quarta-feira, 29 de abril de 2020

Vitamina D tem papel essencial na prevenção de doenças, sobretudo para grupos de risco


Gestantes, pessoas de pele negra e idosos fazem parte deste grupo e devem monitorar o nível dessa vitamina para preservar a saúde


A vitamina D é essencial para o bom funcionamento do organismo. Como reguladora do fornecimento de cálcio e fósforo, atua diretamente na proteção óssea, nos rins e intestino, além de possível efeito no equilíbrio de outras células e outros órgãos do nosso corpo, como o sistema imune.

Para tirar dúvidas sobre o papel da vitamina D para prevenção de doenças em gestantes, pessoas de pele negra e idosos, que fazem parte dos grupos de risco de hipovitaminose D, a médica especialista em Endocrinologia Victória Borba (CRM PR-9951), professora doutora da Universidade Federal do Paraná, dá dicas para evitar este quadro e manter a saúde.


Gestantes

Durante a gestação, o papel da vitamina D é fundamental na absorção de cálcio e na modulação da resposta imunológica da mãe. A endocrinologista esclarece que, para a vitamina D funcionar como um verdadeiro pró-hormônio, ela precisa se ligar a um receptor, como se fosse uma chave tentando se encaixar em uma fechadura. Dessa forma, quando ocorre esse “fechamento”, a vitamina passa a exercer a sua ação em mais de 200 genes localizados em várias células do organismo. 

Para as futuras mamães produzirem e manterem os níveis adequados de vitamina D, a recomendação é de exposição ao sol por 15 minutos todos os dias. O sol mais adequado para a produção de vitamina D é o das 10h às 15h. No entanto, a exposição nesse horário pode precisar de alguns cuidados e, por isso, recomenda-se que o obstetra sempre seja consultado para orientação. Os cuidados com a alimentação também devem ser redobrados a fim de suprir todas as necessidades da mulher e do bebê. A especialista recomenda a ingestão de alguns peixes com maior concentração de vitamina como o salmão, o atum e a sardinha. Gemas de ovos, cogumelos e bife de fígado também são indicados.

Contudo, a exposição ao sol de maneira correta e alimentação saudável nem sempre serão suficientes para atingir o valor referência (30ng/ml) de vitamina D para gestante e a suplementação torna-se necessária. “Na gestação e, durante a lactação, as doses recomendadas são, na prevenção, de 400 a 2.000 UI/dia, enquanto a dose de tratamento é de 4.000 a 6.000 UI/dia”, indica a médica.


Pele Negra

Victória explica que pessoas de pele negra precisariam dobrar ou até mesmo triplicar o tempo de exposição solar para sintetizar a mesma quantidade de vitamina D do que uma pessoa de pele branca. “Isso ocorre porque a melanina, responsável pela pigmentação e proteção contra a radiação solar, acaba por inibir a produção da vitamina D na pele negra”, ressalta. A suplementação pode ser necessária, para manter os níveis hormonais dentro das taxas indicadas. 


Idosos

A vitamina D é o principal pró-hormônio que atua na absorção do cálcio pelo organismo. Quando está em nível muito baixo, ocorre a retirada cálcio do osso para que se mantenham os níveis de cálcio circulante. Por consequência, há o comprometimento da calcificação dos ossos, o que pode ocasionar doenças como osteopenia e osteoporose.

Como a pele dos idosos tem uma menor capacidade de produção de vitamina D, eles apresentam uma tendência a ter deficiência dessa vitamina. A especialista ressalta que, dependendo do caso, pode ser necessária uma dose elevada, inicialmente, para se alcançar o nível ideal de vitamina D. 

“É possível fazer uma dose de ataque inicial mais alta para melhorar o estoque desta vitamina, porém não ultrapassando as 50.000 UI por semana. Depois deverá ser mantida com doses que podem variar até 2000 UI ao dia. Em idosos, níveis de 30ng/ml devem ser considerados ótimos pelo risco de osteoporose, quedas e fraturas”, finaliza a médica.





Referências consultadas
 Vinkhuyzen AAE, Eyles DW, Burne THJ, et al. Gestational vitamin D deficiency and autism spectrum disorder. BJPsych Open. 2017;3(2):85-90. Disponível em: <https://www.cambridge.org/core/services/aop-cambridge core/content/view/339D73DC98FF9C2672A9A099D4F0F4F6/S2056472400002064a.pdf/gestational_vitamin_d_deficiency_and_autism_spectrum_disorder.pdf>. Acesso em: agosto, 2019.

Triggianese P, Watad A, Cedola F, et al. Vitamin D deficiency in an Italian cohort of infertile women. Am J Reprod Immunol. 2017;78(4)


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