Cirurgiã-dentista
fala sobre os impactos de medicamentos na boca e como fugir de possíveis
problemas odontológicos
É bastante comum ouvir falar que medicações podem
causar manchas e lesões de cárie nos dentes, principalmente na infância. Mas,
apesar desses serem os inconvenientes à saúde bucal mais relatados em
decorrência do uso de medicamentos, eles não são os únicos. Além do mais, as
consequências não são só para as crianças. É o que revela o Conselho Regional
de Odontologia de São Paulo (CROSP).
A odontopediatra e conselheira do CROSP, Sandra
Kalil Bussadori, explica que a ‘boca seca’ também costuma ser uma condição
relacionada ao consumo de algumas medicações. “A xerostomia, que é a sequidão
na boca, é o efeito colateral mais comum e que não está relacionado
necessariamente à faixa etária do paciente, mas possivelmente ao uso de
antialérgicos, descongestionantes, analgésicos, diuréticos, anti-hipertensivos
ou antidepressivos”.
Inflamações, ulcerações, dormências, formigamentos,
alterações de paladar e sangramentos ao escovar os dentes ou ao usar o fio
dental também precisam ser observados. “Nesses casos, é recomendado procurar o
médico ou cirurgião-dentista o quanto antes”, sugere a especialista.
Mas então, por que é tão falado que remédios podem afetar a saúde dos dentes das crianças?
Isso acontece porque o tratamento de algumas doenças com uso de
antibióticos à base de tetraciclina provoca o escurecimento dentário na
infância. “A intensidade do escurecimento depende da idade do paciente e da
quantidade administrada da droga, mas sim, é verdade que essa substância pode
manchar os dentes porque ela impregna nos tecidos dentários causando, com
grande frequência, manchas amareladas ou castanhas”, detalha.
A faixa etária interfere pois é durante a fase
infantil que acontece a odontogênese dos dentes permanentes, ou seja, é o
período em que os dentes permanentes são formados. “Na própria bula é
evidenciada a não recomendação para crianças menores de 8 anos de idade ou
gestantes na segunda metade da gravidez”, afirma Sandra. Existem outras opções
mais seguras e eficazes que podem substituir a tetraciclina e não oferecem
risco de manchamento dos dentes, podendo ser utilizadas, inclusive, pelas
crianças. “É o caso do clindamicina, da azitromicina e do rocefin, por
exemplo”.
E a cárie?
Se o remédio tem açúcar em sua composição para tornar a ingestão mais
agradável, como os xaropes, há sim potencial de desenvolver lesões de cárie. “Para
evitar esse problema, é essencial uma higienização adequada após cada dose e um
cuidado especial enquanto a criança estiver doente”, recomenda a
cirurgiã-dentista.
O que pode aumentar o risco de disfunções bucais
não é o princípio ativo do medicamento, ou seja, a substância da qual ele é
formado, mas sim a forma como é administrado. “Soluções adocicadas ou ácidas
aumentam as chances de cárie e de inflamação gengival. Se a mesma medicação for
administrada em cápsulas, comprimidos ou injeções diminui-se o risco de
prejudicar a saúde bucal do paciente”, conclui.
Assim como nos demais tratamentos de saúde, na
Odontologia o acompanhamento por um profissional habilitado é o que pode
garantir melhor qualidade nos resultados e no bem-estar de cada paciente.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)
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