quarta-feira, 27 de maio de 2020

Problemas na circulação sanguínea são mais frequentes no inverno


Estreitamento dos vasos pode comprometer a chegada do sangue aos membros periféricos e aumentar a incidência de doenças vasculares


Com a aproximação do inverno, a atenção à saúde deve ser redobrada. As baixas temperaturas podem influenciar diretamente no sistema vascular da população, uma vez que, na tentativa de manter o corpo aquecido, os vasos sanguíneos se contraem em um mecanismo chamado vasoconstrição. Consequentemente, o sangue tem maior dificuldade para circular e chegar às partes extremas do corpo, como pernas e pés. Por isso, pessoas que moram em regiões mais frias, naturalmente, devem preocupar-se com a saúde vascular durante todo o ano.

Essas condições deixam o organismo mais propício a desenvolver o Fenômeno de Raynaud. “O estreitamento dos vasos sanguíneos, que causa esse fenômeno, reduz o fluxo sanguíneo para as extremidades e determina uma diminuição da oxigenação dos tecidos. A pele pode ficar fria, pálida ou cianótica (arroxeada). Sintomas como dor e formigamento persistentes, além de feridas nos dedos, devem atentar para a necessidade de uma avaliação com um cirurgião vascular, pois denotam maior gravidade do quadro”, explica o cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, Dr. Luciano Amaral Domingues.

De acordo com o especialista, essa doença acomete cerca de 3% a 5% da população, mas, as probabilidades aumentam em mulheres jovens e pessoas que sofrem com estresse emocional e ansiedade. Outros problemas vasculares, como a doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), isquemia cardíaca e a hipertensão podem ter agravamentos durante os períodos de frio intenso. Fatores pré-existentes como a obesidade, colesterol alto, diabetes e tabagismo também contribuem para o surgimento de doenças cardiovasculares.

É importante que, mesmo no inverno e com a situação de isolamento social, as pessoas pratiquem exercícios físicos regularmente em casa, para evitar o comprometimento da circulação sanguínea. Sobretudo, no caso de pessoas com pré-disposição à trombose venosa profunda. “As principais dicas para a diminuição desse risco são: manter a hidratação corporal bebendo bastante água, evitar bebidas alcoólicas, tabagismo e uso de roupas muito apertadas. Mas, principalmente, fazer caminhadas, mesmo dentro de casa, exercícios na ponta dos pés com extensão e flexão, assim como movimentos para alongar as pernas, mesmo estando sentado.”

Nas baixas temperaturas, o aquecimento e alongamento antes das atividades físicas tornam-se indispensáveis. Também é indicado que a pessoa acompanhe o aceleramento cardíaco, pois, é comum que no frio o coração trabalhe mais intensamente para manter o calor do corpo. Então, ao perceber que os batimentos estão muito acelerados, deve-se fazer uma pausa ou diminuir o ritmo das atividades.

Apesar dos inúmeros cuidados, o frio pode ser aliado à diminuição dos sintomas de alguns problemas vasculares. E, também, favorável ao tratamento de vasinhos e varizes, uma vez que o paciente, após os procedimentos, deve evitar a exposição ao sol. “O frio não é só o vilão nas doenças vasculares. Varizes, linfedema (inchaço causado por deficiência na drenagem da linfa) e pacientes com sequelas de tromboses em geral têm mais sintomas no verão, pois o calor que gera a vasodilatação pode agravar os sintomas”, finaliza Dr. Domingues.





Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular  - SBACV 

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