Integrado por mais de 11 milhões de brasileiros atualmente, o cooperativismo de crédito nasceu no país diante das muitas adversidades no início do século XX e, ao longo dos seus mais de 100 anos, tem apoiado as pessoas no enfrentamento dos grandes desafios que surgiram. Apesar dos ideais do segmento existirem desde aquela época, eles nunca fizeram tanto sentido como agora. O ano de 2020 nos mostrou, na prática, o quanto o poder da cooperação, da colaboração e do relacionamento fazem a diferença na nossa vida.
O Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito, em 28
de dezembro, marca também a data da fundação da primeira cooperativa de crédito
do Brasil, a Sicredi Pioneira RS, em Nova Petrópolis (RS), no ano de 1902, pelo
padre suíço Theodor Amstad. Nesse momento, aproveitamos para refletir sobre a
história do segmento e sua relevância no dia a dia de milhões de brasileiros.
No início, o cooperativismo de crédito surgiu para
ajudar agricultores imigrantes que não tinham condições de financiar sua
produção. Ao perceber este fato, o padre Amstad acreditou que poderia ajudar as
pessoas disseminando o conceito que ele havia conhecido na Europa. Para isso,
ele percorreu 170 mil quilômetros no Sul do Brasil reunindo pessoas de diversos
perfis e localidades em torno de uma mesma ideia: o cooperativismo de crédito.
É dele a frase “se uma grande pedra se atravessa no caminho e 20
pessoas querem passar, não o conseguirão se um por um a procuram remover
individualmente. Mas se as 20 pessoas se unem e fazem força ao mesmo tempo, sob
a orientação de uma delas, conseguirão solidariamente afastar a pedra e abrir o
caminho para todos”.
Ou seja, a colaboração, hoje muito presente em
iniciativas realizadas pelas pessoas em prol de um objetivo comum, à exemplo do
crowdfuding,
sempre foi a principal moeda do cooperativismo. Somado a isso, o modelo de
negócio disruptivo das cooperativas, uma vez que elas são formadas por
sociedades de pessoas (e não de capital) que possuem direito a voto nas
decisões sobre o rumo do negócio, além de participação nos resultados, mostra
como o segmento consegue ser, ao mesmo tempo, tradicional e moderno.
A atuação de uma cooperativa, pautada em um ciclo
sustentável onde o dinheiro captado na região é reinvestido na mesma região,
traz desenvolvimento e prosperidade para as pessoas. Segundo pesquisa realizada
pela FIPE, a presença e atividade de uma cooperativa de crédito incrementa
o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais
vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em
15,7%, estimulando, portanto, o empreendedorismo local.
Com um relacionamento muito estreito com as
pequenas empresas e sabendo que elas têm sido bastante afetadas pelas
consequências da pandemia, em 2020, o Sicredi buscou apoiar esse público com
ações que vão além de seus produtos e serviços. Estimular o consumo e o
desenvolvimento econômico local tem sido o foco da campanha “Eu Coopero com a
Economia Local", por meio da qual a instituição tem engajado entidades,
empresas e pessoas. Para isso, além de fomentar esse movimento por meio de
divulgações diversas, foi lançado um espaço online no qual os empreendedores
encontram conteúdos que os ajudam a trabalhar suas vendas de forma digital.
Resultado do nosso programa de aproximação com startups, também entregamos aos
associados um marketplace, o Sicredi Conecta, por meio do qual eles podem
realizar suas vendas de forma totalmente gratuita.
Outro grande exemplo de mobilização das
cooperativas é o Dia C de Cooperar, que, em 2020, aconteceu em 4 de julho, e
considerou ações de responsabilidade social de todos os ramos de cooperativismo
atuantes no Brasil nas áreas de saúde, lazer, educação e cuidado com o meio
ambiente. Esse conjunto de iniciativas visa transformar a realidade das
comunidades por meio da prestação de serviços via cooperativas e está alinhado
aos “17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” propostos pela Organização
das Nações Unidas (ONU). Em 2020, mais de mil ações do Dia C foram promovidas
pelas cooperativas que compõem o Sicredi, beneficiando mais de quatro milhões
de pessoas, com o envolvimento de 30 mil voluntários, mostrando a capacidade de
engajamento e mobilização do segmento.
O modelo cooperativista é, acima de tudo, humano,
isso porque é feito de pessoas para pessoas, com o associado sempre no centro
das decisões. De forma perene, o cooperativismo de crédito busca realizar ações
em benefícios aos associados e comunidades, que se tornam ainda mais
necessárias nos momentos de adversidade. No Sicredi, por exemplo, desde 1995 o
Programa A União Faz a Vida (PUFV), principal programa de responsabilidade
social da instituição, comprova a preocupação do cooperativismo de crédito em
levar educação para as comunidades. Com o objetivo de incluir na rotina dos
estudantes valores de cooperação e cidadania, o programa busca formar cidadãos
mais justos, solidários, que respeitem a diversidade e que dialoguem para tomar
decisões.
Esses são alguns dos exemplos da forma diferenciada
que o cooperativismo de crédito atua, a qual o Sicredi realiza no Brasil há 118
anos. Em um ano de grandes desafios como 2020, reforçamos nosso compromisso
econômico-social com o Sicredi passando a ser membro do Pacto Global proposto
pela ONU, pois o objetivo é continuar sempre seguindo um caminho de apoiar o crescimento
das pessoas. Um instrumento de organização econômica capaz de fazer a diferença
na economia brasileira e de contribuir para a construção de uma sociedade mais
próspera.
Manfred Alfonso Dasenbrock - presidente nacional do
Sicredi, da Central Sicredi PR/SP/RJ e membro do Conselho Mundial das
Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions – Woccu)
Nenhum comentário:
Postar um comentário