Brasileiros estão reféns de empréstimos e com a vida financeira cada vez mais comprometida
O
endividamento do brasileiro bateu recorde na pandemia, atingindo 66,5% das
famílias. A inadimplência também cresceu, atingindo 24,8% do público, segundo
dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor,
divulgados em fevereiro. Sair desse ciclo de fazer dívidas para pagar outras
dívidas requer disciplina, mas o especialista em planejamento financeiro Hilton
Vieira dá sete dicas que vão ajudar a organizar seu orçamento. “Antes de
renegociar as dívidas, é preciso ter a consciência de que está endividado e que
precisa tomar decisões para sair desse estágio. Fazer uma dívida para comprar uma
casa, por exemplo, não é algo ruim. O problema é não conseguir pagar as contas”,
explica Vieira.
O
primeiro passo é ter a dimensão exata dos seus rendimentos. É preciso fazer o
orçamento, no caso dos assalariados, com base no salário líquido. “No caso dos
autônomos, tire 20% da média dos rendimentos para evitar cálculos errados. A
matemática é simples: seus gastos não podem ser mais altos que a sua receita,
daí a importância de ter uma receita, seja pelo autoemprego ou outra fonte, e
quem sabe até mais de uma fonte para garantir o equilíbrio”,
diz.
Pandemia ampliou os níveis de endividamento dos brasileiros |
Elencar todos os gastos é essencial para planejar o
orçamento, só assim é possível identificar despesas que podem ser revistas ou
eliminadas. “Aqueles gastos sazonais, como pagamento de IPTU,
IPVA, matrícula e material escolar devem ser previsionados para que, no início
do ano, não provoquem um rombo no orçamento. Uma opção interessante é somar os
gastos e dissolvê-los em parcelas mensais que podem ser depositadas em uma
aplicação para quitar os débitos à vista, se o desconto valer a pena, ou
garantir a renda para pagar o parcelamento", ensina.
O
especialista diz que é importante que todos os membros da família saibam da
situação para que possam ajudar. O próximo passo, orienta, é renegociar e
priorizar as dívidas e estabelecer metas de gastos. “Cortar
cartões extras é recomendado, mas o fundamental é fazer um controle detalhado e
diário de todos os gastos”, afirma.
Vieira
explica que é importante estabelecer metas diárias de gastos. “Isso
aumenta a capacidade de gestão e organização financeira, evitando surpresas no
final do mês. Por exemplo, se você determina que vai gastar R$ 800 de almoço
por mês, só pode usar R$ 26 por dia. No fim de um dia, se você já tiver gastado
os seus R$ 26, entenda que aquele café de R$ 4 não poderá ser consumido. Ou
você controla as suas despesas ou elas controlam você”,
afirma.
Esse
acompanhamento pode ser feito por vários métodos. Da velha e conhecida planilha
até os mais sofisticados aplicativos. No entanto, Vieira diz que o fundamental
é manter o controle sempre em dia. “Num primeiro momento, a pessoa alimenta aquela
planilha de forma brilhante, mas logo deixa de colocar os dados e a planilha
vira algo inútil. O uso de um caderno pode ser uma estratégia interessante, já
que sempre fica à mão e pode ser alimentado a qualquer instante”,
diz. Aplicativos também são eficientes. “A melhor ferramenta para um
orçamento familiar adequado. Você consegue alimentá-los a qualquer instante e
eles já dão todos os dados necessários de controle”.
Sete dicas para sair das dívidas
1)
Aceite o fato de que está endividado e peça ajuda da família para economizar e
cortar despesas.
2)
Tenha a dimensão real dos seus rendimentos e despesas, coloque tudo no papel.
3)
Renegocie prazos e juros das dívidas, mas se certifique de que as parcelas
caibam no seu orçamento.
4)
Estabeleça metas para cada tipo de despesa, como alimentação, moradia,
transporte, educação e saúde.
5)
Use uma ferramenta prática para gestão das receitas e despesas.
6)
Corte contas e cartões, que dão a falsa impressão de que você possui mais
recursos do que realmente têm.
7)
Priorize as dívidas, pague antes as que têm as maiores taxas de juros.
Hilton Vieira -
especialista em gestão de risco e planejamento
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