terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Excesso de barulho pode causar TRAUMA ACÚSTICO nos bebês e nas crianças

  

A beleza dos fogos de artificio nas festas de final do ano pode ser prejudicial para os ouvidos


Nas festas de final de ano, aumentam os avisos e orientações sobre cuidado ao manusear os fogos de artifício usados por muitos como forma de comemoração. Há risco de queimaduras, dilacerações de membros do corpo, como dedos, mãos e até os braços e, em alguns casos, até de morte. 

Porém, as exposições de bebês e crianças aos fogos de artifício podem gerar um problema invisível aos olhos dos adultos, mas bem impactante para as crianças. “Se o bebê ou a criança for exposto ao barulho da queima de fogos, pode sofrer lesões no ouvido, mas provavelmente só vai chorar e não vai saber contar isso aos pais. Na verdade, ele pode ter dor no ouvido pelo som alto ou até zumbido e perda auditiva, sendo que esses últimos podem ser temporários ou definitivos. Algum tempo depois dessa lesão, ele pode ter hipersensibilidade auditiva, ou seja, uma intolerância aos sons normais do cotidiano, como a televisão, conversas, rádio, dentre outros. Esse incômodo pode acontecer alguns dias ou semanas após a exposição aos barulhos”, explica a Dra.Tanit Ganz Sanchez.

O barulho gerado com a explosão dos fogos de artifício pode chegar até 150 decibéis. É quase o dobro da carga indicada para a saúde auditiva, além de chegar aos ouvidos de maneira abrupta, o que nem sempre permite que as pessoas se protejam. 

Além disso, nas crianças, a exposição a fogos de artifícios pode gerar um outro problema, também invisível e nem sempre compreendido pelos pais. “Choro e irritabilidade das crianças na presença de barulho pode representar uma forma de manifestar a Fonofobia (medo de sons), enquanto as crianças não adquirem vocabulário suficiente para se expressar. “A fonofobia é um desconforto emocional muito forte por medo de eventos comemorativos com fogos de artifício ou outros sons altos. Esses pacientes, sejam crianças ou não, precisam ser dessensibilizados através de sons baixos para que não tenham muito comprometimento da vida social”. complementa a Dra. Tanit.

 

Entenda mais sobre a Hipersensibilidade auditiva: 

Hipersensibilidade Auditiva é uma intolerância aos sons do dia-a-dia. Por mais que seja esperado que os sons altos incomodem mais pessoas do que os sons baixos, os portadores de hipersensibilidade já começam a incomodar com sons a partir de 95-100 decibéis. Para se ter uma noção, uma conversa em volume normal alcança cerca de 65-70 dB. 

Nos casos mais graves de Hipersensibilidade, as pessoas já sentem desconforto ao ouvirem sons de 40 ou 50 dB, o que praticamente inviabiliza uma vida profissional ou social. “A hipersensibilidade auditiva pode aparecer sozinha ou acompanhar o zumbido no ouvido, um som interno e individual que afeta crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos”, complementa a médica. 

A dica da especialista para evitar isso é colocar os protetores auriculares e fazer um intervalo de hora em hora do barulho, além de se manter distante do local das explosões, “Esse cuidado é necessário para que os tímpanos ou qualquer outra parte do canal auditivo não sejam afetados, pois temos muitos pacientes sendo tratados devido a essas exposições e ao som alto, que pode até causar danos irreversíveis, como possivelmente apresentará perda de audição precoce”, complementa a Dra. Tanit Ganz Sanchez.

 

 


Dra. Tanit Ganz Sanchez - Graduada pela USP, a médica especializou-se em otorrinolaringologia, fez Doutorado e Livre Docência também pela USP. Há mais de 25 anos, pesquisa os sintomas de ouvidos desvalorizados pela medicina, como zumbido, misofonia e hiperacusia, sendo reconhecida internacionalmente;    Fundadora e Diretora do Instituto Ganz Sanchez que há mais de 10 anos é direcionado exclusivamente ao estudo e ao atendimento de pessoas com Zumbido, Misofonia e Hiperacusia; Criadora e coordenadora do GANZ – Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido;  Criadora e coordenadora da ‘Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido’, o Novembro Laranja,  Palestrante de eventos nacionais e internacionais, levando os resultados de suas pesquisas e disseminando conhecimento à comunidade científica internacional. Fundadora da ‘TV Zumbido’, website destinado a oferecer conteúdo de qualidade sobre zumbido ao público em geral, Autora do livro ‘Quem Disse Que Zumbido Não Tem Cura?’, que já está em sua segunda edição. Incentivadora da criação do ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Zumbido’ (11/11), do ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Misofonia(12/11) e do ‘Dia Nacional de Conscientização sobre Hiperacusia(13-11) - todos englobados na campanha ‘Novembro Laranja’, movimento que vem crescendo com o engajamento da comunidade médica e demais profissionais da saúde.

https://www.institutoganzsanchez.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário