sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Fatores psicológicos e ambientais também influenciam no desenvolvimento de LER/Dort

Domingo é o Dia Mundial de Combate à LER/Dort, problema que têm aumentado no Brasil nos últimos anos
Divulgação

Especialista explica o que é preciso estar atendo em relação ao problema, que ainda afasta muitos profissionais do trabalho


Se você sente sensação de fadiga muscular e cansaço constante; seguida pela presença de dor nos membros superiores e nos dedos, que varia de intensidade, mas atrapalha na execução de atividades diárias; dificuldade para movimentá-los; formigamento; alteração da temperatura e da sensibilidade e redução na amplitude de movimento, fique atento, pode ser Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Cerca de 39 mil trabalhadores foram afastados do trabalho em 2019 por causa da LER/Dort, de acordo com dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.  

A condição tem aumentado muito no Brasil nos últimos anos e merece atenção. Segundo o estudo Saúde Brasil 2018, produzido pelo Ministério da Saúde, o total de registros cresceu 184% entre 2016 e 2017, saltando de 3.212 casos para 9.122. Mulheres de 40 a 49 são as mais atingidas. Diante da gravidade do problema, foi criado o Dia Mundial de Combate à LER/Dort, celebrado em 28 de fevereiro. O fisioterapeuta Thiago Vilela Lemos, que atende na Care Clinic, no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que é preciso estar atento, pois os sintomas não começam necessariamente com dores. 

“Iniciam com sensação de fadiga, cansaço, porque o ambiente de trabalho também influencia. A dor pode aparecer apenas quando o problema já está mais avançado”, destaca. Ele reforça que é importante observar esses sinais, e se permanecerem por duas a três semanas é preciso buscar ajuda de um profissional. “Muitas pessoas só procuram ajuda quando não dá mais para trabalhar, o que é errado”, completa o especialista. Segundo ele, os problemas mais comuns são nos membros superiores, como punho, cotovelo e ombro, além da coluna. 

De acordo com o especialista, não é apenas o trabalho físico que leva a Dort, é multifatorial. O aspecto psicossocial também contribui para causar e agravar a doença, “Quando o trabalho é estressante ou se tem muita pressão, pode ser um fator de risco e deve ser observado”, pontua. Para prevenir o problema ele dá as dicas: “praticar atividade física, cuidar da saúde mental e ter um bom relacionamento no ambiente de trabalho”, explica o fisioterapeuta, que exerce a profissão há 16 anos.

 

Entendendo a doença 


A LER representa um grupo de afecções do sistema musculoesquelético (tendão, nervo, músculo, ligamento, osso, articulação, entre outras estruturas), decorrentes de sobrecargas mecânicas, que apresentam manifestações clínicas distintas e variam em intensidade, porém o termo foi substituído por Dort, por ser mais abrangente. “Nem toda LER poderia ter relação com trabalho, poderia ser de outras causas, como esportiva. Além disso, a lesão não é aparente. E com a Dort é preciso comprovar que está relacionada ao trabalho”, explica. A doença é mais comum em profissionais que realizam trabalhos manuais, como costureiras, torneiros mecânicos, carpinteiros; profissões onde há requisição dos membros superiores ou que fazem trabalhos finos com as mãos, mas também afeta trabalhadores da indústria, comércio, alimentação, serviços, entre outros. 

Ao contrário do que se pode pensar, de acordo com Thiago, o home office veio para contribuir com uma possível redução de casos e não aumento. “O home office não é um agravador dessas lesões, pois em casa as pessoas ficam mais confortáveis e em um ambiente que gostam, mas é preciso analisar a adaptação do espaço para o trabalho” alerta ele. O tratamento da LER/Dort, segundo o profissional, é feito, na maioria das vezes, com fisioterapia, adequações no ambiente de trabalho e terapias. “Em 90% das vezes são feitos esses tratamentos que chamamos de conservadores, apenas em último caso são realizadas cirurgias”. 


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