terça-feira, 1 de junho de 2021

Os mitos sobre a criopreservação de óvulos

Especialistas respondem algumas questões que ainda são temas de reticências quanto ao congelamento de óvulos

 

O relógio biológico é cruel quando o tema é a qualidade dos óvulos. Muitas mulheres escolhem congelá-los para estarem mais tranquilas quanto ao assunto. A fertilidade da mulher diminui progressivamente após os 35 anos de idade. 

Pandemia, congelamento de óvulos e refletir sobre ter filhos no cenário atual. Esses temas ganharam as manchetes de muitos canais de comunicação pelo mundo, porém junto com esse boom de notícias, muitos conceitos errados foram transmitidos. Dois especialistas da área, Dr Emerson Barchi Cordts (ginecologista e doutor de medicina reprodutiva pela FMABC), e Ivan Henrique Yoshida (embriologista e mestre em genética reprodutiva pela FMABC), desmitificam aqui alguns deles.

 

Mito 1: O congelamento de óvulos é uma técnica aprovada para o uso ou é experimental? 

Atualmente, os estudos científicos indicam que o congelamento de óvulos é seguro, eficaz e não mais experimental.

 

Mito 2: Óvulos frescos são melhores do que congelados? 

As taxas de gestação obtidas com óvulos descongelados são similares àquelas obtidas com óvulos à fresco, que é o que acontece quando a paciente utiliza os óvulos no mesmo mês em que está fazendo o tratamento de fertilização in vitro. A técnica apresenta resultados de gestação tão bons, que tanto faz os óvulos serem congelados ou à fresco.

 

Mito 3: O bebê que nasce de um óvulo congelado pode apresentar algum problema de saúde? 

Não há evidências de que a estimulação ovariana e o congelamento de óvulos causem danos tanto a mulher quanto ao bebê. Diversos estudos demonstraram que não existem diferenças documentadas no risco de defeitos congênitos, anomalias cromossômicas ou complicações na gravidez ao usar óvulos congelados, quando comparados aos frescos.

 

Mito 4: o processo é doloroso e demorado? 

As medicações hormonais para a estimulação ovariana são de uso subcutâneo, aplicadas no abdome pela própria paciente utilizando um dispositivo próprio e indolor, por aproximadamente 10 dias.  Durante este período, o médico avalia o crescimento dos folículos, estruturas onde os óvulos ficam abrigados. Quando os folículos atingirem o tamanho ideal (18mm), o médico agendará o procedimento para captação dos óvulos, feito em ambiente cirúrgico, por via transvaginal, sem cortes e com a paciente sedada. A aspiração folicular dura aproximadamente 30 minutos, é sempre feita pela manhã e retornando as suas atividades normais no período da tarde. O tratamento todo dura 15 dias.

 

Mito 5: Este tratamento pode diminuir a minha capacidade de engravidar naturalmente? Posso ficar infértil ou reduzir a quantidade dos meus óvulos neste processo? 

A mulher nasce com todos os seus óvulos nos ovários. A partir da primeira menstruação, a cada mês, para ovular um único óvulo são gastos aproximadamente 1000. Isto é um processo de seleção biológica que ocorre mesmo quando a paciente utiliza anticoncepcional oral. Quando estimulamos a ovulação para congelar os óvulos conseguimos recuperar uma pequena parte dos óvulos que o organismo desperdiçaria de qualquer forma. Portanto, de maneira nenhuma o tratamento poderá causar infertilidade ou diminuir a reserva natural de óvulos.

 

Mito 6: O congelamento de óvulos é apenas uma opção para classes financeiramente abastadas ou mulheres com carreiras de elite? 

O tratamento para congelamento de óvulos deve ser visto como um investimento no futuro reprodutivo. Nos últimos anos a popularização e o uso crescente desta técnica tem reduzido os custos, embora os valores ainda sejam altos para boa parte da população, não possuem cobertura dos planos de saúde e nem do SUS.

 

Mito 7: O congelamento de óvulos é uma boa apólice de seguro para mulheres na casa dos 30 anos 

O congelamento de óvulos é a opção mais segura para a mulher que deseja adiar a maternidade. No entanto, não é uma garantia absoluta. Somente no momento em que os óvulos forem descongelados é que teremos certeza da sua sobrevivência. Quando a paciente desejar engravidar no futuro ela terá que passar por um tratamento de fertilização in vitro. A qualidade dos embriões que serão formados dependerá também da qualidade do sêmen do parceiro. Então, para que este seguro faça sentido a paciente deverá congelar uma quantidade adequada de óvulos.


 

Dr. Emerson Barchi Cordts - ginecologista e doutor de medicina reprodutiva pela FMABC


Ivan Henrique Yoshida - embriologista e mestre em genética reprodutiva pela FMABC



W.IN

@clinicaw.in

www.clinicawin.com.br


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