Com o isolamento
social, algumas pessoas podem desencadear sintomas que se confundem com os da
Covid-19 e do infarto
A quarentena adotada para conter a propagação
do Coronavírus mantém milhões de brasileiros isolados dentro de suas casas,
muitos deles, sozinhos, sem acesso a áreas abertas, por tempo indeterminado. A
pandemia “chacoalhou” a vida de todos, pois junto com ela vieram novas rotinas,
carregadas de incertezas sobre o futuro, insegurança financeira, angústias,
entre tantos outros sentimentos. Esses e outros fatores podem desencadear
doenças e transtornos como a depressão e a ansiedade. Um alerta importante, é
que muitas pessoas podem confundir a falta de ar provocada pela ansiedade com
um dos principais sintomas causado pela Covid-19. Para saber diferenciar os
sintomas e como lidar com uma crise emocional, a psiquiatra do São Cristóvão
Saúde, Dra. Daniela Gava e a psicóloga do CAIS - Centro de Atenção Integral à
Saúde, Aline Melo, explicam o que é a crise de ansiedade, os sintomas e como
lidar com o distúrbio.
Antes de tudo, precisamos entender o que é a
ansiedade. “A ansiedade é um sistema de respostas, físicas e emocionais,
ativado quando algum evento ou situação podem ser percebidos, muitas vezes de
maneira antecipatória, como algo que pode ameaçar o indivíduo de alguma
maneira. A crise de ansiedade se configura, quando de maneira desorganizada o
indivíduo começa a perceber a realidade sendo absorvido por uma angústia
associada a uma ameaça a sua integridade, gerando um descontrole emocional, com
muitos sintomas físicos e psicológicos envolvidos.”, disse a psicóloga, Aline
Melo.
A crise de ansiedade tem sintomas físicos
notáveis que faz com que a pessoa perceba que algo diferente está acontecendo.
Alguns dos sintomas são: taquicardia, respiração ofegante, sudorese excessiva,
tremores, alterações intestinais, insônia, formigamento, falta de ar,
alterações alimentares, dores de estômago e outros. “A ansiedade como emoção
humana é autolimitada e nos ajuda a criar saídas, soluções para o que está por
vir. Ela passa a ser um transtorno mental quando é persistente, de difícil
controle, desproporcional às situações que estão mobilizando o sofrimento,
invariavelmente acometendo o padrão funcional dessas pessoas. O transtorno de
ansiedade pode se manifestar de diversas formas clínicas, como transtorno do
Pânico, TOC - Transtorno obsessivo-compulsivo, Fobias, Transtorno de Ansiedade
Generalizado e Transtorno de Estresse pós-traumático, e exigem tratamentos
específicos.”, afirmou a psiquiatra, Dra. Daniela Gava.
Durante uma crise de ansiedade, os
pensamentos da pessoa ficam muito confusos e desordenados, por isso, a dica é
tentar manter a atenção no que realmente está ocorrendo e não nos pensamentos
ruins. Isso pode ajudar a pessoa a se conectar com a realidade e tirar o foco
da ansiedade. É importante tentar trabalhar a respiração de maneira pausada e
profunda, para acalmar tanto os sintomas físicos como emocionais, ajudando na
recuperação de controle e relaxamento. Se aproximar de alguém de confiança
também ajuda a sentir-se mais seguro nesse momento.
Quem nunca teve uma crise de ansiedade pode
não entender o que o outro está passando, não saber como ajudar ou até mesmo
atrapalhar. A doutora Daniela diz que basta agir de forma empática, se mostrar
preocupado, ouvir o que a pessoa tem a dizer e sugerir atividades que desviem o
foco da crise. A psicóloga Aline reforça ainda a importância da respiração
nesse momento. “Tente focar a atenção da pessoa em outros
pontos em vez de querer compreender o motivo ou o que a pessoa está sentindo,
como em um exercício de respiração mais pausada e profunda ou outras
possibilidades de relaxamento, sempre visando acalmar, de maneira gradativa a
pessoa.” disse.
A crise de ansiedade pode ser confundida
também com infarto por terem sintomas parecidos inicialmente, como dor no
peito, falta de ar e formigamento. “Fatores de risco podem auxiliar na
distinção, como a idade, histórico familiar, hipertensão, diabetes. Mas o melhor
é procurar um serviço médico para auxiliar nessa diferenciação e entender o que
está acontecendo.”, explicou a psiquiatra.
Caso a pessoa não esteja conseguindo dormir a
dias ou esteja com uma gastrite, por exemplo, que não melhora nem com
medicamentos para o estômago por conta da ansiedade, é necessário procurar um
serviço especializado para entender o grau dos sintomas e indicarem o melhor
tratamento. “A medicação é um fator extremamente importante para o controle da
ansiedade quando a pessoa não consegue mais controlar sozinha, porém, existem
outras formas que pareadas a medicação, podem potencializar seu efeito e
contribuir de uma maneira efetiva na melhoria dos pacientes. A psicoterapia é
uma delas: aprender sobre si, seus gatilhos associados a ansiedade, desenvolver
reflexões para melhoria de comportamentos e crenças colaboram para uma evolução
positiva. Técnicas de relaxamentos, meditação e exercícios físicos também podem
ajudar nesse processo de recuperação, porém, sempre é importante em paralelo a
tudo isso o acompanhamento médico no que diz respeito adaptação desse paciente
em relação a medicação, dosagem e tratamento.”, afirmou a psicóloga, Aline
Melo.
Para evitar possíveis crises, principalmente
durante o isolamento social, deve-se manter informado sobre a pandemia no
mundo, mas evitar excesso de informações, seja por meio da televisão, rádio,
redes sociais ou grupos de WhatsApp e manter as mentes ocupadas e direcionadas
a outro foco que não seja a pandemia. Outra dica é manter uma rotina, realizando
atividades físicas em casa. Quem trabalha no modelo home office, deve
seguir com a sua produção no trabalho, dentro do horário do expediente. E mesmo
de longe, é possível manter os laços afetivos, seja com amigos ou familiares,
dedique alguns minutos da semana para ligar para os entes queridos, ou fazer
videoconferências. Além disso, a Dra. Daniela reforça que não se pode descuidar
da alimentação e respeitar o horário do sono.
E o principal, faça atividades prazerosas,
como pintar, costurar, cozinhar, entre outras. “Tudo que lhe gera prazer te
confere uma sensação de bem-estar, melhorando seu quadro emocional, por isso,
encontre momentos em seu dia para realizar atividades que te tragam alegria.
Nosso corpo precisa de momentos de relaxamento para aliviar o estresse e os
momentos de tensão. A meditação, os exercícios físicos e o relaxamento são
ótimos para trabalhar o controle da ansiedade.”, finaliza Aline Melo.
Grupo São
Cristóvão Saúde
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