quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Coronavírus e os efeitos indesejados no Brasil.


No Brasil já há falta de peças para a montagem de produtos, e eventual queda nas exportações de commodities para a China é algo que está em aberto no cenário econômico.


Os efeitos danosos do surto do Coronavírus que atingem a China e chega agora à Itália vão muito além da saúde.

No Brasil já há falta de peças para a montagem de produtos, e eventual queda nas exportações de commodities para a China é algo que está em aberto no cenário econômico.

Não há como negar que a crise afetará o PIB chinês com repercussões globais.
A resignação sul-americana e brasileira em abrir mão da industrialização, de investimentos em tecnologia e a fácil concentração na exportação de soja, carne e minérios demonstrou-se equivocada, e o surto da doença é só um sinal de nossa vulnerabilidade.

Ainda que em termos globais o Brasil exporte mais do que importe para a China, a concentração de riqueza no agronegócio produziu um país manco socialmente e de perspectivas sombrias para o resto da população.

Hoje são 41% de trabalhadores informais que não tem a menor condição econômica e educacional de planejar aposentadoria ou estabelecer qualquer plano de longo prazo. Assim nossa previdência quebrará em pouco tempo. 

Mas não é só. Há caos nas relações sociais; hoje, casamentos e projetos de vida são tão efêmeros como um trabalho intermediado por aplicativo.

Desemprego, divórcios, crianças sem pensão alimentícia e aumento do exército de criminosos são as consequências urbanas da certeza de que não se consegue vencer dentro das regras do jogo. E se não se consegue vencer dentro do Estado Democrático de Direito despreza-se este.

O Brasil está perdendo um tempo valioso perdido em discussões ideológicas vazias, desprezando o potencial de sua juventude e dependente de um mercado global que dividiu o mundo em quem tem empregos, quem tem patentes e royalties, os que produzem alimentos e os que nada tem.

Esse quadro não interessa mais, como indicam Trump e o Brexit quando se fecham para garantir seus interesses.

Não podemos mais ficar reféns desta perversa lógica econômica global.




Cassio Faeddo: Advogado. Mestre em Direitos Fundamentais. MBA em Relações Internacionais - FGV SP

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