Oferta ilimitada e não controlada
de alimentos é um dos fatores que mais preocupam Freepik
Ainda que as estatísticas não sejam precisas, há uma epidemia
paralelaa do coronavírus que é a da Obesidade Infantil. O problema não é
recente, mas foi agravado no cenário do longo distanciamento social e
interrupção das diversas atividades físicas realizadas com as crianças. Ao invés
disso, muitas passaram a ficar um tempo ainda maior em frente às telas de
computadores, tablets e smartphones.
Para o médico pediatra da Maternitá Saúde da Mulher e Pediatria,
Marcelo Porto, os erros mais comuns dos pais nesse período de pandemia e que
estão ajudando a aumentar assustadoramente os casos de obesidade infantil, são
a oferta ilimitada e não controlada de alimentos, especialmente guloseimas,
alimentos ultraprocessados e com excesso de carboidratos.
“É perceptível a falta de rotina alimentar e da imposição de
limites por parte dos pais. O fato das crianças e adolescentes estarem a maior
parte do tempo em casa, na frente de telas, seja em aula on-line, em atividades
sociais (conversando com amigos) ou jogando, fez com que o controle sobre o que
estão comendo e quanto estão comendo, tenha diminuído muito. Outro ponto é que
as crianças e adolescentes estão mais angustiados, ansiosos, com a situação da
pandemia, muitos sem entender o que está acontecendo, com medo do que pode vir
a acontecer e acabam descontando na comida”, explica.
Além disso, pais têm tido dificuldade de manejar a situação com
os filhos e acabam não colocando limites e até ofertando alimentos que acabam
engordando mais os filhos. Soma-se isso à falta de atividade física regular e o
problema torna-se maior ainda. Para o pediatra, Marcelo Pavese Porto, o retorno
das aulas presenciais pode ajudar por vários motivos.
“Vai diminuir a ansiedade e o tédio que as crianças e
adolescentes vinham enfrentando. Esta retomada vai reintroduzir a rotina na
vida deles, com horários e regras mais claras além de diminuir o apelo por
comer e vai possibilitar o reinício de atividades físicas para muitas crianças
que não estavam ativas”, finaliza.
Brasileiros são os que
mais ganharam peso durante a pandemia
O problema afetou, também, adolescentes, jovens e adultos.
Segundo dados da pesquisa Diet & Health Under Covid-19, realizada com
respondentes de 30 nações em todo o mundo, o Brasil ficou em primeiro lugar
entre as que mais acreditam ter mais engordado na pandemia. 52% declararam ter
aumentado de peso desde o início da disseminação da COVID-19 no país. Na média
global, pouco menos de 1 em cada 3 entrevistados (31%) engordou durante o
período. Logo atrás do Brasil, os países que mais lidaram com os quilos extras
foram o Chile (51%) e a Turquia (42%). No Brasil, foram 6,5 kg quilos a mais. A
pesquisa on-line foi realizada com 22.008 entrevistados, com idades entre 16 e
74 anos, de 30 países. Os dados foram colhidos de 23 de outubro de 2020 a 06 de
novembro de 2020 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
Marcelo
Matusiak
Nenhum comentário:
Postar um comentário