segunda-feira, 1 de junho de 2020

Infertilidade: a falta de um diagnóstico afeta o tratamento?



Até 30% dos casais inférteis não sabem exatamente o que está impedindo a gravidez

Junho é mês de conscientização da infertilidade, mal que atinge cerca de 80 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Dessas, existe um grupo que não consegue saber exatamente qual a causa da infertilidade. E a principal preocupação é se a falta de um diagnóstico afeta a possibilidade de tratamento. 
“Após um ano de tentativas de gravidez frustradas e, depois da realização de diversos exames como ultrassonografias, exames de sangue, espermograma e avaliação das trompas, se os médicos não encontram a raiz do problema, chamamos de infertilidade sem causa aparente”, explica a especialista em Reprodução Assistida, Cláudia Navarro. 

Tratamento 
Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM, até 30% dos casais inférteis não têm um diagnóstico inicial preciso. Nesses casos, o tratamento é empírico, ou seja, baseado em experiência. “Apesar da literatura médica ser vasta nesta área, muitos estudos não consideram as inúmeras variáveis, por isso é preciso individualizar”, comenta a médica. 
Para Cláudia Navarro, é muito importante que as pesquisas médicas ocorram para aumentarem as chances de sucesso para os pacientes. “Para muitas mulheres a gravidez é um sonho. Quando ela recebe a notícia de que sua infertilidade não tem uma causa determinada, aquele momento não pode ser o fim da linha. É muito importante ficar atento aos estudos na área para ter o maior número de alternativas a fim de ajudar aquela paciente”, comenta a especialista. 


Estudo 
A ASRM conduziu uma pesquisa bibliográfica que incluiu revisões sistemáticas, meta-análises, ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais comparativos publicados entre 1968 e 2019. Em um artigo publicado sobre o estudo, a ASRM mostra que a conduta para cada casal deve ser individualizada, considerando-se basicamente a idade da mulher e o tempo de infertilidade.
Casais jovens poderão até se beneficiar de ciclos com estimulação ovariana e orientação de coito ou até mesmo da Inseminação Intra Uterina (IIU), enquanto que em mulheres com idade mais avançada, a Fertilização in vitro (FIV) possa ser a primeira opção. “Em casos específicos de FIV, existe até a indicação de se realizar a biópsia pré-implantacional (PGT-A) para que se selecionem embriões cromossomicamente normais para serem transferidos para o útero”, diz Cláudia Navarro. 

Cautela 
Cláudia lembra que a descoberta da infertilidade é um momento muito delicado. E é necessário observar as diversas variáveis, como a idade da mulher, análise da qualidade do sêmen do companheiro, a reserva ovariana, entre outros fatores.
Quando não há uma causa e um caminho determinado a seguir, a sensação de incerteza pode causar momentos de estresse e ansiedade no casal. Além disso, as alternativas como IIU e FIV podem também não ser bem sucedidas. “É importante ter calma e paciência diante desses resultados e contar sempre com auxílio médico e, se for necessário, emocional ”, finaliza





Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida e diretora clínica da Life Search. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.



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