Conselho Regional
de Medicina Veterinária de São Paulo alerta estabelecimentos e cidadãos com
relação à contribuição de todos no combate a pandemia de coronavírus
Com a ameaça sem precedentes na atualidade à saúde
pública e às economias mundiais gerada pela pandemia do novo coronavírus, o
Covid-19, as empresas do ramo alimentício e a população em geral precisam estar
preocupados e orientados com relação aos cuidados para garantir a inocuidade
dos alimentos no contexto da transmissão da doença. Para manter de forma
saudável o fluxo ao longa da cadeia de produção até a mesa de cada um depende
de uma série de atores.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam
que o comportamento do coronavírus é semelhante ao de outros tipos da mesma
família, ou seja, precisa de um hospedeiro – animal ou humano, para se
multiplicar. Além disso, a OMS aponta também que o grupo de vírus é sensível às
temperaturas normalmente utilizadas para o cozimento dos alimentos (70oC).
Para o médico-veterinário Ricardo Moreira Calil,
presidente da Comissão Técnica de Alimentos do Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), além das boas práticas de higiene
e cuidados básicos indicados pelas organizações de saúde, “devemos ter muita
atenção, tanto em residências como em restaurantes, com as pessoas que fazem as
refeições; o ambiente em que são produzidas; os utensílios, as matérias-primas
e os insumos utilizados; e as embalagens”.
A OMS afirma que o vírus pode persistir por poucas
horas ou vários dias, dependendo da superfície, da temperatura e da umidade do
ambiente, mas é eliminado pela higienização ou desinfecção. Assim sendo, uma
das estratégias mais importantes para evitar a exposição é redobrar a cautela e
estabelecer sistemas de gestão da segurança alimentar que identifiquem pontos críticos
de controle e administração de riscos, que podem prevenir, aliás, uma série de
outras doenças.
De acordo com o Centro Panamericano de Febre Aftosa
e Saúde Pública Veterinária da Organização Panamericana da Saúde
(Panaftosa/OPS-OMS), entre as práticas que precisam ser reforçadas durante a
pandemia estão também a limpeza e desinfecção, o zoneamento das áreas de
processamento de alimentos, controle de fornecedores, armazenamento,
distribuição e transporte e, especialmente, a higiene e a saúde dos profissionais.
Para Calil, em meio à pandemia, principalmente em
estabelecimentos comerciais, deve-se prever e cuidar de tudo. “Primeiro dos
funcionários – se estão bem protegidos e saudáveis – porque no caso de um
doente, pode haver a infecção de outros e do alimento, no caso de não
utilização de equipamentos de segurança, além de pode gerar ainda mais danos à
empresa. O ambiente e os utensílios utilizados devem ser limpos, utilizando
produtos que diminuem a carga de contaminação, como por exemplo o cloro”, continua.
Para as pessoas que compram alimentos e fazem as
refeições em casa, o veterinário explica que os cuidados devem começar com o
uso de máscara e álcool gel ao irem a uma supermercado ou para receber as
compras, e depois seguir com as recomendações ao chegar em casa, de não entrar
com os sapatos, e não continuar com a mesma roupa que estavam para manusear os
itens comprados.
A médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira,
presidente da Comissão de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP, sugere que os
cuidados devem ser planejados antes de a pessoa sair de casa para adquirir os
alimentos, o que economiza tempo de exposição a lugares que podem estar
contaminados. “Ao sair, com máscara e portando álcool gel, devemos higienizar
os carrinhos de supermercado antes de utilizá-los e evitar usar dinheiro em
espécie, preferir pagar a conta com cartão”, orienta.
Com os alimentos já em casa, Adriana explica que a
higienização dos produtos que estejam embalados pode ser por meio da lavagem
com água e sabão ou passando álcool gel. Os legumes e frutas, após lavados
também com água e sabão, podem ser deixados em molho com cloro, e em seguida
lavados novamente. As verduras podem ser lavadas em água corrente e depois
deixadas em molho também.
Em relação às carnes, Adriana é enfática: devem ser
comprados sempre produtos embalados, com procedência e consumidas cozidos. “Em
épocas de uma pandemia como esta, é perigoso ingerirmos carnes cruas ou até mal
passadas. E a mesma situação com os ovos, devem estar sempre cozidos”, alerta.
Calil prevê que a sociedade levará muito tempo para
sentir-se à vontade para frequentar restaurantes, e por um bom tempo utilizará
os serviços delivery. “Mesmo com a refeição entregue em casa, e a pessoa
conhecendo a procedência do estabelecimento, é muito importante estar atento às
embalagens, transporte e entrega. Se uma dessas etapas falhar, estará sujeito à
contaminação. É uma consciência que toda a sociedade deve incorporar”, finaliza
enfatizando ser de extrema importância que os trabalhadores de transporte e
entregas sejam conscientizados sobre os riscos de transmissão, cuidados com o
armazenamento dos alimentos em trânsito e ações de higiene.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como
missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação,
normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública,
animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício
profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo,
com mais de 39 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da
União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele
representadas.
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