Estamos vivendo uma experiência única, algo que
aconteceu sem planejamento e, em menos de um bimestre, de repente, tudo mudou.
Ficou evidente que não tínhamos o controle de nada.
Sempre me senti privilegiado por ter nascido e me
criado em ambiente escolar, pois é sabido que as escolas lidam diariamente com
situações inesperadas. Sendo assim, sinto-me, de certa forma, preparado para
dialogar com situações adversas, nas quais somos obrigados a nos reinventar,
replanejar e dar respostas. Acontece que, neste momento, a resposta mais comum
para todas as questões é: não sei! E o não saber gera medo e ansiedade. Mas
acredito que, talvez, seja a hora de deixarmos um pouco isso tudo de lado. O
melhor é procurarmos aceitar e vivenciar aquilo que já sabíamos, colocando de
fato, em prática.
Estamos vivendo todos no mesmo barco, no meio de
uma tempestade e, para piorar, não temos a menor ideia de quando o mar irá se
acalmar. Mas como disse anteriormente, o ambiente escolar nos ensina a lidar
com situações inesperadas e nós, educadores, rapidamente nos tornarmos capitães
junto a uma tripulação da Educação, buscando conhecimento para controlar a
situação e equilibrar o barco. Afinal, a Educação e a Escola não param
jamais!
De imediato, após identificada a situação, algumas
escolas passaram a utilizar as tecnologias digitais para o ensino remoto,
enquanto outras optaram por decretar “férias”, buscando ganhar tempo e se
preparar com mais tranquilidade para o retorno, agora no início de maio, com
isolamento social. Afinal, não temos previsão de retorno. Muitos estados, como
São Paulo, acreditam que a retomada gradual da atividade “normal” nas escolas
será por volta de julho, mas isso é apenas “achismo” e “futurologia”.
Assim como muitos de vocês que aqui me leem, também
sou pai de um adolescente de 17 anos do Ensino Médio e de uma criança de 3
anos. Tanto eu como minha esposa estamos trabalhamos em casa. Você se
identificou conosco? Então, concordam que estamos todos aprendendo a viver em
isolamento físico, mas não totalmente social? Felizmente, temos ferramentas
digitais que, mesmo distantes fisicamente, são capazes de nos aproximar
virtualmente.
Foi isso que as escolas de Educação Básica fizeram.
Buscaram, por meio dos recursos pedagógicos virtuais, possibilidades para que
os alunos não parassem seus estudos, pois a escola é um espaço social de
interpelação contínua, e foi necessário quebrar paradigmas para um novo “padrão
normal” e, com a pandemia, esse processo se tornou necessário e urgente.
O medo de absorver mudanças não pode estar presente
na estrutura da Educação. Aliás, o Conhecimento acaba com muitos medos. Não é
mesmo? O tempo é algo muito precioso na sociedade contemporânea e, por isso,
famílias sempre alegaram falta de tempo para estarem juntos. De repente, tudo
mudou – e as crianças que, antes estavam nas escolas, passaram a conviver em
suas casas, em isolamento social. Aí lhe pergunto: o que acontece com todo esse
tempo que passamos a ter? Vocês acreditam em solução mágica? Não falo da
realização das atividades escolares remotas enviadas pelas escolas, mas do
estar junto praticando a afetividade.
Constatamos que, na quarentena, a paternidade e a
maternidade compulsórias vieram cobrar seu preço mais alto. Uma excelente
oportunidade, também, de rever essas relações, em vez de apenas reforçá-las com
a ideia perversa de que criança atrapalha.
Entendo que não seja coerente exigir velocidade em
tempos de pausa, afinal, o momento atual convida à exploração de novos cenários
e de novas formas de pensar e agir. É tempo de se unir à escola de seus filhos
e filhas, buscando o melhor, em uma valorização mútua. Os professores estão
produzindo muito para o ensino remoto e sabem da importância dos pais neste
processo. Que desafio, hein?!
Agora é o momento de parceria, união de forças,
empatia e, acima de tudo, tentarmos viver este momento de cuidado com nós
mesmos e com os outros. Cabe ressaltar que, antes de buscarmos respostas, é
preciso considerar o legado que a pandemia deixará para o retorno à sala de
aula. Mas, sobre isso, conversaremos posteriormente. Até a próxima!
Fernando Vargas - casado e pai
de dois filhos. Pedagogo com mestrado em Educação, Arte e História da Cultura e
MBA em Gestão Educacional. Atualmente é Consultor Pedagógico da Conquista
Soluções Educacionais.
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