segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A importância da saúde bucal na gravidez

 Estudos demonstram uma relação positiva entre a doença periodontal e a possibilidade de  resultados adversos na gravidez

 

A gestação mexe com todo corpo da mulher e os hormônios provocam muitas alterações e podem facilitar, inclusive, a ocorrência de problemas dentários. Por isso, o acompanhamento da gestante pelo seu cirurgião-dentista é fundamental, não apenas para prevenir ou resolver infecções, mas também, para orientar sobre a sua saúde bucal e a do bebê.

Segundo a cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia e São Paulo,  Karla Mayra Rezende “na gravidez, as mulheres podem ser mais suscetíveis à diversas doenças bucais como a maior incidência de cárie, erosão dentária e doença periodontal, por exemplo”. Segundo a especialista, muitas vezes, as gestantes se tornam mais propensas à doenças bucais, também, pela dificuldade em manter a higiene adequada, devido às náuseas e também, ao desejo aumentado de consumir alimentos açucarados.


Raio X e Anestesia são permitidos?

No tratamento Odontológico das gestantes, uma das principais preocupações dos pacientes e profissionais, refere-se à segurança da utilização da anestesia e da realização do Raio X. O principal receio, no caso da anestesia, está relacionado à transferência do anestésico, por meio da placenta, para o compartimento fetal. “A gestante pode receber a anestesia para proporcionar maior conforto ao tratamento, mas é preciso  avisar ao cirurgião-dentista da sua condição, para que todos os cuidados sejam tomados durante a aplicação para evitar qualquer risco ao bebê.”

Nos exames radiológicos, a recomendação é que seja feita uma boa anamnese e exames físicos detalhados para evitar o exame, principalmente nas primeiras oito semanas - período crítico da organogênse (desenvolvimento embrionário). “Caso seja necessário realizar o Raio- X, o cirurgião-dentista deve tomar as medidas necessários para proteção como o uso de avental de chumbo, protetor de tiréoide, uso de filmes ultrassensíveis, evitar repetições, dentre outros procedimentos de segurança” explica.


A pandemia e a saúde bucal da grávida

No caso das gestantes diagnosticadas com Covid-19, assim, como qualquer paciente positivo para a doença, o tratamento deve ser diferenciado. “Em primeiro lugar o atendimento odontológico é em caso de urgência ou emergência. Este deve ser realizado sem uso de aparelhos que gerem aerossóis como alta rotação e ultrassom. É indicado utilizar sempre o "sugador" e não utilizar a "cuspideira". Sempre que possível, realizar o tratamento com a técnica de mínima intervenção. E agendar com espaçamento entre os pacientes, lançando mão do teleatendimento para verificar se precisa de atendimento presencial ou se a paciente pode de ser orientada,  medicada e acompanhada.”

E é importante salientar, que não há nenhum consenso nacional sobre a questão da transmissão vertical (de mãe para feto ou da transmissão do vírus através do aleitamento materno).  “Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que não há indicação de que isso ocorra. A placenta é geralmente uma barreira eficaz que evita que a infecção materna se espalhe para o feto. Sabemos que certos patógenos virais podem superar essa barreira como Citomegalovírus (CMV), vírus herpes simplex (HSV), vírus varicela zoster e vírus Zika (ZIKV) que podem causar síndromes congênitas, com taxas variáveis de transmissão e gravidade dos efeitos que dependem, em parte, do estágio da gravidez em que a infecção ocorre.[1] Porém, o mecanismo de transmissão intrauterina não foi demonstrado nos dois tipos de coronavírus patogênicos (SARS-CoV) e (MERS-CoV) embora as infecções causadas por esses vírus resultassem em pneumonias graves, mortes maternas e perdas fetais precoces[2]”.[3]


A importância do pré- natal Odontológico

O pré-natal odontológico foi um termo criado para designar a importância da gestante visitar o cirurgião-dentista, seja para o auto-cuidado ou para receber as orientações sobre a saúde bucal do bebê. Nesse período de gravidez, a futura mãe está mais receptiva para aprender e levar o melhor para seu bebê sobre saúde. Vários estudos mostraram uma relação positiva entre a doença periodontal e resultados adversos da gravidez, incluindo nascimento de bebê prematuro, ou seja, antes das 37 semanas e consequentemente de baixo peso, também pré-eclâmpsia e até mesmo abortos espontâneos e por isso, o acompanhamento profissional é fundamental nessa fase.

 

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

www.crosp.org.br


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