Do
dia para a noite, vivenciamos uma mudança em nossa rotina até então não imaginada.
Escolas e faculdades fecharam suas portas, estudantes e professores estão em
suas casas, estudando e ensinando. Mas, por que de fato tudo isso está
acontecendo? Estamos em 2020. Temos um inimigo invisível que nos deixou em
isolamento social e não podemos mais nos aglomerar, muito menos frequentar uma
sala de aula. Uma gripe, causada pelo coronavírus que, até o momento não tem
cura, assola o mundo em números exorbitantes de doentes e mortes e, para
evitarmos contágio e aceleração da doença, a recomendação é que fiquemos nos
resguardando em nossas casas.
Contudo,
essa mudança fez com que a educação básica brasileira, primordialmente
presencial, fosse transformada, a toque de caixa, em um ensino on-line. Sem
precedentes, nós professores, iniciamos uma batalha, contra nós mesmos, e
montamos um arsenal em nossas casas para dar conta de uma demanda para uma
única missão, talvez inédita em nossas vidas: continuar com nossa tarefa de
ensinar, remotamente, em home office. Vimo-nos diante do desafio de trocar
nossa turma de alunos por câmeras e microfones. Estudantes nos substituíram
pelo computador. Agora, os vídeos são nossas salas de aula, o teclado e o mouse
são nosso quadro e giz.
Entretanto,
eis que se dá início ao Ensino Não Presencial, com características de uma
Educação a Distância (EAD), mas longe de ser caracterizada como uma modalidade
de ensino. Torna-se, então, primordial a abertura para uma discussão acerca
dessa temática, o que significa que é indispensável que essa dicotomia seja
explicada, uma vez que há diferença entre Ensino Não Presencial e Educação a
Distância, mesmo que sejam complementares. Alguns especialistas têm chamado
esse período de flexibilização temporária da EAD, embora as características
entre as duas sejam semelhantes, vamos analisar a separação que há entre a EAD
e o Ensino Não Presencial.
A
Educação a Distância (EAD), de acordo com a definição do MEC (Ministério da
Educação), “é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”. Ainda que,
carregada de pré-conceitos, fez-se essencial adotar tal metodologia nesse
período de pandemia e isolamento, pois é consoante ao que temos na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em que diz que “o ensino fundamental
será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da
aprendizagem ou em situações emergenciais”. E estamos em uma situação
emergencial. Crianças e jovens não frequentam o ambiente escolar desde março e
estão em suas casas desfrutando de aulas on-line.
Por
conseguinte, ao comparar a EAD com o Ensino Não Presencial, percebemos que
estamos tratando de duas frentes, de momentos e de modalidades diferentes. Para
que a educação no país não parasse, o Ensino Não Presencial foi uma adaptação
necessária, momentânea e emergencial, em que os professores, de suas
residências, estão replanejando e reinventando o ensino para manter o andamento
do ano letivo. As aulas e atividades, que antes eram realizadas
presencialmente, agora são enviadas através de ambientes virtuais e meios
digitais, que são as tecnologias de comunicação e informação já utilizadas na
EAD.
Para
concluir e fortalecer o exposto, o CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou
um parecer sobre a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas da
educação, sendo a partir do Ensino Fundamental o cumprimento da carga horária
obrigatória em Ensino Não Presencial. “A comunicação é essencial neste
processo, assim como a elaboração de guias de orientação das rotinas de
atividades educacionais não presenciais para orientar famílias e estudantes,
sob a supervisão de professores e dirigentes escolares”, assim diz o texto.
Mariane Kraviski - mestre em
Educação e Novas Tecnologias pelo UNINTER e professora da Área de Educação, da
Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
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