Os
efeitos do coronavírus já são sentidos em boa parte do mundo. Além das vidas
perdidas, o problema se estende também aos aspectos econômicos. As tratativas
internacionais de comércio já estão sendo severamente atingidas em um curto
espaço de tempo, por conta dos efeitos da globalização no Comércio
Internacional. Um exemplo é o dos transportes internacionais, uma vez que os
critérios de inspeção por órgãos sanitários dos países se acentuam e provocam
revisões em procedimentos que há pouco eram tratados como rotina operacional e
que agora precisam de novas práticas.
Qualquer
negociação com regiões da China — especialmente na região de Wuhan, onde o
surto da epidemia se destacou — já passam por processos de revisão, várias
delas inclusive, canceladas, promovendo prejuízos e perdas significantes.
No
setor dos transportes internacionais de cargas, tanto as companhias aéreas
quanto os armadores marítimos já apresentam tarifas mais elevadas para cargas
originárias da Ásia, especialmente da China. Além disso, por conta do
coronavírus, o feriado do ano novo chinês que acabaria no dia 30 de janeiro foi
prorrogado para o dia 3 de fevereiro, aumentando a inflação no momento de
reservas de espaços em navios ou aeronaves em decorrência do acúmulo de cargas.
Por tudo isso, o momento demanda maior esforço e energia de trabalho em todos
os setores envolvidos que dependam de matérias-primas, ou mesmo produtos
acabados, de origem do maior país asiático.
A
cidade do “epicentro” do vírus concentra aproximadamente 230 das 500 maiores
indústrias da China, o que naturalmente causa efeitos devastadores no
fornecimento de materiais, pois as empresas que dependem de recursos de
produção daquela região já estão sendo obrigadas a reformularem seus PCP’s
(Planejamento e Controle da Produção), justamente pelos atrasos nos embarques.
Há
incerteza quanto à volta e normalização das práticas logísticas, anteriormente
tão comuns e ajustadas. O fato é que as bolsas de valores já sentem impactos
muito pesados. A Bovespa, por exemplo, já operava em queda acentuada desde o
dia 28 de janeiro. Porém, dois dias depois, segundo o Jornal Valor Econômico,
já apresentava recuo de 2,12% em seu índice, descendo a 112.941 pontos e,
claro, alavancando desconforto e gerando incertezas no mercado financeiro —
fator nada salutar ao mercado em geral.
O
câmbio também apresenta efeitos temerários com índices que podem alcançar a
maior alta de cotação do real frente ao dólar americano na história, pois no
dia 30, por volta das 12h50, a moeda americana operava em alta de 1,13%, cotada
a R$ 4,2670. Pouco antes, no entanto, já havia alcançado R$ 4,2705 (dados
também obtidos na edição on-line do Jornal Valor Econômico de 30/01/20).
A
Anvisa adotou procedimentos padrões em casos de qualquer suspeita do vírus em
tripulação de navios ou aeronaves vindas da China, com rigor bem elevado,
inclusive impedindo ou paralisando as operações de navios para evitar qualquer
propagação do vírus em casos de confirmação de sua presença em membros da
tripulação.
As
expectativas são de que o vírus seja contido o mais breve possível, tanto para
estancar o terrível números de vítimas fatais — que já passam de 170, segundo o
Jornal Valor Econômico — quanto para manifestar segurança à população mais
afetada e a certeza de que todos os esforços são válidos para que o vírus seja
exterminado, ou diminuído ao máximo, no menor tempo possível.
João
Marcos Andrade - professor de Comércio Exterior e Global Trading no Centro
Universitário Internacional Uninter.
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