Desde o início da pandemia, houve uma mudança no perfil psicológico do motorista brasileiro, que passou a ser mais agressivo, imprudente e individualista. O resultado dessa transformação pôde ser sentido nas rodovias e estradas brasileiros durante o feriado das festas de fim de ano.
Em vários estados brasileiros, a Polícia Militar
Rodoviária e Rodoviária Federal registraram aumentos nos índices de acidentes e
mortes, além de inúmeros flagrantes de imprudência. Em Minas Gerais, 45 pessoas
morreram em 406 acidentes registrados entre os dias 24 de dezembro de 2020 e 3
de janeiro de 2021. “Aqui em Minas Gerais houve vários casos de
imprudência na condução dos veículos, mas esse problema começou com o desrespeito
às orientações sanitárias para evitar viagens e aglomerações”,
afirma o coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos
Especialistas em Trânsito e diretor da Associação Mineira de Medicina do
Tráfego, Alysson Coimbra.
Aumento no número de acidentes compromete disponibilidade de leitos nos hospitais |
O aumento dos casos de acidentes sobrecarrega ainda
mais os hospitais públicos e privados, que já estão atendendo em capacidade
máxima devido à pandemia do novo coronavírus. “As
autoridades sanitárias esperam um crescimento significativo no número de casos
de Covid após as festas de Natal e Ano Novo. O impacto na ocupação dos leitos
pode ser agravado caso não seja feito nada para frear a ocorrência de acidentes
de trânsito. Precisamos reduzir a circulação de veículos e intensificar a
fiscalização”, alerta Coimbra.
Segundo o especialista, 90% dos acidentes são provocados pelo fator
humano, como sono, doenças orgânicas, imprudência e desatenção. Outros 5% são
provocados por falhas mecânicas dos veículos e o restante, por problemas nas
estradas. Levantamento divulgado pela imprensa local apontou que cerca de 60%
da extensão do rodovias estaduais e federais em Minas Gerais estão em precárias
condições. “Por isso o cuidado com a saúde física e mental dos condutores é
indispensável para a segurança viária de milhões de motoristas, passageiros,
pedestres e ciclistas. Quando o descaso com a saúde dos motoristas se soma aos
problemas estruturais nas estradas, o resultado é trágico, principalmente nesse
período em que faltam leitos de UTI no Brasil. Os poderes executivos e
legislativos têm que tratar a epidemia de acidentes de trânsito no Brasil como
o problema de saúde pública que é”, completa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário