Em 2020 os casos de intoxicação infantil cresceram significativamente
Com a pandemia do coronavírus o uso do álcool em
gel se tornou um hábito comum na vida dos brasileiros. Utilizado para
higienização e prevenção, ele está por todos os lados, seja em casa, na rua ou
no trabalho. Sendo assim, é sempre bom lembrar que o álcool é uma substância
química que deve ser tratada com cuidado, em especial quando exposta às
crianças.
Segundo a Nota Técnica 12/2020 da Anvisa, de
janeiro a abril deste ano foram registrados 108 casos de intoxicação pelo
produto, enquanto em 2019 foram registrados 17, e em 2018, 15 casos. Desses 108
casos, 88 deles envolveram o público infantil. Isso mostra o quão importante é
nos atentarmos às crianças durante a aplicação, principalmente ao contato das
mãozinhas dos pequenos com os olhos.
O doutor André Borba, oftalmologista especialista
em oculoplástica pela Universidade da Califórnia, alerta sobre os riscos do
contato do álcool em gel com o globo ocular. “Por ser uma substância química, o
álcool, independentemente de sua forma, causa queimaduras nas córneas quando em
contato com os olhos. A gravidade das queimaduras varia de acordo com o grau de
exposição, mas pode sim, em casos mais sérios, causar cegueira”, explica. Além
disso, este tipo de lesão ocular é grave e deixa sequelas. “Muitas vezes há
necessidade de tratamento clínico prolongado, ou até de uma cirurgia, como o
transplante de córnea”, complementa.
Aí vem a pergunta: como podemos nos prevenir de
algo tão comum no nosso dia a dia? A principal dica é integrar ao cotidiano o
hábito de lavar as mãos, já que o álcool em gel, de acordo com a OMS, deve ser
usado como uma medida preventiva quando não se tem acesso a água e sabão. Para
as crianças é muito mais indicado do que o produto químico, reduzindo os riscos
de acidentes. Mas, no caso do uso do álcool em gel é sempre importante um
responsável estar de olho e se atentar para que as mãos não sejam levadas ao
rosto até que o produto esteja seco.
É importante existir diálogo com os pequenos.
Explicar a situação que vivemos de uma forma didática e acessível à faixa
etária, tem reflexos significativos. “Educar as crianças sobre a forma correta
de lavar as mãos e se prevenir é tão importante para a redução de casos do
vírus quanto os adultos. No caso de volta às aulas, como pode acontecer logo
por exemplo, é essencial”, comenta Borba. “Vale lembrar também que se um
acidente com o álcool em gel ocorrer, os olhos devem ser banhados com água em
abundância e a criança deve ser levada imediatamente ao pronto atendimento de
oftalmologia, para tratamento das lesões provocadas”, destaca o especialista.
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