terça-feira, 12 de maio de 2020

Por coronavírus, 85% dos brasileiros temem problemas financeiros


Levantamento foi realizado em duas ondas, entre os dias 9 de abril e 5 de maio, e recebeu respostas de brasileiros de todas as regiões do País. A margem de erro é de 3% para o total da amostra



Pesquisa encomendada pelo Banco do Brasil e realizada pela consultoria FutureBrand São Paulo aponta que a crise gerada com a pandemia do novo coronavírus afetou fortemente a vida pessoal e profissional da população brasileira.

Para se ter ideia, cerca de dois terços dos entrevistados afirmaram ter suas dinâmicas de trabalho diretamente afetadas. Enquanto 32% das pessoas pesquisadas não estão mais trabalhando, outros 21% tiveram redução em sua jornada de trabalho e 22% passaram a trabalhar em casa. Entre as pertencentes às classes C e D/E, 40% das pessoas pararam de trabalhar.

Estes números explicam o pessimismo presente na população com relação à superação da crise. 

Na segunda onda do levantamento (realizada entre os dias 23 de abril e cinco de maio), 32% dos entrevistados afirmaram acreditar que o Brasil vai levar mais de um ano para superar a crise – frente a 26% da primeira onda da pesquisa. No recorte de classe social o pessimismo fica ainda mais evidente entre os pertencentes à Classe A: aumentou em 20% o número de pessoas que acreditam que não superaremos a crise em menos de seis meses (82,4% versus 61,7% na primeira onda).

Neste cenário, 85% dos entrevistados temem passar por problemas financeiros durante a pandemia e 90% afirmam que pretendem economizar dinheiro quando a crise passar. A preocupação com a saúde, entretanto, fica à frente nos dois momentos: enquanto durante a pandemia do novo coronavírus 94% dos entrevistados afirmam se preocupar com a saúde dos amigos e familiares, quando a crise passar 93% da amostra pretende cuidar mais da própria saúde. 


A vida será como antes?

Para a maioria dos entrevistados haverá grandes mudanças quando passar a pandemia. Entre os perfis que mais acreditam na alteração do estilo de vida estão as mulheres (55%), aqueles entrevistados que tiveram suas rotinas profissionais alteradas (54%) e os que deixaram de trabalhar (54%). As mulheres, inclusive, pretendem dedicar mais tempo para si (76% versus 66% dos homens).

Vale ressaltar que as mulheres compõem o público mais sensível ao momento. Toda essa apreensão gera insegurança, ansiedade e sentido de paralisia, sem conseguir tomar grandes decisões no momento (atributos avaliados pela pesquisa no qual as mulheres apresentem índices de concordância maiores significativamente maiores que os dos homens).

Neste sentido, tanto para homens quanto para mulheres, a preocupação com a saúde de amigos e familiares é muito maior que com sua própria saúde (94% vs. 63%). Para Daniel Alencar, sócio e diretor da FutureBrand São Paulo, “estes números denotam o senso de invencibilidade tão comum entre os brasileiros”.

O estudo aponta que a crise está impactando as pessoas de forma diferente de acordo com sua classe social. Comparativamente, a classe A está mais preocupada com sua saúde e menos com as questões financeiras – tendendo a mudar menos sua quantidade de consumo, mas adicionando marcas mais conscientes.  Eles se sentem mais solitários e isolados, embora comparativamente mais felizes em ficar em casa. Já as classes C e D/E, se preocupam mais com as questões financeiras, especialmente, aqueles que não estão trabalhando. Eles também são menos esperançosos em relação o futuro.

Quando olhamos para a diferença entre faixas etárias, é possível perceber que a maturidade torna as pessoas mais resilientes e positivas. Os entrevistados acima de 40 anos tendem minimizar a gravidade da crise. Um maior percentual entre eles acredita que o mundo será diferente após a crise e que ela impulsionará mudanças positivas para a sociedade. Outro destaque é que este público está se sentindo menos solitário e entediado do que a média. 


Marcas e consumidores

De acordo com o estudo, 77% dos entrevistados valorizam as marcas que estão desenvolvendo investindo em iniciativas para combater ou minimizar a crise gerada pela Covid-19 e 73% têm certeza de que a ação anunciada pelas marcas será realmente feita. Para se ter ideia, 45% dos entrevistados da classe A pretendem comprar mais de marcas engajadas no combate à doença. Homens e pessoas acima dos 40 anos são mais exigentes e mais propensos a acreditar que marcas são oportunistas (7 % para ambos). Já entre os millennials, um percentual maior de pessoas acredita que as marcas não fazem mais do que sua obrigação.

Entre as marcas mais lembradas espontaneamente por estarem se destacando no investimento em iniciativas para combater a Covid-19 estão Itaú, Ambev, Magazine Luiza, Natura, Bradesco, Americanas, Banco do Brasil, Caixa, Santander, Nestlé, O Boticário e Vivo.

Daniel Alencar ressalta que é o momento de as marcas colocarem em prática os seus valores e seu propósito. “A pesquisa mostra como estas iniciativas estão sendo valorizadas pelas pessoas, elas nutrem o vínculo emocional das marcas com seus públicos, tornando-os mais leais”. Para ele, diluir os esforços tende a não gerar o mesmo impacto. “Os números mostram que, para fortalecer a marca, não adianta apenas investir em iniciativas relevantes, é preciso comunicar de forma eficiente. No momento em que todas as marcas estão explorando a mesma temática, é preciso concentrar esforços em torno de uma mensagem simples e clara”, destaca Alencar.


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