Shoppings centers questionam mudança nos parâmetros dos reajustes feitos sem concordância das partes e imposta por juiz
Nos últimos dias, o mercado varejista tomou um
baque ao receber a notícia de que os lojistas dos shoppings centers buscaram o
Judiciário para questionar o índice de correção aplicado nos aluguéis.
A desculpa já não era somente o coronavírus e sim a
explosão do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que subiu 23% em 2020. Ao
longo dos anos, o IGP-M se consolidou como o índice de reajuste de mais de 90%
dos contratos de locação em shoppings centers e a alta expressiva impacta os
negócios, podendo, inclusive, inviabilizar a permanência do inquilino.
Foi com base na crise gerada pela pandemia que, em
06 de janeiro, foi concedida liminar para arbitrar valor provisório de aluguel
com a variação do IPC (4,86%). Contudo, para alívio dos empreendedores, na
última segunda-feira, a 33ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo concedeu efeito suspensivo contra a decisão proferida em 1ª
instância, mantendo o IGP-M.
Ao analisar o agravo de instrumento do shopping, o
desembargador observou "presentes elementos que evidenciem a probabilidade
do direito invocado e o perigo da demora", nos termos do Código de
Processo Civil e ponderou, ainda, que "o cumprimento da decisão antes do
pronunciamento deste Egrégio Tribunal poderá causar à parte dano ou risco ao
resultado útil do processo".
“Não cabe ao Poder Judiciário, sem concordância do
proprietário, suspender ou reduzir o valor da locação, já que se trata de
relação particular”, afirma Anna Carolina Dias Esteves, advogada da Innocenti
Advogados.
Além disso, nessa relação entre lojistas e
shoppings, não foram apenas os primeiros que tiveram prejuízo com a pandemia de
COVID-19. “A situação pegou todos de surpresas e, assim como os lojistas, os
shoppings também viram sua receita cair, faturando menos com aluguéis,
merchandising e estacionamento, por exemplo. Por isso, não se pode dizer que os
shoppings estejam apurando alguma vantagem em detrimento dos locatários.
Estamos diante de um cenário em que todos perdem, embora a situação do lojista
seja ainda mais delicada dado o forte aumento de uma de suas principais
despesas”, afirma a especialista.
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