segunda-feira, 18 de maio de 2020

Febrasgo traz orientações para reinvenção da sexualidade, em contexto de isolamento social


“Existem as pessoas sem parceiros fixos, pessoas com parceiros fixos vivendo em casas diferentes e casais vivendo na mesma casa. Todas elas precisam buscar uma reinvenção da intimidade, para enfrentar problemas relacionados ao confinamento”, diz o Dr. Gerson Pereira Lopes, ginecologista e vice-presidente da Comissão Nacional Especializada de Sexologia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Especialistas da entidade aconselham os casais a buscarem uma reinvenção de si próprios e das relações durante o distanciamento social.

O especialista aponta que, diante do distanciamento social, é fundamental testar o desejo de maneira sensata e sem excessos. Seja reinventando o amor e a intimidade, e até mesmo buscando ter mais tolerância consigo e refletir sobre os próprios limites. “O casal não pode perder o carinho e o respeito. E, se um ou outro não está com vontade de ter relação sexual, é hora, por um lado, de o parceiro trabalhar o próprio corpo, como forma de autoconhecimento e autoestima. E, por outro lado, buscar uma cooperação mútua sexual ou até mesmo assistindo filmes e séries com casais fictícios com relações que possam incitar a crítica e até o desejo sexual”, esclarece Lopes.

E quando o assunto é atividade sexual de solteiros ou casais que vivem em casas diferentes, a saúde não é menos importante. “Já é sabido que houve um aumento da adesão ao sexo virtual e aos jogos eróticos por meio de brinquedos, neste período. É importante que se tenha, por exemplo, cuidado no compartilhamento de fotos na internet, para evitar que a intimidade vaze e também buscar higienizar os brinquedos antes e depois das práticas sexuais”, explica a psiquiatra Dra. Carmita Abdo, membro da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo.

Seguir as orientações médicas e sanitárias quanto à prevenção do Covid-19, inclusive, para casais que vivem na mesma casa e dormem na mesma cama, é tão importante quanto os cuidados fora de casa.

“Esse momento de mudança de rotina, isolamento social, restrição às pessoas saírem de casa reflete uma série de mudanças do ponto de vista de sexualidade e saúde mental. Até mesmo tempo, para aquelas pessoas que tem um parceiro, visto que o convívio tornou-se mais intenso, numa rotina diferente. Por isso a necessidade da discussão de novas práticas sexuais, nesse momento – que pode envolver o consumo de pornografia na internet, cuidados em relação à pratica sexual por questão de contágio e outras variáveis de acordo com o hábito e a preferência de cada casal”, pondera o presidente da Febrasgo, Dr. Agnaldo Lopes.


Violência em Meio à Pandemia

Dados da ONU Mulheres indicam que diversos países registraram elevação no volume de denúncias de violência de feminicídio e doméstica contra mulheres, durante esse período de distanciamento social. No Brasil, diferentes cidades também apontam o mesmo cenário de crimes contra mulheres. Apenas no Estado de São Paulo, de março de 2019 a março de 2020, aumentaram em 44,9% casos os atendimentos da Polícia Militar às vítimas de violência, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

“Entre casais que moram juntos, por exemplo, o homem pode querer se relacionar sexualmente para aliviar a tensão, enquanto a mulher pode não ter interesse naquele momento. E aí a violência pode acontecer. Talvez se a atividade sexual fosse melhor contextualizada pelos dois, adaptando-se às mudanças na rotina, levando em consideração que ambos já estão num equilíbrio emocional instável, o sexo aconteceria de forma mais gratificante”, defende a Dra. Carmita Abdo.

O Dr. Gerson Lopes acrescenta que também são reinventadas as maneiras de lidar com as denúncias contra abusos sexuais neste momento: “Já estamos vendo até a possibilidade de denúncia online”.

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