A transformação digital ainda é vista por muitos
como um investimento caro e trabalhoso. Mas o objetivo é justamente o oposto. A
adoção de estratégias digitais no setor público, por exemplo, pode levar a uma
economia de até 97% dos custos de atendimento em serviços governamentais,
segundo a PNAD/IBGE. Além disso, incluir mais de 60 milhões de brasileiros na
economia digital pode aumentar o PIB anual em 5,7%.
Portanto, antes de apontar que transformação
digital custa caro, é preciso analisar a relação entre suas vantagens e
desvantagens, além de especificar o investimento necessário para cada processo.
Depois de colocar todas essas questões na balança, é muito provável que a
necessidade de digitalização fique ainda mais evidente, passando sempre pela
racionalização e foco na eficiência e eficácia, com redução de tempo e custos
envolvidos, tanto para a empresa ou órgão público quanto para o cliente ou
contribuinte.
Empresas e entidades públicas precisam entender que
a digitalização de processos gera uma redução do prazo de execução e economia.
Os casos em que isso não acontece estão quase sempre relacionados à metodologia
aplicada, à plataforma de tecnologia utilizada e se os problemas foram
devidamente avaliados, para que tenha sido possível desenhar a melhor
estratégia para solucioná-los. Ou seja, só não funciona na prática se tiver tido
um erro de projeto.
Um bom case de sucesso foi o ganho de eficiência
com a digitalização do imposto de renda no Brasil. Antigamente, a Receita
Federal tinha que imprimir os formulários de declaração em duas versões
distintas: uma de rascunho e outra final. Depois, esses materiais eram
despachados por correio aos milhões de contribuintes. Todos os cálculos eram
feitos manualmente pelo declarante e entregues à RF pessoalmente. Tudo isso
implicava em um custo significativo aos cofres públicos, sem falar no tempo e
logística envolvidos nessa distribuição. Imagine o volume enorme de declarações
contendo erros básicos de cálculo ou mesmo de preenchimento! Analisar e
solicitar a correção de todas essas inconsistências exigia que a Receita
possuísse um enorme CAC (Centro de Atendimento do Contribuinte). Com a
digitalização, todos esses problemas foram resolvidos e, hoje, temos um sistema
eficaz na apuração da declaração, recolhimento dos impostos devidos e no
atendimento ao contribuinte.
Outro case que chama atenção e vale como
aprendizado para nós vem de um país escandinavo, que em meados de 1990 era
dominado pela extinta União Soviética. A Estônia construiu uma sociedade
digital que é referência em administração pública. No país, apenas três
serviços exigem a presença física do contribuinte: casamento, divórcio e
transferência de imóvel. Dos mais de 1,3 milhões de estonianos, 98,2% possuem
RG digital que garante acesso a mais de 500 serviços do governo. Além da
redução da burocracia, a digitalização possibilitou ao país poupar 2% do PIB.
Imagine se o Brasil conseguisse atingir esse mesmo
nível de maturidade digital? Isso só é possível com políticas de Estado, não
apenas políticas de governo que mudam a cada quatro anos. A transformação
digital exige planejamento e constância, além de muito estudo de investimentos.
Quando isso for um ideal da população brasileira e de seus governantes, assim
como ocorreu na Estônia dos anos 1990, poderemos vislumbrar um país menos
burocrático e mais digital.
Fernando
Rizzatti - sócio-diretor na Neotix Transformação Digital.
Tecnologia aplicada ao mundo dos negócios é a essência de sua trajetória
profissional, de mais de 25 anos, sempre aliada à inovação que agrega valor. Da
indústria de transformação, passando pelo segmento financeiro e de economia
mista, tem habilidades para entender necessidades e encontrar soluções.
Acredita em equipe e união de talentos. Adora música e a inspiração para
compor. Dirige a Neotix como quem compõe uma sinfonia. Cada nota é
fundamental.
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