Estudo
da Minds & Hearts ouve 1.099 alunos e revela percepções
sobre os avanços na educação, EAD, Enem e
cursos complementares
A vivência do ensino durante a pandemia trouxe
nova perspectiva sobre a educação para os estudantes brasileiros. A experiência
das aulas remotas, no modelo atual, está longe de agradar a maioria deles,
evidenciando o anseio dos alunos por profundas mudanças no sistema educacional,
como a criação de novos métodos de avaliação, melhor remuneração dos
professores, maior interatividade nas aulas, participação dos pais no processo
educacional, entre tantos aspectos. Essas percepções ficam evidenciadas na
pesquisa Expectativas do Ensino no Brasil, realizada pela Minds &
Hearts, empresa da HSR Specialist Researchers, com objetivo de entender como os
alunos veem o ensino nos próximos anos e o que eles mudariam se fossem
responsáveis por melhorar a educação do Brasil. O estudo foi realizado junto a
1.099 alunos da rede pública e privada de todo o País, com idade entre 15 e 44
anos.
Uma das principais expectativas - para 60% dos
entrevistados - é o desenvolvimento de novos métodos de avaliação dos alunos
que não sejam apenas provas convencionais. Mais da metade dos estudantes (60%)
também afirma que seria importante se os professores fossem mais valorizados,
principalmente pelo pagamento de melhores salários. Para 56%, o caminho está em
romper com o modelo mais convencional de aulas, mais interativas, com maior
troca de ideias entre alunos e professores. Já para 52%, o ensino deveria
contribuir com a conscientização social, promovendo mais ações para combater o
racismo de qualquer espécie e esse mesmo percentual respondeu que melhoraria a
capacitação dos professores e que integraria o ensino médio às experiências
corporativas, aumentando a vivência para escolha de uma profissão.
Os entrevistados também acreditam que a
participação dos pais na educação dos filhos, desde o começo dos estudos, pode
fazer a diferença no seu desenvolvimento, no seu processo educacional, bem como
pode contribuir para ampliar a sua visão de mundo: 82% reforçaram a relevância
de acompanhar a vida escolar dos filhos desde o início. Já 85% acreditam que os
pais deveriam estimular a leitura na infância e 74% acreditam que os pais deveriam
incentivar os filhos a conviverem com diversidade de pessoas e pensamentos
Enem, diploma superior e cursos técnicos - O diploma universitário continua sendo muito valorizado para
entrada no mercado de trabalho. Perguntados sobre a sua necessidade, 91%
consideram que o diploma universitário é importante ou muito importante para
entrada no mercado de trabalho. Somente 4% não acham relevante e 5% são
indiferentes. Os alunos de escola pública são os que veem maior diferencial no
diploma: 94% contra 84%.
A pesquisa apurou que 62% dos que estão no ensino
médio pretendem fazer Enem. (Exame Nacional do Ensino Médio), entre janeiro e
fevereiro do ano que vem, sendo que 45% apontaram como principal razão seria
poder ter acesso a bolsas de estudos ou programa de financiamento. Fazer parte
do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para ser selecionado por alguma
instituição pública, foi a resposta de 31% dos entrevistados. Além disso, 24%
afirmaram que iriam fazer somente para ter uma primeira experiência com a prova
e não para entrar na faculdade.
A pesquisa Expectativas do Ensino no Brasil ainda
verificou a intenção de fazer algum curso complementar (nível técnico) ainda
neste ano. Inglês ou outro idioma foi apontado por 45% dos entrevistados. A área
de tecnologia e informática/tecnologia da informação é o desejo de 19%, seguida
de gestão e negócio (13%) e design (9%). Para o próximo ano, 19% disseram que
não pretendem fazer um curso técnico. Dos 81% que disseram sim, 44% também
farão outro idioma.
Ensino e a pandemia - A pesquisa também abordou como a pandemia da Covid-19 mudou
o ensino de uma hora para outra. O isolamento social impôs muitas adaptações e
uma das áreas com maiores mudanças foi a educação. Se o ensino a distância
(EAD) já era realidade para alguns, pais, filhos e educadores precisaram viver
uma nova forma de educação. O estudo revela que 66% dos estudantes estão
odiando a experiência.
Somente 8% das pessoas entrevistadas já estudavam
remotamente, enquanto 90% conheciam apenas cursos presenciais. Agora, 47% dos
estudantes passaram a ter cursos online, 17% por vídeo-aula, 16% fazem
ambas as formas e 3% afirmaram ter aulas tanto online, com professor,
quanto presencial. No total, 13% disseram que estão com as atividades
educacionais interrompidas. Quando perguntados se estão gostando ou não das
aulas online, 66% confessaram que estão odiando ou curtindo quase nada.
Interessante perceber que alunos de escolas públicas são os que reclamam menos
do sistema remoto.
Bom ou ruim - O estudo também perguntou quais seriam as partes positivas
da educação online. Para 29% dos entrevistados o destaque positivo fica
por conta dos recursos de tecnologia utilizados. Além disso,
didática/metodologia foram apontadas por 16% dos estudantes. Já 14% afirmaram
que conseguem se concentrar mais, mesmo percentual dos que destacaram o
preparo.
Em contrapartida, quando questionada a parte
ruim, ficou evidente que as aulas online deixam a desejar. Para 45% dos
pesquisados, esse modelo faz com que aprendam menos. Na opinião de 42%, o
problema é a falta de concentração. Ademais, 40% reclamam do excesso de tarefas
e 37% sentem falta das aulas práticas, incluindo laboratórios e educação
física, entre outros aspectos. Nos casos de 36% dos estudantes, a dificuldade é
não conseguir tirar dúvidas.
Na avaliação do aprendizado, 67% revelaram estar
aprendendo menos do que antes da pandemia. De acordo com 20% está igual e 9%
acreditam que aprenderam mais nesse período. Adicionalmente, o levantamento
questionou sobre o modelo ideal de ensino depois da pandemia. Entre os
entrevistados, 47% gostariam que não existissem aulas online/EAD e 46%
esperam um modelo híbrido, com aulas online e presenciais.
"Todos fomos lançados em um novo patamar, em
um novo momento econômico e social e isso não foi diferente para escolas,
estudantes, educadores e pais de alunos. Este novo momento deixou ainda mais
evidente as fragilidades do sistema educacional e a urgência da realização de
mudanças, assim como convida todos os elementos da cadeia educacional a
iniciarem um diálogo mais produtivo e transformador com a sociedade. Muitas
oportunidades apresentam-se neste novo momento para o setor educacional e
deixá-las passar seria interromper uma evolução que está sendo demandada",
conclui Naira Maneo, sócia-diretora da Minds & Hearts e responsável pelo
estudo.
Metodologia - Para realizar a pesquisa Expectativas do Ensino no
Brasil, a Minds & Hearts ouviu, de 13 de setembro a 5 de outubro, 1.099
pessoas, incluindo homens e mulheres, entre 15 e 44 anos, das classes A, B, C e
D. Todos são estudantes dos ensinos médio e superior, nas principais capitais e
interior do Brasil, abrangendo escolas públicas e privadas e cursos
extracurriculares.
Minds & Hearts
HSR Specialist Researchers
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