Apesar de disputa político-jurídica, temos de estar prontos
para o retorno das aulas presenciais nas redes pública e privada
Desde o final de
janeiro uma briga entre as esferas políticas e jurídicas tem causado grande
confusão, ora liberando o retorno das aulas nas redes pública e privada do
estado de São Paulo, ora proibindo a reabertura das escolas.
Dr. Paulo Telles,
pediatra da SBP, destaca a importância de levar em consideração estudos e
pesquisas sobre o efeito nocivo da falta das aulas presenciais nas crianças de
todo o país. "Infelizmente, o assunto passou da esfera técnica de educação
e saúde para a esfera política e jurídica", destaca.
O pediatra lembra
que, novamente, o Brasil vai amargar no ranking do país com mais tempo de
escolas fechadas e que o investimento na primeira infância não é a prioridade
de algumas esferas da sociedade. "E, para maior espanto, o grupo que segue
tentando manter as escolas fechadas é o Sindicato dos Professores, que lutam
para ser prioridade na fila das vacinas, sem lembrar de que já estão, atrás
apenas dos profissionais de saúde, idosos e grupos de risco. Querem ser
prioridade, mas não se consideram serviço essencial quando o assunto é a volta
ao trabalho presencial", diz Dr. Paulo.
O pediatra ressalta
o respeito e a admiração à grande maioria dos professores que, durante a
pandemia, trabalharam muito e desejam o retorno às escolas com segurança.
"Vejo o governo de SP e seu secretário de educação, Rossieli, lutando
pelas crianças, tentando melhorar a situação e se baseando sempre em ciência
para ajustar seus protocolos, mas não podemos deixar que problemas de governos
anteriores, que talvez nunca tenham priorizado os professores e a educação,
sigam atrapalhando a volta às aulas em um momento tão delicado", critica
Dr. Paulo.
A decisão de adiar o
retorno às aulas, segundo o médico, não citou a saúde infantil e ignorou
questões importantes já sabidas pelos médicos, como depressão, ansiedade,
obesidade, auto flagelação, violência doméstica, acidentes domésticos, gravidez
na adolescência, maior taxa de suicídio, maior taxa de evasão escolar, e sem
dúvidas perdas no desenvolvimento infantil que jamais serão revertidas.
O risco de
contaminação existe e não deve ser ignorado, em especial aos que dependem do
transporte público, mas não é uma exclusividade dos professores. "Todos os
que saem de casa desde o início da pandemia correm esse risco: médicos,
enfermeiros, auxiliares, motoristas, cobradores, policiais, bombeiros, caixas
de supermercado, comerciantes, farmacêuticos, enfim, todos os que lutam para
sobreviver e manter seus empregos e a sociedade em movimento se expõem de
alguma forma."
Dr. Paulo lembra que, desde setembro, cerca de 1,7 mil escolas do estado
abriram sem que houvesse algum caso de transmissão nesses ambientes.
"O caminho é
este: deixar escolas abertas e fechar, se preciso, os demais serviços. Com
protocolos, a taxa de transmissão nas escolas é baixa. Vale lembrar q ao
investir na educação estamos investindo no futuro do país, e estamos precisando
muito disso, quem sabe assim mudamos nosso rumo como nação", diz Dr.
Paulo, que indignado pergunta o que justifica manter escolas fechadas e outros
inúmeros estabelecimentos abertos.
Dicas para um
retorno seguro
Dr. Paulo Telles
também deixa algumas dicas importantes para pais, professores e cuidadores
sobre o retorno à vida escolar:
- Distanciamento físico - distanciamento de 1,5m entre as pessoas, com exceção
das crianças da educação infantil.
- Higienização de
ambiente e mãos: antes de cada turno, as salas devem ser bem limpas e, os
banheiros, a cada 3h, além de na abertura e fechamento unidade.
- Lavar as mãos com
água e sabão ou higienizar com álcool em gel 70% ao entrar e sair da escola, ao
mudar-se espaço e antes das refeições.
- Incentivar a
lavagem de mãos/ higienização com álcool em gel após tossir, espirrar, usar o
banheiro, tocar em dinheiro, manusear alimentos, manusear lixo ou objetos de
trabalho compartilhados, tocar em superfícies de uso comum, e antes e após a
colocação da máscara.
- Barreiras: uso de
máscaras para menores de 2 anos: não recomendadas. De 2 a 5 anos: incentivar o
uso com supervisão constante e se a criança bem adaptada. 6 a 10 anos:
incentivar o uso. Maiores de 10 anos e adultos: obrigatório!
- Bolhas: são os
grupos de alunos, professores e funcionários que estarão em contato direto no
mesmo ambiente, sempre e somente, entre si. Não permitir que pais ou familiares
entrem na escola.
- Ventilação: manter
salas, bibliotecas e demais espaços sempre abertos e bem ventilados.
- Monitoramento e
identificação dos suspeitos. Orientar muito bem sobre sintomas suspeitos,
quando afastar e investigar.
- Treinamento de
toda equipe e funcionários da escola.
Dr. Paulo Nardy Telles -
CRM 109556
@paulotelles • Formado pela Faculdade de
medicina do ABC • Residência médica em
pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em
Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em
Pediatria pela SBP • Título de
Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no
hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário