Ao final de 2019, o mercado financeiro comemorava a
conclusão da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China, dando início
ao que seria o fim da guerra tarifária entre as duas maiores economias do
mundo. Entre os termos acordados, havia a suspensão de novas tarifas sobre os
produtos chineses e o aumento de importações de produtos agrícolas, energia e
bens manufaturados americanos, compondo uma meta aproximada de US$ 200 bilhões
ao longo de dois anos. Naquele momento, a atenção estava sobre os possíveis
ajustes nos acordos comerciais da China com os demais países a fim de cumprir a
meta acordada.
Porém, a chegada de uma pandemia fez com que as
negociações da segunda rodada de acordos esfriassem e o clima entre os países
voltasse a esquentar. Começando pela acusação dos EUA sobre a China, quanto a
omissão de informações sobre a Covid-19 e a responsabilização pelas mortes e
danos econômicos gerados pela crise conforme o aumento do número de casos. A
ameaça de novas sanções ao país asiático evoluiu para a aprovação de uma
legislação pelo Senado dos EUA, que pode impedir muitas empresas chinesas de
listar ações em bolsas americanas ou de angariar fundos de investidores
americanos. A medida trouxe à tona a expressão “Guerra Fria”, utilizada pelo
senador republicano John Kennedy.
A nova lei exige que as empresas chinesas confirmem
que não são de propriedade ou controladas por um governo estrangeiro, além de
passarem por uma auditoria passível de revisão pelo Conselho de Supervisão
Contábil de Empresa Pública, nos Estados Unidos.
Como esperado, a China se recusou a permitir que
suas empresas seguissem a lei de valores mobiliários dos EUA, argumentando que
a lei chinesa impede que o trabalho dos auditores seja transferido para fora do
país.
Mas em meio a todo esse conflito, alguns setores
brasileiros podem se beneficiar caso a China abandone a meta de importação acordada
com os EUA. É o caso do setor agrícola, com destaque para a carne e a soja
brasileira. As empresas listadas na B3 - BR Foods (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e
Minerva (BEEF3) - são as que devem sentir o maior efeito sobre os preços das
ações mediante a esse cenário.
Ernani Reis - analista da Capital
Research
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