Câncer colorretal causa cerca de 163 mil mortes e 686 mil internações hospitalares no Brasil, em dez anos
No Brasil, entre 2010
e 2019, foram identificadas 162.790 mortes causadas pelo câncer colorretal
(CCR). Os registros de internação trazem números ainda mais impressionantes:
foram 686.142 hospitalizações só no Sistema Único de Saúde (SUS) para
tratamento dessa doença em todo o País, entre 2011 e 2020, com impacto
financeiro da ordem de quase R﹩ 2 bilhões, e prejuízos imensuráveis para milhares famílias
brasileiras.
Os números foram
divulgados pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), que, em
razão da Campanha Março Azul, analisou as bases oficiais de informação
para alertar a sociedade sobre a necessidade de prevenção. Apesar de pouco
discutida, a doença - que atinge o reto e intestino - já ocupa o segundo lugar
no ranking de neoplasias mais letais para homens e mulheres no Brasil.
"O diagnóstico de
câncer colorretal não é sentença de morte! No entanto, é um problema de saúde
que, se não for bem tratado, pode ter consequências sérias para o bem-estar do
paciente", alerta o presidente da SOBED, Ricardo Anuar Dib. Para ele, além
de serviços que ofereçam acesso ao atendimento qualificado no diagnóstico e no
tratamento, é preciso investir em estratégias de prevenção. "Quanto mais
cedo forem descobertos, maiores são as possibilidades de intervenção e
cura".
Os dados de mortalidade
decorrentes desse tipo de neoplasia, compilados pela SOBED, indicam que,
somente em 2019 (último dado disponível), foram registrados 19.685 óbitos por
câncer do cólon, da junção retossigmoide e do reto. Os casos aumentam, em
média, cerca de 5% a cada ano, tendo sido observado um crescimento de 51% em
relação aos casos registrados em 2010 (13.070).
Entre os estados, em
termos absolutos, os que mais registraram óbitos em decorrência do câncer
colorretal na última década foram: São Paulo (51.287 mortes); Rio de Janeiro
(21.131); Rio Grande do Sul (15.880); Minas Gerais (15.112); e Paraná (11.045).
Os estados menores, registraram também o menor volume de óbitos: Amapá (136),
Roraima (137) e Acre (177).
CONFIRA AQUI OS REGISTROS DE ÓBITOS POR
ESTADO
Internações - A análise da SOBED
permite, ainda, identificar o impacto da doença no atendimento hospitalar.
Apesar da pandemia de COVID-19, que, em muitos casos, baixou o número de
internações decorrentes de outras doenças no ano passado, em dez estados houve
aumento nas hospitalizações para tratamento do CCR. O maior aumento
proporcional aconteceu em Goiás, onde a quantidade de internações passou de
1.230, em 2019, para 1.598, em 2020 - salto de 30%.
De 2011 a 2020, São
Paulo aparece como o estado com mais registros: foram 171.174 hospitalizações.
Na segunda posição, figura o Paraná, com 94.206 ocorrências. Logo após, Minas
Gerais com 90.462 internações de pacientes para tratamento de câncer
colorretal. Na quarta e quinta posição, estão respectivamente: Rio Grande do
Sul (72.525 casos) e Rio de Janeiro (44.223).
Segundo o coordenador
da Campanha Março Azul e presidente da Comissão de Ações Sociais da
SOBED, Marcelo Averbach, o Brasil precisa investir em ações de prevenção e,
assim, evitar que pacientes precisem ser internados. "Existem métodos
diagnósticos de menor complexidade e que podem ser oferecidos de forma
sistematizada pelo SUS para rastrear pacientes mais propensos a desenvolver
esse tipo de câncer. Quando alterações no reto e intestino são diagnosticadas
em estágios iniciais, há possibilidade de intervir precocemente e prevenir uma
evolução desfavorável, na maioria dos casos", explica.
CONFIRA AQUI OS REGISTROS DE INTERNAÇÕES
POR ESTADO
Pandemia derruba 23%
da demanda por exames de sangue oculto e 31% das colonoscopias no SUS
Por apresentar poucos
sinais em estágios iniciais, o câncer colorretal (CCR) deve ser rastreado
periodicamente em homens e mulheres, a partir dos 50 anos de idade. Essa
investigação acontece, basicamente, por meio da realização de dois exames, que
podem ser decisivos para salvar a vida do paciente: a pesquisa de sangue oculto
nas fezes e a colonoscopia.
Segundo o presidente
da SOBED, Ricardo Dib, apesar de ser um procedimento simples, o exame que
investiga a presença de sangue nas fezes ainda é requisitado de forma
insuficiente no Brasil. "Embora tenha aumentado o número de solicitações
ao longo da última década, o volume ainda está aquém do adequado, se
considerada toda a população brasileira dentro da faixa etária elegível ao
rastreio", comenta.
O cenário se tornou
ainda mais crítico devido à pandemia de COVID-19. Em 2020, o número de exames
de sangue oculto nas fezes caiu 23% em relação a ano anterior. Em números
absolutos, foram realizados aproximadamente 350 mil exames a menos. O impacto
dessa redução foi mais sensível no estado que, historicamente, ocupa o primeiro
lugar em quantidade desse tipo de exame: Minas Gerais, que deixou de realizar
pelo menos 41.562 rastreios. Na sequência, aparecem Sergipe (menos 1.782), Rio
Grande do Norte (1.091), Amazonas (1.043) e Rio de Janeiro (762).
CONFIRA AQUI AS PESQUISAS DE SANGUE
OCULTO POR ESTADO
Já a colonoscopia,
exame indicado aos pacientes em que existe uma suspeita diagnóstica, apresentou
uma queda percentual ainda mais significativa no ano da pandemia. Foram menos
106.030 procedimentos, em comparação com 2019 - uma redução de 31%. Os estados
com os maiores declínios foram: São Paulo, com 35.511 colonoscopias a menos;
Rio de Janeiro, menos 8.762; Minas Gerais, 8.339; e Rio Grande do Sul, 7.392.
"É preciso
mobilizar toda a sociedade para reverter com urgência essa grave situação.
Apenas ampliando o acesso aos procedimentos diagnósticos, será possível reduzir
os altos números de mortes e hospitalizações verificados no Brasil. Nesse
sentido, o apelo da SOBED neste Março Azul também é direcionado aos governantes
e gestores públicos. Para que os pacientes tenham chances efetivas de tratamento
e cura, é imprescindível a elaboração de políticas de saúde com foco no
tema", conclui Marcelo Averbach.
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