quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Terapeuta familiar revela como identificar e lidar com uma criança superdotada


 Reprodução / MF Press Global


Superdotados representam 2,5% da população mundial. A porcentagem é pequena, mas os impactos são grandes. Crianças superdotadas que crescem emocionalmente saudáveis e aprendem a aprender podem se tornar grandes pioneiros na nossa sociedade e impactar a vida de muitas pessoas. No entanto, nem sempre somos capazes de reconhecer crianças com esse perfil.

A terapeuta familiar e especialista em superdotação Evelyn Stam revela que é preciso ir para além dos estereótipos na hora de identificar uma criança superdotada: “Pode ser que você tenha ao seu lado uma criança superdotada e nem tenha se dado conta. Crianças superdotadas não tem um biótipo físico padronizado e podem ser encontradas em todos os lugares do mundo. No entanto, embora não haja algo visual que as identifique, certos comportamentos podem dar pistas e ajudar a identificar a superdotação, além é claro dos testes de QI.”, revela


Como identificar a superdotação

A especialista aponta que para identificar a superdotação é preciso saber o que se está procurando: “Alguns sinais são bem típicos e podem ser notados já bem cedo. Crianças superdotadas menores de 5 anos já tendem a buscar soluções alternativas para problemas, têm grandes preocupações e interesses em questões mundiais, e demostram interesse em questões mais distantes do seu mundo concreto como o universo, guerras e a morte.”

A maioria dos superdotados também tem uma sensibilidade muito alta. Os barulhos, luzes, informações, cheiros, sabores e texturas chegam aos sentidos com muito mais força:  “se você tem um aluno ou filho superdotado é legal saber que se recusar a usar um determinado tipo de tecido ou correr quando tem muito barulho em volta não é birra e nem falta de educação. Você não ia querer usar uma roupa feita de pregos e nem ficar num ambiente com tanto barulho que chega a te dar dor de cabeça. Talvez a criança esteja se sentindo assim no ambiente ou com a roupa que você escolheu pra ela. E talvez ela seja nova demais para se expressar de uma outra maneira e reaja correndo do ambiente ou atirando a roupa no outro lado do quarto.”


Como lidar com a criança superdotada

Evelyn Stam também revela que ser pai, mãe ou professor de uma criança superdotada exige muita paciência e dedicação, já que nem todos os aspectos na superdotação são positivos e fáceis de lidar:  “A maioria das pessoas ainda está presa à memória daquelas crianças espertinhas que aparecem em programas de entrevistas nomeando 50 países ou falando 5 idiomas, e pensando como aqueles pais tem sorte de ter um filho assim. Mas existem mais aspectos na superdotação e nem todos eles são positivos e fáceis. Eles aprendem rápido e podem falar, ler, escrever, fazer contas ou desenhar mais cedo do que as outras crianças. Mas elas também tem um grande senso de justiça, sofrem com a desigualdade, são perfeccionistas, esperam muito de si mesmas e são candidatas a depressão e desistência quando não bem acompanhadas.”

Evelyn também ressalta que, ao contrário do que se imagina, crianças superdotadas podem parecer avançadas e super independentes, mas elas continuam sendo crianças: “Elas continuam precisando do seu amor e do seu apoio. Elas precisam de você para entender que o pensamento das outras pessoas não funciona na mesma velocidade que o delas. Precisam de você para aprender a ser tolerantes e não se tornarem arrogantes. Precisam de você para aprender a estudar e a ser persistentes: crianças superdotadas geralmente não fazem nenhum esforço nos primeiros anos de escola e não aprendem a estudar. Mais tarde, quando as matérias se diversificam e eles encontram um tema ou situação que apresenta maior desafio, eles tendem a fugir da realidade e desistem. Essas crianças também precisam de você para aprender a se aceitar como são e serem felizes consigo mesmas. Eles são tão exigentes que sempre acham que poderia fazer melhor, que não fizeram o suficiente… Um adulto que elogia essa criança pelo que ela é e não pelo que ela faz é crucial na vida da criança superdotada”, conclui.


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