e de celulose as maiores interessadas em razão
da grande geração de poluentes advindos de sua produção.
“A maior questão do tratamento de chorume não é a
falta de estações de tratamento ou a escassez de investimento. Algumas empresas
chegam a gastar uma fortuna e não têm o resultado esperado. O modo de
tratamento é que é fundamental”, explica Basilio.
O principal desafio, portanto, é a altíssima concentração
de nitrogênio amoniacal, que precisa ser removido e que demanda alto consumo de
oxigênio e conhecimento da cinética das reações microbiológicas.
“No chorume bruto, a concentração de nitrogênio
amonical é de cerca de 2.000 mg/l e precisa ser reduzido para de 5 a 20 mg/l;
uma eficiência de remoção mínima de 99%, que só pode ser obtida num processo
com alto teor de oxigênio e com o uso correto dos parâmetros de processo”,
descreve Fabio Mimessi, engenheiro especialista da Air Products.
Segundo ele, a chave para o tratamento ideal do
chorume está na utilização adequada do oxigênio. “Realizamos o processo, que no
nosso caso é biológico, em três etapas. A primeira é o tanque anóxido, ou seja,
com oxigênio zero. Em seguida, passamos o produto para um tanque aeróbico, onde
mantemos o oxigênio em níveis bem altos para alimentação do lodo biológico e,
finalmente, o líquido vai para um decantador, onde o lodo é retido, fazendo com
que possa retornar à estação de tratamento do efluente. A água tratada é
descartada, já sem perigo de toxicidade para os rios e seus peixes”.
“O segredo está na utilização correta do oxigênio,
uma vez que o chorume é uma das substâncias mais poluidoras e difíceis de
tratar. Enquanto o tratamento de outros produtos exige somente de 1 a 2 mg de
O2 por litro, o chorume requer de 3 a 6 mg de O2 por litro.
Além de gerar mais eficiência no tratamento, o uso
do oxigênio também reduz o consumo de eletricidade, sendo duplamente
sustentável. “A utilização de bons equipamentos de dissolução de oxigênio puro
ajuda a reduzir muito o consumo de energia elétrica e aumenta a capacidade das
estações de tratamento, sem necessidade de parar o tratamento por nem um dia
sequer”, conclui Mimessi.
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