Mês de setembro é dedicado a
conscientização da prevenção do câncer infanto-juvenilFreepik
O câncer é a segunda causa de óbito entre um a 19 anos de idade,
perdendo apenas para as causas externas de mortalidade. A suspeita diagnóstica
não exige exames complexos, mas demanda conhecimentos mínimos, de acordo com o
médico oncologista associado da Associação Médica do Rio Grande do Sul, Cláudio
Galvão.
“Melhoramos nos últimos anos no quesito acesso ao tratamento e
cuidados de suporte. Os programas de diagnóstico precoce também surtiram
efeito, mas ainda temos muito a fazer. A remuneração dos serviços pelo SUS está
defasada há mais de uma década. Temos tido dificuldade de acesso a alguns
medicamentos de baixo custo que frequentemente entram em desabastecimento.
Também o acesso a novos medicamentos é bastante complexo no nosso país”,
explica
Quanto ao cenário da pandemia houve atraso no diagnóstico de
alguns pacientes reportados em vários centros no país. Isso foi mais acentuado
nos primeiros meses e parece estar se normalizando agora. Esse atraso não foi
uniforme em todas as regiões, ou seja, alguns locais foram mais afetados e
outros não sentiram nenhum impacto.
“Está em andamento um estudo sobre a COVID-19 nos pacientes em
tratamento com câncer infanto-juvenil. Os dados ainda não foram publicados, mas
sabemos que alguns pacientes foram afetados e, embora óbitos tenham acontecido,
o cenário felizmente não foi tão catastrófico. Por outro lado, várias outras
doenças comuns de inverno deixaram de circular, assim como infecções
bacterianas, devido ao maior cuidado com esses pacientes e menor circulação de
vírus”, acrescenta.
Diversos novos medicamentos estão sendo introduzidos, mas ainda
não são acessíveis para pacientes do SUS. No passado, a maioria dos
medicamentos oncológicos não tinham em bula a indicação para crianças. Assim
alguns produtos efetivos nessa faixa etária comprovados por estudos clínicos
independentes tem limitação de uso em crianças. Segundo o médico, este quadro
vem mudando, pois diversas agências reguladoras internacionais, agora, obrigam
os fabricantes a realizarem estudos em crianças com a finalidade de incluir em
bula as indicações em pediatria, facilitando assim a incorporação dos mesmos
por convênios e mesmo por sistemas públicos.
Marcelo Matusiak
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