terça-feira, 29 de junho de 2021

Acidentes com queimaduras podem gerar mais de 5 mil vítimas anuais

Sociedade Bras. Cirurgia Plástica alerta para os tipos de queimaduras mais frequentes no país

 

A chegada do frio, associada a hábitos populares ligados aos festejos juninos, tendem a elevar o número de acidentes e vítimas de queimaduras, segundo alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A média de óbitos decorrentes desse tipo de ocorrência ultrapassa 5 mil vítimas anuais* – o equivalente a mais de 13 perdas diárias. A SBCP aponta que as principais causas de queimaduras são por fogo causado por álcool, escaldo (líquidos aquecidos) e por contato. A entidade acrescenta ainda que a maior utilização de álcool 70%, em decorrência de cuidados sanitários preventivos contra a Covid-19, e crescimento no uso de fogão à lenha por famílias mais pobres podem ampliar os riscos de acidentes.

 

Em função da crise sanitária deflagrada pela pandemia de Covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a comercialização de álcool 70% para fins antissépticas ou desinfetantes (por meio das RDC 350 e RDC 422). Por apresentar característica inflamável, a maior circulação e utilização do produto podem desencadear acidentes quando manuseado próximo ao fogo. Semelhante risco de queimadura por fogo pode ocorrer em razão das fogueiras típicas desse período do ano e também pela utilização de fogão à lenha por famílias com dificuldade de acesso a gás encanado ou de botijão.

 

O cirurgião plástico Dr. Luiz Philipe Molina Vana, regente do Capítulo de Queimaduras da SBCP, destaca que as queimaduras por escaldo são o tipo mais frequente em crianças. Elas ocorrem quando os pequenos alcançam ou manuseiam panelas com líquidos quentes – o que demanda maior atenção dos responsáveis em caso de crianças em casa, por conta do isolamento social. “Em caso de algum acidente, deve-se lavar a queimadura com água corrente, abundante e em temperatura ambiente. É fundamental não passar nada sobre a lesão, visto que alguns produtos podem aprofundar a queimadura ou demandar remoção para a devida avaliação médica, o que geraria ainda mais dor no paciente”. O médico salienta que toda queimadura precisa receber avaliação médica para a devida assistência. Ele explica que dependendo do local, profundidade ou extensão da queimadura, uma lesão aparentemente simples pode causar danos severos, como por exemplo, ao atingir regiões da boca, pálpebras, genitália, articulações e outras.

 

Outras queimaduras


Originadas pela temperatura e/ou tempo de contato a substâncias, elementos ou superfície geradora da lesão, as queimaduras podem se categorizar em primeiro, segundo ou terceiros graus, de acordo com sua extensão e profundidade – sendo a classificação inicial relacionada às mais superficiais e a última, as de maior severidade.

O Dr. Molina comenta que outros tipos de queimadura também são passíveis de grande número de lesões, sequelas e óbitos, ainda que se apresentem menos incidentes. É o caso das queimaduras por contato (que tendem a ocorrer em menor extensão do corpo, mas com maior profundidade), as químicas (comumente relacionadas a acidentes de trabalho), elétricas, por radiação e por frio. “Considerando ainda os acidentes domésticos, é muito importante atentar as queimaduras elétricas – que podem ocorrer ao acessar uma tomada ou mesmo por meio de linhas de pipa em contato com a rede de energia da região. A descarga elétrica tende a causar danos em todo o percurso do corpo por onde passa. Além disso, esse tipo de acidente pode gerar arritmia cardíaca. O que torna fundamental a imediata assistência e acompanhamento médico”.

 

Tratamento


O cirurgião plástico Dr. Molina explica que os tratamentos podem variar de acordo com o local e severidade da queimadura. Em caso de ocorrências superficiais, há o entendimento de dar suporte por meio da correta avaliação e realização de curativos. A assistência de lesões mais profundas comumente é realizada por meio de cirurgias de enxerto de pele. “O enxerto consiste na retirada de uma camada de pele fina e superficial do paciente para colocação na área afetada. O procedimento possibilita que o paciente tenha a menor quantidade possível de sequelas estéticas e funcionais”. Em casos de grande queimados (quando atinge mais de 20% de área corporal), pode-se empregar o transplante de pele (enxerto homógeno). A técnica consiste na realização de um curativo por meio de peles de doadores.

 

*Estimativa de estudo multicêntrico da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de Harvard e Sociedade Brasileira de Queimaduras.

 

Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica


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