segunda-feira, 4 de maio de 2020

O impacto econômico trazido pela pandemia e a necessidade de uma gestão de crise nas empresas


Todos já nos conscientizamos sobre os efeitos da pandemia no Brasil e no mundo. Enquanto médicos e cientistas correm contra o tempo para consolidar um tratamento mais efetivo contra a Covid-19, a população se resguarda em casa, para reduzir o contágio. Porém, esse cenário vem causando reflexos preocupantes na economia. É certo que enfrentaremos nos próximos meses uma recessão de grande escala. Segundo a previsão do governo federal, estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) para o ano, reduzirá drasticamente, e isso causará impacto nas empresas e em todos os setores. 

No primeiro momento, a prioridade deve ser preservar as vidas. É o mínimo que deve ser feito. Porém, é preciso ter um equilíbrio na tomada de decisão, especialmente pela pressão nos líderes e governantes. É necessária uma análise técnica ponderada do cenário atual. 

Do ponto de vista econômico, em 2019, o PIB do Brasil fechou em R$ 7,3 trilhões de acordo com o IBGE, e a arrecadação foi R$ 2,5 trilhões, conforme o Impostômetro, da Associação Comercial de São Paulo. Ou seja, o estado arrecadou cerca de 34,2% do PIB. Quando se tem uma previsão inicial de queda de PIB de 5% sobre o previsto, estamos falando de cerca de 365 bilhões. A arrecadação em cima desse valor seria de R$125 bilhões, mas na ausência dessa produção, não há arrecadação proporcional. 

Sobre a saúde pública, segundo o portal da transparência, em 2019, o orçamento para a área foi de R$114 bilhões. Estima-se que o SUS abrange regiões do país que somadas possuem, aproximadamente, 150 milhões de pessoas beneficiadas. Segundo o jornal científico The Lancet, em 2018 morreram no Brasil 153 mil cidadãos por falta de estrutura relativa à saúde pública, e, entre esses, 51 mil faleceram por falta de acesso. 

O sistema de saneamento básico também requer atenção. Em 2019, o orçamento para o setor foi de apenas um bilhão de reais. E, segundo o Ministério da Saúde, morreram nos últimos dez anos, 73 mil pessoas, uma média de 7,3 mil por ano. Conforme a Agencia Reguladora de Serviços de Abastecimento de Agua e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (ARSAE-MG), esse número pode chegar a 15 mil. Isso em um cenário com o qual já estávamos acostumados. Com os avanços da pandemia, a estimativa de mortes, infelizmente, aumenta. E ainda, os investimentos serão menores. 

Se a queda no PIB ficar em 5%, serão perdidos R$ 125 bilhões de arrecadação, mais do que o orçamento de um ano da saúde pública, que, com os recursos disponíveis, já não atende a todos com eficácia. 

Esses números são apenas alguns exemplos de como devemos analisar a questão com um olhar mais abrangente e racional para que possamos agir com o equilíbrio que o momento requer.
Além de ter essa visão quanto as perspectivas do país, os empresários ainda precisam redobrar a atenção com relação a quatro pontos, que são fundamentais para o desenvolvimento das empresas: seus colaboradores, clientes, cadeia de suprimentos e finanças. Por isso, algumas medidas, são essenciais nesse cenário, como: criar comitês de crise especializados nessas temáticas, que serão responsáveis por elaborar planos de contingência e tomar medidas como: antecipação de férias, e redução das jornadas de trabalho mantendo forte comunicação com os colaboradores e sendo transparente; antecipação de possíveis rescisões de contratos, aproximação com os clientes; análise de produtos substitutos na cadeia de suprimentos; e outras ações focadas em redução de custos. 

Além disso, direcionar uma equipe para apoiar o setor financeiro, fazendo análises criteriosas e detalhadas: custos operacionais devem ser reduzidos de acordo com a proporção das perdas em receitas; deve-se aproveitar pra fazer análise mais criteriosa se há falhas de produtividade ou eficiência operacional. Despesas administrativas como viagens, energia, água e vale-transporte devem ser naturalmente reduzidas, mas devem ser restringidos ainda gastos como aluguel, entregas e deslocamentos. É necessário rever o diferencial competitivo e revisitar o plano de marketing e vendas e avaliar se há necessidade de ajuste, na cartela de produtos ou serviços.  Os canais de venda deverão ser direcionados para as plataformas digitais. É preciso analisar o que está prosperando para direcionamento do target. Outros investimentos com visão de longo prazo devem ser mantidos e cortados apenas alguns de menor impacto e de curto prazo. 

Esse é um momento para manter o equilíbrio e a racionalidade, e para identificar oportunidades que possam recuperar e retomar a longevidade dos negócios.






Dino Bastos - presidente da Federaminas Jovem e  CEO da Partners Comunicação Pro Business


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