quinta-feira, 29 de abril de 2021

Taxa Selic: Copom se reúne na próxima semana

Especialistas comentam sobre expectativas em relação à próxima reunião que definirá a taxa de juros


Na próxima semana, nos dias 4 e 5 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir a nova taxa de juros Selic. Na última reunião, que ocorreu em março, o comitê optou por romper a mínima história de 2% e iniciar um clico de alta da taxa, que alcançou o patamar de 2,75%. Segundo o boletim Focus divulgado no último dia 26 de abril, a expectativa é que a Selic continue a subir e chegue até o final do ano a 5,50%.

A inflação, um dos principais motivos que justificam a alta dos juros, continua acelerada. Em março, por exemplo, o IPCA subiu 0,93%, a maior alta para o mês desde 2015.

Para Rossano Oltramari, sócio e estrategista da 051 Capital, se as expectativas inflacionárias continuarem a se deteriorar semana após semana, o Banco Central pode ter que elevar os juros de forma mais intensa e prolongada do que o previsto para o ano todo.

"O Banco Central não consegue mais segurar os juros em patamares baixos e iniciou o ciclo de alta nos juros muito em função das pressões inflacionárias e deterioração da inflação. Um dos principais componentes que impacta os juros é o ciclo de alta das commodities, como soja, milho, trigo e carne, que estão subindo fortemente no mundo todo, Tivemos uma desvalorização cambial muito forte no último ano, o que traz pressão inflacionária grande, principalmente em relação a componentes importados", explica.

Além disso, a vacinação caminhando a passos lentos, as medidas de restrição, a taxa de desemprego alta no país e a insegurança em relação aos gastos fiscais são assuntos que os especialistas do Banco Central observam com atenção: "Isso não significa que os juros nunca mais vão voltar a cair, temos que observar os dados de inflação para entendermos os próximos movimentos da política monetária".

Para João Beck, sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos, a alta do dólar também causa impacto na inflação, que se deteriora e contribui para a elevação dos juros. "Em parte causada pelo aumento de taxas de juros nos EUA e noutro espectro pelo aumento do risco fiscal local. Os EUA vivem uma dobradinha de forte expectativa de crescimento do PIB combinada com projeção alta de taxas de juros. O Brasil ainda se arrasta no tema crescimento e reduziu muito a taxa de juros. É natural que o dinheiro saia daqui. Isso tem que ser ajustado com dólar mais alto e taxa de juros mais alta. Precisamos ficar baratos e remunerar bem o investidor para que ele não saia", explica Beck.

Além disso, segundo João, tem contribuído para a inflação a retomada da economia antes do esperado: "As cadeias de produção ficaram desabastecidas. Com a descoberta e distribuição da vacina, a demanda por bens e serviços sobe e as cadeias de produção desabastecidas aumentam preços. Preço de commodities diversas subiram no passado recente".

Segundo Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, o mercado entende que já passou a necessidade de manter os juros tão baixos nesse momento de pressão inflacionária. "Vamos ver se, com a mudança de patamares de juros, podemos trazer mais capital estrangeiro para dentro do país e maior valorização para o real", completa.


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