quarta-feira, 6 de maio de 2020

Dia das mães: amamentação em tempos de pandemia


 Mesmo em tempos de pandemia da COVID-19 o aleitamento materno continua sendo recomendado. Mães podem tomar algumas medidas preventivas 


Quem é mãe com certeza sabe o que é ter preocupações e incertezas, desde a gestação. Primeiro as dúvidas sobre o nascimento do bebê, depois, com o recém-nascido, vêm os problemas de amamentação, outras dificuldades surgem no desenvolvimento infantil, adolescência e assim vai, praticamente pelo resto da vida.

Neste próximo dia das mães estamos vivendo um momento diferente, nunca vivenciado pelas novas gerações. Estamos passando por uma pandemia, do coronavírus. E aqueles medos e incertezas são multiplicados inúmeras vezes. Principalmente para mães de recém-nascidos ou que ainda estão em fase de amamentação.

A amamentação ainda é melhor para o meu bebê? Corro o risco de contaminá-lo? O que fazer? Acreditamos que essas sejam as dúvidas de todas as mães que estão passando por essa fase, tão delicada.

A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que as mães continuem normalmente com o aleitamento materno. É recomendado que as mães que forem diagnosticadas com coronavírus amamentem de máscara. Caso não se sintam confortáveis para fazer dessa forma, podem retirar o leite da mama e dar para o bebê pela mamadeira.

Mesmo com tantas incertezas em relação ao coronavírus, sabemos o quanto o leite materno é importante para a imunidade do pequeno. Além de deixá-lo mais fortinho nesse período e todos os outros benefícios.


A conexão entre a mãe e o bebê

No mamilo da mãe, existem neurotransmissores. Eles captam pela saliva do bebê, se ele está doente ou não. Essa informação então passa para o cérebro. O corpo da mãe, então, entende o que é necessário para ajudar na recuperação e passa mais anticorpos para o bebê. Por isso, o leite fica mais denso e escuro. Ele está cheio de anticorpos para que o pequeno possa se recuperar mais facilmente.

É claro que é possível que muitas mães não se sintam confortáveis para continuar amamentando, principalmente aquelas que forem diagnosticadas com Coronavírus. Não há necessidade de se culparem por isso. O ideal nesses casos é ordenhar o leite e oferecer (ou pedir para que o pai ou avós ofereçam) para o pequeno. Dessa forma ele vai continuar se alimentando de leite materno, além de ajudar com que a produção não caia.


Dificuldades na amamentação

Quando a amamentação vai mal muitas vezes as dores e fissuras são tão intensas que essa mãe se vê em um posição dividida entre dar o alimento do próprio peito para seu bebê ou encerrar de uma vez por todas o sofrimento e entrar com a mamadeira. É um conflito muito grande e ao mesmo tempo as alternativas vão ficando escassas...a produção de leite está ok, a pega está correta e mesmo assim ainda dói muito, qual é então o problema? A sucção.

A realidade é que algumas pesquisas recentes indicam que é com a correção da sucção, e não somente da pega, que se torna possível a resolução de sérios problemas de amamentação. Essa avaliação pode ser feita por um profissional de fonoaudiologia e é extremamente benéfica  para ambos. No caso da mãe, é positiva porque dá a ela poder de decidir se realmente quer amamentar, se está dentro dos seus desejos e sonhos como mãe ou dentro das possibilidades do seu dia a dia. Para o bebê, porque o aleitamento materno é extremamente importante para o desenvolvimento da fala, respiração, deglutição e mastigação.

Um estudo realizado pela fonoaudióloga Flávia Puccini, especialista em motricidade orofacial, consultora em amamentação e laserterapeuta, em parceria com a Faculdade de Odontologia  de Bauru e a Telemedicina da Universidade de São Paulo desenvolveram um bebê em computação gráfica em 3D para demonstrar como funciona a anatomia e fisiologia da sucção e deglutição durante a amamentação.

Por meio da reprodução fiel dos sistemas orofaríngeo de um recém-nascido, foi desenvolvido o “Bebê Virtual”, material didático, original e dinâmico, que permitiu analisar o organismo do bebê no momento em que suga o leite da mama e o movimento que faz para engolir, e permitiu quebrar alguns antigos paradigmas e facilitar a solução de problemas e mudar, de uma vez por todas, o momento mais importante entre a mãe e seu bebê.

De acordo com o estudo, o leite é extraído pelo vácuo criado na boca do neném através dos movimentos feitos pela língua, fazendo com que o leite seja transferido da mama para a sua boquinha. Para Flávia, a correção e prevenção de problemas dolorosos na amamentação, como os traumas mamilares, por exemplo, acontece via análise e reeducação desses movimentos língua do recém-nascido.



Nota: A criação e modelagem de computação gráfica em 3D da amamentação do Bebê Virtual foi realizada por uma equipe interdisciplinar, a partir da análise de estudos publicados em periódicos científicos dos últimos anos que fizeram uso de ultrassom para analisar a movimentação da língua, bem como em livros de anatomia e fisiologia.


Flávia Puccini - Fonoaudióloga formada pela Puc Campinas, a Flávia Puccini é mestre em processos e distúrbios da comunicação (voz, fala e funções orofaciais) pela USP, especialista em motricidade orofacial pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. A profissional é consultora de amamentação e laserterapeuta e se coloca à disposição para ser fonte de informação de temas como amamentação, problemas alimentares, fala, disfagia e teste da linguinha.


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