quinta-feira, 27 de maio de 2021

Educação no trânsito deve começar nas escolas

Em evento da AMRIGS, especialistas em Medicina do Tráfego alertam sobre a importância de conscientizar a sociedade


Nesta terça-feira (25/05), a Associação Médica do Rio Grande do Sul realizou mais uma edição virtual do Ciclo de Palestras AMRIGS, desta vez com o tema “Trânsito no Brasil: uma questão de saúde pública”, alusivo ao movimento Maio Amarelo, campanha de prevenção de acidentes de trânsito. O evento gratuito contou com a mediação do médico especialista em Medicina do Tráfego e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego do RS (ABRAMET RS), Dr. Ricardo Hegele, e também com a participação dos especialistas em Medicina do Tráfego, Dr. Juarez Molinari e Dr. Fábio Caldana.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano e a segunda maior causa de morte externa no Brasil. Ainda de acordo com os dados, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem, no mundo, por ano, em acidentes de trânsito, e metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. Conforme comentou Hegele, a educação continuada é fundamental para conscientizar a sociedade.

“Necessitamos fazer deslocamentos diários, seja para ir ao trabalho ou atividades de lazer, e já corremos o risco de nos envolver em sinistros de trânsito. A principal vítima do trânsito hoje é o homem na faixa etária de 20 a 29 anos e os principais fatores ainda são o excesso de velocidade e álcool, sem contar o uso de smartphones que hoje contribuem para a distração. É preciso investir mais na educação e na prevenção, pois o código de trânsito brasileiro é bastante educativo e rígido, mas não é seguido”, afirmou.

Os especialistas destacaram a importância da instauração de leis mais rígidas, como a Lei Seca, a do cinto de segurança ou da cadeirinha, que reduziu em torno de 20% o número de mortes de crianças. Novas regras para o uso do capacete, segundo eles, também apresentaram resultados positivos e contribuíram para a redução de mortes no trânsito.

O especialista em Medicina do Tráfego, Dr. Juarez Molinari, reforçou que o compromisso de educar e sensibilizar a sociedade para a problemática do trânsito deve partir de cada um.

“O pediatra pode educar a criança a usar a cadeirinha, por exemplo. Não precisa esperar que o guarda de trânsito faça isso. Todas as especialidades devem estar orientadas para ajudar. Lamentavelmente, os números vão além das estatísticas. Além das mortes, as internações muitas vezes são demoradas e os custos hospitalares e materiais chegam a dezenas de bilhões de reais, eles representam 2% do PIB brasileiro. É necessária uma formação sobre o trânsito desde o início escolar”, alertou.

Para o Dr. Fábio Caldana, especialista em Medicina do Tráfego, a tecnologia já contribuiu para a redução das fatalidades ou para menor gravidade de lesões. Mais do que controlar a velocidade e beneficiar no monitoramento, ela atua de forma direta na segurança e qualidade de vida das pessoas.

“O airbag, por exemplo, até a década de 80 não era um item obrigatório. O encosto de cabeça, capacete e cinto de segurança, por uma questão de normalização, hoje trazem aporte e diminuem consideravelmente o número de óbitos. Os avanços tecnológicos precisam estar alinhados com uma educação no trânsito. Não vamos diminuir os números se não tivermos na escola uma instrução neste sentido”, ressaltou.



Fernanda Calegaro


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