quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Humorista relata disfunção erétil após Covid-19 e especialista explica correlação entre a doença e impotência

Estudo realizado na Europa e nos EUA relaciona o coronavírus com o desempenho sexual masculino


Grande preocupação mundial desde meados de março do ano passado, a Covid-19 ainda é objeto de pesquisas e de incertezas para médicos e pacientes em todo o planeta. Um estudo recente realizado por médicos na Itália e nos Estados Unidos detectou que a disfunção erétil pode ser uma das sequelas deixadas nos pacientes da doença. A informação é da agência alemã Deutsche Welle, após uma entrevista da médica americana Dena Grayson a um canal de TV local.

Diversas consequências, que podem resultar em sequelas a longo prazo, ainda estão sendo estudadas nos pacientes que foram diagnosticados com Covid-19. Outro estudo, publicado no final de dezembro pela plataforma científica MedRxiv, aponta até mesmo para uma possível diminuição do pênis no rol das consequências da Covid-19.

E os efeitos do coronavírus na saúde masculina ganharam um importante relato recentemente, quando o comediante Michael Blackson alertou ter sido vítima da doença. Para um site norte-americano de notícias de famosos, ele contou que após se curar da Covid-19 acabou tendo problemas de disfunção erétil e perda de desejo sexual.

Na população masculina, a disfunção erétil ocasionada pelo coronavírus pode ocorrer porque a infecção causa não apenas complicações respiratórias, como também afeta os vasos sanguíneos, podendo causar problemas vasculares em longo prazo. O estudo é do médico italiano Emmanuele Jannini, professor de endocrinologia e sexologia clínica na Universidade de Roma Tor Vergata e aponta que a disfunção erétil pode ser não só uma sequela a Covid-19, mas também um fator de risco para a pneumonia da Covid

O especialista no assunto, o urologista Dr. Willy Baccaglini, explica qual a relação entre a Covid-19 e a impotência. “Para poder relacionar a função erétil com o coronavírus, é necessário entender como ela funciona. A função erétil masculina depende da boa circulação do corpo, ela é um marcador de saúde global masculina. O coronavírus ataca de diversas maneiras, principalmente nas funções pulmonares, mas também vasculares. Algumas dessas complicações podem culminar em comprometimento da circulação sanguínea, que pode ocasionar a impotência”.

Segundo o médico, ser contaminado pela Covid-19 pode ser um agravante para quem já apresentava disfunção erétil e acaba testando positivo. “Quem já tem uma predisposição a quadros de impotência ou já apresenta uma disfunção leve e contrai a Covid-19, pode acabar tendo um agravamento do quadro, em razão de o vírus atacar as vulnerabilidades”, detalha.

Além da parte vascular da função erétil, contrair a Covid-19 pode interferir e deixar sequelas na ereção de outras formas, como fisicamente e psicologicamente. “Se você tem uma doença que te traz sequelas e ataca outros sistemas, ela pode interferir na função erétil de outras maneiras como no desempenho físico e, muitas vezes, na questão emocional. A disfunção erétil psicogênica, por questões psicológicas, é algo muito expressivo”.

Como os sintomas e sequelas ainda são nebulosos, quando se fala em literatura médica não há muitos artigos ou estudos que detalham essa possível relação entre coronavírus e impotência sexual. Por isso, o especialista lembra que a melhor forma de se proteger de quaisquer complicações é não contrair o vírus. “O grupo de risco da Covid-19 é o mesmo das doenças vasculares: pacientes hipertensos, diabéticos, com colesterol alto, obesos, entre outros. Sendo assim, a melhor forma de evitar sofrer complicações nesses quadros ainda é o distanciamento social e todas as medidas de segurança difundidas ao longo da pandemia”, finaliza.

 



Dr. Willy Baccaglini - Especialista em Uro-Oncologia; Mestre em Medicina Sexual pela FMABC;Professor voluntário no curso de graduação de Medicina na FMABC; Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU); Membro da American Urological Association, da European Urological Association e da Confederación Americana de Urología; Membro do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein como Uro-Oncologista. Atua em outros conceituados hospitais como Oswaldo Cruz e São Luiz.


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