terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Adaptação escolar precisa de diálogo entre pais e filhos


Alice Munguba, psicóloga, destaca que filhos devem participar da escolha do colégio


As crianças ainda estão aproveitando as férias escolares, mas muitos pais já estão pensando na volta às aulas e em como garantir que seus filhos tenham uma boa adaptação escolar. Falar sobre o assunto com as crianças e adolescentes, explicando porque escolheram aquela instituição de ensino, os pontos positivos e os benefícios que ela pode trazer para os filhos são caminhos para que a ida para a escola corra bem. Além disso, é importante manter o diálogo aberto e observar comportamentos que podem indicar problemas na adaptação da criança.

A psicóloga do Núcleo Infantojuvenil da clínica Holiste Psiquiatria, Alice Munguba, aponta que crianças e adolescentes que estão com dificuldade de se adaptar ao ambiente escolar podem não conseguir expressar o problema para um adulto, por isso é importante ter atenção a alguns sinais.

“A criança pode ficar isolada, tanto na escola como fora dela, apresentar tristeza, choro na hora de ir para aula e quando os pais vão embora, além de sintomas alimentares, como não querer comer”, aponta Alice.

A psicóloga salienta que as adaptações mais difíceis normalmente ocorrem quando a criança ou adolescente está indo para uma escola nova, ou começando a vida escolar. Quando o ambiente é conhecido, pode também haver dificuldade no retorno, mas normalmente é mais amena.  

“É possível haver dificuldade de adaptação na mesma escola, em especial nas crianças da educação infantil, cuja figura da professora é mais centralizada, e as crianças se apegam à relação estabelecida, mas as escolas geralmente estão preparadas para isso, conversam com os pais, possibilitam dias de abertura para que eles fiquem disponíveis dentro da escola, e isso ajuda muito”, aponta.

Já no caso de um ambiente novo, há mais dificuldades, mais ainda quando outras mudanças estão envolvidas, como de cidade, de bairro, o que pode acarretar uma insegurança maior, em especial quando não foi uma escolha da criança, quando é algo que ela vai precisar aceitar.

“Uma boa adaptação deve começar com a inclusão da criança, desde a escolha da escola. Isso não quer dizer que ela vai escolher sozinha, mas é importante que a criança participe, conheça o lugar, a estrutura, saiba como será a rotina dela e porque os pais pensam que aquela escola é a melhor para ela. Quando a relação dos pais com a criança vai bem, ela costuma se sentir segura em seguir aquilo que eles escolhem, quando isso é compartilhado”, explica Alice.  


A hora de intervir

A psicóloga Alice Munguba salienta que quando o período de adaptação proposto pela escola já passou e a criança ainda está com resistência a entrar na sala, chora todos os dias, apresenta sintomas alimentares, podem ser sinais de que ela está passando por um medo que não está conseguindo lidar. Este pode ser o momento de conversar com a escola para buscar estratégias para a adaptação dessa criança, inclusive a ajuda de um profissional especializado.

“A não adaptação pode ter relação com outras questões que a criança já apresentava, e que a mudança de ambiente potencializa. As vezes não é apenas o filho que não se adapta – os próprios pais podem estar com dificuldades, e isso afeta a confiança da criança. Se, após um mês de aula, pais e filhos estão angustiados, é o momento de conversar com a escola e avaliar se é uma questão associada à escolha da instituição ou relacionada à criança. Buscar um profissional especializado ajuda a entender porque a criança está tão insegura em relação à escola”, pontua Alice.



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