Especialista aponta os benefícios da
prática e alerta para os excessos no período de confinamento
Maio foi proclamado o mês da masturbação em 1995 em homenagem à
médica Joycelyn Elders, primeira secretária de saúde negra dos EUA, que após
defender a inclusão da masturbação na educação sexual escolar, foi ser demitida
do cargo em dezembro de 1994 , pelo então presidente Bill Clinton.
A médica escancarou um velho tabu que, agora, a pandemia parece
trazer à tona. Vinte e cinco anos depois do ocorrido, maio é o mês em que parte
do mundo está em isolamento social por conta da COVID-19 e a masturbação vive
seus dias de glória: ganhou o apelo da quarentena e, inclusive, a recomendação
de organizações médicas e governamentais.
Desde o início da pandemia, autoridades médicas vêm propondo que a
masturbação pode sim proteger os indivíduos da COVID-19, mas pelo simples fato
de que os mantém longe de outras pessoas que possam vir a estar contaminadas,
mesmo sem saber.
A Organização Mundial da Saúde sugere a prática como o tipo de
sexo mais seguro neste período de alastramento do coronavírus. Em Nova
York, a prefeitura divulgou um guia em que sugere a masturbação como melhor
forma de evitar o contágio. “Você é seu parceiro sexual mais seguro”, diz o
comunicado. Já na Argentina, o Ministério da Saúde recomendou o sexo virtual
como aliado para evitar a contaminação.
Conversamos com o sexólogo e urologista Danilo Galante, membro da
Sociedade Brasileira de Urologia para saber mais sobre a prática, e seus
benefícios durante a quarentena.
Porque as pessoas estão se
masturbando mais do que o habitual neste período de quarentena?
Neste período de isolamento social as pessoas estão mais ociosas e
o apetite sexual está ainda mais intenso que o normal, já que passam mais tempo
em casa e o contato interpessoal não é permitido. Isoladas as pessoas estão
procurando formas de entretenimento, e o autoprazer pode saciar seus desejos.
Quais os benefícios da prática neste
período de confinamento?
Há quem considere a masturbação como sexo solitário, mas é
exatamente o contrário; uma forma de autoconhecimento, de entender como o corpo
funciona e a partir disso, encontrar novas formas de praticar a sexualidade.
Além disso, uma das funções da masturbação neste período de isolamento é
diminuir a ansiedade e as tensões provenientes do cenário incerto que estamos
passando. Ao ejacular, os hormônios que são liberados podem proporcionar
inclusive, um relaxamento e sono mais tranquilo.
Quando o ato de se masturbar é
considerado um exagero?
Muitas pessoas têm falsos conceitos de que a masturbação possa
prevenir algumas doenças como câncer de colo de útero, câncer de próstata,
pressão alta ou diabetes. Na verdade, não há “benefício preventivo” direto. No
entanto, a prática pode tornar-se maléfica quando começa a atrapalhar a vida,
como deixar de ir a uma reunião ou perder o foco no trabalho. A partir do
momento em que o indivíduo não tem mais a rotina habitual, pode acabar entrando
em um ciclo vicioso de masturbação e o cérebro passa a não reconhecer mais a
quantidade de dopamina e querer cada vez mais. Desta forma, ao invés de a
pessoa se sentir bem com suas descobertas, passa a se sentir culpada.
Galante ainda ressalta que não há uma recomendação sobre a
quantidade de vezes que se deve praticar a masturbação por dia. Ele conclui que
o número deve ser o suficiente para satisfazer o paciente e não deixá-lo
culpado.
Dr. Danilo
Galante – Formado
em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com especialização
em Urologia pela UNESP. Pós-graduado em Cirurgia Robótica pelo Hospital Oswaldo
Cruz – SP. Doutorado em urologia pela USP, além de Fellow
Observer of Johns Hopkins School of Medicine Brady Urological Institute
Laparoscopic and Robotic Urologic Surgery. Membro titular da Sociedade
Brasileira de Urologia e Instrutor do ATLS (Advanced Trauma Life
Support), atua em áreas diversificadas como Cálculos Urinários;
Infertilidade (incluindo Reversão de Vasectomia), Disfunção Sexual e
Cirurgia Robótica. Site: https://drdanilogalante.com.br/
Instagram: @drdanilogalante
Facebook: @danilogalante.urologista
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