Crises e catástrofes naturais são frequentes no
noticiário. Todos os dias somos bombardeados por notícias de enchentes,
terremotos, deslizamentos, vendavais, tornados, incêndios florestais e tsunamis
que ocorrem mundo a fora. Somos informados que as populações atingidas precisam
de socorro.
As pessoas que estão acompanhando a tragédia passam a
torcer para que a ajuda chegue logo e, quando ela chega, vemos caminhões,
helicópteros e barcos despejando “caixas e mais caixas” cheias de embalagens
com medicamentos, água e alimentos. Mas, desta vez, com a crise do coronavírus
que surgiu na China e se espalhou pelo mundo, estamos vendo uma corrida aos
supermercados que está deixando vazias as prateleiras e causando preocupação em
todas as pessoas quanto ao abastecimento de suas famílias. As embalagens estão
sumindo das prateleiras e isso é uma imagem aterrorizante para quem estava
acostumado a ter sempre a mão e ao seu dispor os produtos que desejasse comprar.
Se considerarmos que todos os medicamentos, soros,
máscaras, luvas, material hospitalar e até a maioria do ar que é oferecido aos
enfermos nos hospitais é entregue em embalagens, podemos concluir que ela é um
item que está na linha de frente no enfrentamento dos desdobramentos desta
crise lamentável, mas que deve ser encarada como mais uma das epidemias que, de
tempos em tempos, surgem no mundo e que são sempre atravessadas pela
humanidade. Uma vez que o Covid-19 é um vírus de baixa letalidade e em breve
estará controlado, o problema é o que vem depois, como o efeito desastroso na
economia mundial provocado pela sua passagem.
Nós, aqui no Brasil, precisamos estar conscientes de que
o problema é sério e que as recomendações médicas e sanitárias precisam ser
seguidas com responsabilidade. Este é o primeiro passo. Em seguida, precisamos
pensar com muita reflexão e profundidade no nosso negócio e no negócio de
nossos clientes, pois se eles não superarem a crise, nós sofreremos junto com
eles.
Portanto, o que toda empresa precisa pensar agora é:
“Como posso ajudar meu cliente a atravessar este momento difícil?” Temos que
pensar em como as embalagens que produzimos podem fazer diferença, para levar
uma mensagem de esperança e, principalmente, como podem contribuir para gerar
negócios neste ambiente complicado em que estamos vivendo.
A primeira missão da cadeia de embalagem é se desdobrar
em esforços para que não faltem embalagens para quem precisa delas pois, se
faltar embalagem, a indústria de bens não consegue entregar seus produtos e
para de emitir notas fiscais. As indústrias de embalagem precisam socorrer as
empresas que precisam delas!
Aquelas que têm como produzir e entregar embalagens
precisam informar seus clientes que eles podem estar seguros que embalagem não
lhes faltará. Segurança é um bem extremamente precioso neste momento e devemos
fazer de tudo para transmitir segurança àqueles que dependem do nosso
fornecimento. Isso terá grande repercussão no futuro dos relacionamentos
fornecedor /cliente. Portanto, uma equipe de crise deve ser montada nas
indústrias de embalagem para estar em contato permanente com seus clientes e
ajudá-los em tudo o que puder ser feito e também para conhecer antecipadamente
a situação e as necessidades de cada um deles. Estar junto com os clientes
neste momento é fundamental! Esta equipe de crise também precisa estreitar seu
relacionamento com seus fornecedores para ter informações seguras sobre a
situação da entrega dos insumos fundamentais que utiliza.
O mesmo precisa ser feito pelos fornecedores dos insumos.
A indústria de papel, por exemplo, precisa estar ainda mais unida com as
gráficas neste momento. Já as gráficas, precisam se colocar à disposição para
realizar o que chamamos de “Ações Emergenciais” e “Ações de Marketing de
Oportunidade”. Por exemplo, as pessoas estão confinadas nas suas casas, então,
o que podemos fazer para chegar até elas neste momento? Quais embalagens são
necessárias para isso? As pessoas estão comprando tudo que podem pela internet
e recebem cada vez mais embalagens em casa.
Uma gráfica pode ter clientes cujos produtos são
combinados em kits vendidos num esforço conjunto entre duas empresas. Esta
forma de cooperação gera resultados surpreendentes. Outras formas surgem para
que as pessoas criem negócios em casa, embalando produtos e oferecendo
inicialmente à sua rede de relacionamentos e depois estendendo sua
distribuição. Muitos negócios e empresas que se tornaram grandes, nasceram em
casa ou em garagens e isso deve ser incentivado neste momento, afinal, milhares
de executivos e pessoas empreendedoras estão em casa com tempo para pensar em
seu próprio negócio.
Agora é a hora de agir rapidamente propondo iniciativas
que ajudem nossos clientes a atravessar esta crise e, se possível, aproveitar
oportunidades e extrair dela aprendizados que possam ser utilizados depois que
ela passar. Enfim, a hora é de ter ideias e não ter medo de apresentá-las
aos clientes, não apenas para vender mais embalagens, mas, principalmente, para
ajudá-los a encontrar novas formas de vender e obter receitas. O que não
podemos é ficar assistindo a crise e nos tornar parte dela!
Fábio Mestriner - consultor da Ibema Papelcartão. Designer, professor na ESPM Consulting e autor dos livros Design de Embalagem – Curso Avançado, Gestão Estratégica de Embalagem e Inovação na Embalagem – Método Prático.
Ibema
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