Arena de Ideias,
webinar semanal da In Press Oficina, apresentou as novas oportunidades e
debateu os riscos que envolvem a volta à normalidade após distanciamento
social
A
retomada das atividades econômicas, com a flexibilização gradual do isolamento
social causado pela pandemia da Covid-19, é um momento esperado por empresários
e trabalhadores de todo o Brasil. Entretanto, a volta à normalidade deve
acontecer da forma mais segura possível, o que exige planejamento e mapeamento
de riscos. Nesta quinta-feira (21), a In Press Oficina promoveu debate sobre os
protocolos de gestão de crise para a retomada dos negócios em mais uma edição
do Arena de Ideias. O webinar levantou questões urgentes como os riscos, as
necessidades e as novas oportunidades que envolvem a volta ao dia a dia de
trabalho.
O
debate contou com a participação de especialistas como Fabrício da Mota Alves,
advogado especializado em Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais; Ricardo
Cohen, médico e doutor em Cirurgia pela Universidade de São Paulo; e pelo advogado
criminalista empresarial e especialista em compliance, David Rechulski. A
sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins, trouxe uma visão sob o
ângulo da comunicação no desenvolvimento e execução do plano de retomada, com
foco na gestão da reputação das empresas e de cada uma de suas lideranças.
Segundo
a jornalista Patrícia Marins, a preparação das empresas para a retomada deve
partir da criação de um Comitê de Crise para o estabelecimento de protocolos de
ações que devem contar com um rigoroso mapeamento de riscos para o retorno das
atividades presenciais.
"Esse
momento de retomada é desafiador e exige que os líderes empresariais tenham
competências em gestão de mudança e contem com colaboração interdisciplinar. A
saúde e a segurança devem dar o tom da comunicação para o retorno ao trabalho.
Uma comunicação digital, mas também com características do olho no olho, com
empatia, sensibilidade e engajadora”, explica.
Para
ela, esse grupo de trabalho deve ter caráter multidisciplinar, contando
inclusive com profissionais de saúde e da área jurídica, além de comunicação.
Patrícia Marins defende que profissionais de diferentes especialidades devem
desempenhar funções estratégicas na definição de protocolos de segurança no
ambiente de trabalho. Essa união de esforços, segundo ela, tem o objetivo de
traçar uma estratégia com foco na questão sanitária e na segurança dos
colaboradores que devem ser priorizados.
“O
grande desafio dos gestores e comunicadores é incluir e ampliar o diálogo com o
público interno para entender os medos e anseios dos funcionários nesse momento
e, assim, calibrar a comunicação que deve ser realizada de forma gradual.
Nenhuma ação de comunicação será efetiva sem um robusto mapeamento de riscos em
todos as áreas, como jurídica, saúde e proteção de dados”, esclarece.
Para
o advogado, Fabrício da Mota Alves o contexto da pandemia se transformou em um
grande laboratório sobre privacidade e proteção de dados pessoais. Segundo ele,
a situação no Brasil é ainda mais complexa, pois não há marco regulatório já
que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) não entrou em vigor.
“Com
a pandemia, a privacidade está sendo testada em níveis nunca vistos no país. É
um teste da capacidade do Poder Público e das empresas conviverem com o desafio
real de combater o Coronavírus e garantir direitos mínimos. Com data incerta
para a vigência da lei, recomendo que a empresa adote uma visão rigorosa e
protocolos de segurança e proteção de dados como se a lei já estivesse em
vigor. A cautela e precaução jurídica são importantes para mitigar riscos”,
argumenta.
Já
o médico Ricardo Cohen, defende a racionalidade na utilização de recursos pelas
empresas em relação a ações na área de saúde, como a realização de testes para
Covid-19 e compra de equipamentos para medição constante da temperatura dos
colaboradores. Para ele, os gestores devem promover uma volta progressiva às
atividades, mas preservando os grupos de risco.
“Os
funcionários que fazem parte do grupo de risco ainda precisam ser poupados. O
ideal não é investir em testes, mas em profissionais de saúde capazes de fazer
uma triagem através da história clínica dos funcionários para que, apenas quem
realmente precisa, seja submetido a testes. Com isso, evita-se o
constrangimento do funcionário e também os resultados falsos positivos e
negativos que levam o gestor a tomar decisões erradas. Os testes não devem ser
usados como muleta pelas empresas”, afirma.
O
advogado e especialista em compliance, David Rechulski destaca que a crise
estabeleceu a necessidade de protocolos de segurança e do cumprimento de
medidas sanitárias preventivas deliberadas e impostas pelo Poder Público. “O
empresário deve ter um cuidado adicional para criar um ambiente de trabalho
seguro na retomada das atividades para mitigar riscos de contaminação dos
funcionários. Caso não faça isso, existem artigos na lei que podem repercutir
em imputação criminal ao empregador”, explica.
De
acordo com ele, os profissionais de compliance serão relevantes para
desempenhar trabalho maduro e inteligente para não restringir a mobilidade da
empresa e, ao mesmo tempo, garantir a segurança dos funcionários. Além disso,
segundo Rechulski, a pandemia pode mudar a forma como empresas e seus líderes
se colocam no mercado.
“Essa
crise pode trazer à tona o senso de empatia e de coletividade. Podemos enxergar
hoje uma sobreposição do interesse coletivo em relação ao particular. Isso faz
parte do processo de aprendizado desse novo momento que vivemos”, finaliza.
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