Parto normal na atualidade: com anestesia e indução
de contrações uterinas ou sem intervenção, conforme escolha da mãe, o parto
pode ser facilitado e permitir que a mulher e o bebê obtenham todos os
benefícios da técnica
Conforme explica a
Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, o desejs da
mulher deve ser respeitado e o esclarecimento sobre a hora do parto deve
ocorrer durante todo o pré-natal, para que a mãe fique confiante para este
momento. A adoção de fisioterapia específica para o parto normal facilita todo
o processo e mesmo mulheres que passaram por uma cesariana podem ter o segundo
filho pela via vaginal
Dra.
Mariana Rosario - ginecologista, obstetra e mastologista
Divulgação
O parto vaginal (também chamado de normal) é a melhor opção para mães e bebês. Essa é a opinião da Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, que já realizou mais de 5 mil partos em sua carreira. “Além da recuperação da mulher ser mais rápida, o bebê ganha muito com o parto normal. São benefícios que a cesárea infelizmente não traz e todas as mulheres sem impedimentos médicos deveriam tentar ter seus filhos pela via vaginal”, diz a médica.
Ela conta que as mulheres que chegam ao seu
consultório geralmente sentem medo das dores do parto vaginal. Atualmente,
porém, esse não é um impedimento para a realização do parto normal. “Como
existe a possibilidade de usarmos anestesia e indução de contrações, as dores
não são mais um problema”, diz a médica.
Entenda o procedimento, atualmente
Dra. Mariana Rosario explica que existem dois tipos
de parto: o vaginal (também chamado de natural ou normal) e o cirúrgico (a
cesariana/cesárea). Os partos vaginais podem ser cirúrgicos – aqueles
realizados com intervenção médica, como anestesia e aplicação de ocitocina, um
hormônio para induzir as contrações uterinas – e naturais, quase sem
intervenções ou apenas com algumas, necessárias.
O parto normal independe da posição. A mulher pode
escolhê-la, conforme se sentir mais preparada e confortável: deitada, de
cócoras, na banheira, cadeira de parto... Quanto ao local, também dependerá da
escolha materna e das condições de saúde da mulher e do bebê, avaliadas
previamente pelo obstetra. “Um parto domiciliar precisa ser muito bem
planejado, com equipe médica, obstetra, anestesista, e aparelhagem, pois não
contará com estrutura hospitalar. Nesse caso, a mãe tem que ter passado por uma
gestação de baixo risco e o bebê ser a termo, ou seja, entre a 37ª e a 42ª
semana”, explica a médica.
Se a opção for uma banheira, ao nascer na água, a
transição do bebê do útero para o exterior é mais tranquila, pois a água morna
imita o líquido amniótico. E, segundo pesquisadores norte-americanos, os riscos
são iguais ao nascer em terra firme.
Como as mulheres devem ser
preparadas, durante o pré-natal
O preparo adequado das mulheres para o parto normal
nem sempre acontece. “Infelizmente, boa parcela da população não tem acesso a
especialistas, que ajudam a mulher a combater o medo, a receber informações que
a tranquilizem e a ter o melhor cuidado para o momento do parto, que deve ser o
melhor, para ela”, pondera a Dra. Mariana.
Segundo ela, contar com a ajuda de um
fisioterapeuta é importante para a saúde da mulher. “A fisioterapia é
imprescindível para o parto normal, porque é um trabalho de fortalecimento do
assoalho pélvico. Além disso, o fisioterapeuta ensina a mãe a fazer força no
momento certo; a respirar corretamente; a relaxar o períneo, de forma que a
passagem do bebê seja facilitada e, também, a trabalhar a musculatura
necessária para o parto”, explica.
Há mulheres, também, que podem contar com a ajuda
de uma enfermeira-obstetra e doula. A enfermeira acompanha a mulher na
gestação, dando suporte técnico a ela principalmente no momento do parto e no
pós-parto, ajudando-a na amamentação, troca do bebê, banho e cuidados iniciais.
Já a doula tem o papel de confortar a gestante emocionalmente, com técnicas de
relaxamento e massagens, para que a mãe sinta-se mais segura e amparada na hora
do parto. “Quanto melhor é a rede de apoio da mulher, mais confiante ela chega
ao parto. De qualquer forma, como todas têm direito ao pré-natal, é importante
que confiem no obstetra, ainda que ele seja o único profissional disponível, e
que façam a ele todas as perguntas que as levem a esclarecer suas dúvidas e
medos, porque o parto normal vale a pena”, completa.
Benefícios para a mulher
No parto normal, a mãe tem participação mais ativa
no nascimento do filho e, por não passar por corte cirúrgico e nem
instrumentos, tem menor risco de pegar alguma infecção, assim como o seu filho.
Outra vantagem é o tempo de recuperação da mãe, que é bem menor, se comparado
àquelas que fizeram cesárea. Essa mãe ainda terá toda a produção hormonal mais
intensa e muito mais saudável para a relação entre mãe e filho. No pós-parto do
parto normal, o tempo para o útero se recuperar e voltar ao antigo tamanho é
muito mais rápido, se comparado com a cesárea.
Benefícios para o bebê
Como o próprio nome diz, nascemos por via normal,
sem interferência, e isso já é a primeira vantagem para o bebê. Quando a
criança passa pelo canal de parto, seu tórax é comprimido e isso ajuda a
eliminar o líquido amniótico de seus pulmões. Isso faz com que apenas 3% das
crianças nascidas dessa forma sejam enviadas à UTI por desconforto respiratório
transitório. E, em casos de trabalho de parto muito longo, o médico consegue
avaliar o sofrimento da criança por meio da cardiotocografia basal, um exame
realizado no momento do parto.
Os hormônios maternos também se alteram durante o
trabalho de parto, causando no bebê uma resposta mais ativa, ao nascer: os
sinais vitais são mais fortes e eles conseguem mamar com mais facilidade, já ao
nascer.
Outro benefício é em relação à microbiota vaginal:
o parto normal reforça o sistema imunológico. É na hora do parto, com a
passagem do bebê pela vagina, que o bebê tem contato com a microbiota materna e
esse aporte imunológico imprime na genética do filho uma saúde melhor, evitando
várias doenças que ele poderia desenvolver na vida, até a fase adulta.
Quando o bebê não nasce em parto normal, não passa
pelo canal vaginal e, consequentemente, não tem contato com a microbiota da
mãe. Assim, não recebe esse reforço imunológico, ficando mais suscetível a
infecções e alergias.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e
Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
Nenhum comentário:
Postar um comentário