terça-feira, 30 de junho de 2020

Desmistificando o DIU: contraceptivo seguro – com taxa de falha na vida real semelhante à esterilização cirúrgica feminina – e de longa duração, o dispositivo intrauterino é solução para quem não pode ou não deseja utilizar métodos hormonais sistêmicos

Dra.  Mariana Rosário

Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, explica como funciona cada tipo de DIU. Método é ideal para quem tem parceiro fixo e precisa de praticidade – entre outros benefícios


O DIU – Dispositivo Intrauterino é um método contraceptivo seguro, de longa duração e bastante confortável para mulheres de todas as idades. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), tanto o DIU de cobre quanto o hormonal têm “taxas de falha na vida real semelhantes à esterilização cirúrgica feminina, porém, somente 1,9% das brasileiras em idade fértil usa o DIU de cobre, oferecido pela rede pública de saúde” (informações disponíveis em: 

Para a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, este método contraceptivo é muito prático para as mulheres que têm parceiro fixo e não desejam engravidar por um longo período. “Como ele dura de cinco a dez anos, é interessante fazer um planejamento familiar visando esse período, mas é possível retirá-lo se a mulher desejar engravidar, sem reflexos na fertilidade”, explica a médica.

O DIU é um dispositivo com haste de plástico, em formato das letras T ou Y. Ele pode ser de cobre, cobre com prata ou Mirena (hormonal) e foi criado para ser inserido dentro da cavidade do útero. O DIU impede a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. “O uso desse dispositivo não dispensa a proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis (IST´s), como a AIDS, então, o preservativo deve continuar sendo utilizado”, alerta a médica.

Dra. Mariana informa que apenas o ginecologista consegue ajudar a mulher a avaliar qual é o melhor DIU para sua necessidade. “A colocação pode ser feita no próprio consultório, sendo que o período mais indicado é durante a menstruação, primeiro porque se tem a certeza da mulher não estar grávida e, por causa do sangramento, o colo do útero fica mais amolecido, ideal para o procedimento”, explica.

Cada médico tem um procedimento para a introdução do DIU e a Dra. Mariana prefere utilizar anestesia local. “O procedimento pode ser um pouco dolotido, então, prefiro assim. A colocação é feita por meio do próprio aplicador do DIU. 

Primeiro, uso o histerômetro para medir o comprimento do útero e precisar a introdução do DIU no fundo do útero da paciente, respeitando essa medida, deixando para fora a cauda. Feito isso, verifico se a posição ficou intraútero ou não. Uma ultrassonografia permite fazer essa avaliação”, detalha.

Dra. Mariana Rosario explica as diferenças entre os tipos de DIU existentes:
DIU de cobre: Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, o DIU de cobre é o método contraceptivo mais usado no mundo, superando o uso de anticoncepcionais orais. Atualmente, o Sistema Único de Saúde - SUS disponibiliza o DIU TCu 380 (de cobre). A ação do DIU de cobre se dá por meio da liberação de íons de cobre, que agem imobilizando o esperma e fazendo com que ele não consiga se movimentar pelo útero. Caso algum consiga vencer essa barreira, ainda assim, o cobre não deixa que aconteça a implantação do óvulo na parede do útero.

Ele pode ser uma boa alternativa àquelas mulheres que tenham contraindicação do uso do hormônio estrógeno, presente no DIU hormonal, sendo ideal para as que queiram um método contraceptivo de maior duração (5 ou 10 anos), protegendo a mulher de uma gravidez indesejada. Outra vantagem é ser reversível, ou seja, pode ser retirado a qualquer momento.

A ação desse dispositivo não perde eficácia devido ao uso de outras medicações, além de, também, poder ser usado durante o período de amamentação. O DIU de cobre, como desvantagem, pode causar cólica e sangramento irregular; cefaleia; e provocar sensibilidade em algumas mulheres após a colocação, podendo provocar também, em alguns casos raros, infecção na inserção.

O DIU de cobre também é apresentado na versão de cobre com prata. A forma de atuação de ambos é a mesma. Porém, a presença da prata no DIU faz com que os efeitos colaterais do dispositivo sejam menores, com menos sangramento e redução das cólicas.
DIU Mirena: O DIU Mirena é uma excelente opção para mulheres que desejam um método contraceptivo de longa duração. Também chamado de SIU – sistema intra-uterino, sua ação é indicada tanto no processo contraceptivo quanto para diminuir sangramento menstrual excessivo, e, também, em casos de hiperplasia endometrial, uma condição que deixa a camada interna do útero, o endométrio, mais grossa, e pode ser precursora de câncer de endométrio, em casos isolados.
A eficácia do Mirena na contracepção é tão boa quanto à do DIU de cobre. Sua ação se dá por meio da liberação do hormônio levonorgestrel (semelhante à progesterona existente no corpo), presente na haste branca do dispositivo em formato de T, que vai sendo liberado aos poucos, para que o tecido endometrial existente dentro do útero não fique espesso e crie condições favoráveis para que aconteça uma gravidez. A duração é de três a cinco anos.
O DIU Mirena pode suspender a menstruação de 2/3 de suas usuárias, um bom motivo para algumas mulheres desejarem implantá-lo, também. Com a ausência da menstruação, reduzem-se os sintomas de cólicas e da TMP.
O hormônio liberado pelo DIU Mirena é local – e não sistêmico, como as pílulas anticoncepcionais.




Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.



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