Especialista da Cia. da Consulta explica por
que e como se prevenir
Chegou a época do ano mais querida por muitos
brasileiros: o verão. É nesta época, no entanto, que aumentam os casos de
candidíase, doença que 75% das mulheres já tiveram pelo menos uma vez na vida,
segundo estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine.
Mas,
afinal, o que é a candidíase? O ginecologista da Cia. da Consulta, Yuri Lima
Nehrer, explica: “trata-se de uma infecção causada pelo excesso de um fungo que
é naturalmente presente no canal vaginal: a Candida sp.”
Seus
principais sintomas são corrimento, coceira e ardor. “Quando a candidíase
acontece, surge um corrimento que costuma ser branco, de textura grumosa ou
pastosa. O odor que a candidíase provoca é azedo, e lembra um iogurte ou
qualquer laticínio fermentado. Não é um odor tão fétido como o de outros
corrimentos. Em casos mais exacerbados, a infecção pode ser acompanhada de
coceira ou ardor, tanto na vulva quanto no canal vaginal – o termo médico para
a infecção é ‘Vulvovaginite’.”
A
candidíase ocorre quando o ambiente vaginal fica muito propício à proliferação
da Candida. Segundo o especialista, todo fungo se prolifera em ambientes
abafados, úmidos e sem sol.
Alguns
cuidados são essenciais para evitar o abafamento. “O ideal é dormir sem
calcinha e não usar calcinha o máximo de tempo que conseguir – enquanto estiver
em casa, por exemplo. Outro cuidado é optar por calcinhas 100% algodão e sem
elástico. O elástico não permite que o ar circule pelas laterais da peça. Em
relação a roupas, o recomendável é optar por tecidos confortáveis, como
algodão, em vez de tecidos que apertam, como lycra e poliéster, além de calças
com a costura mais baixa, para não amassar os lábios vaginais e permitir que o
ar circule”, explica o médico.
Outro
fator que pode levar ao abafamento da região íntima é o uso prolongado de
absorventes durante o período menstrual. “Mulheres que conseguem usar
absorvente só em dias de sangramento volumoso – de 2 a 4 dias por mês, no
máximo – não vão ter problemas. No entanto, existem mulheres que quando notam
qualquer ‘sujeira’ na calcinha, mesmo que não seja sangue, querem colocar
absorvente ou protetor diário. Ambos, igualmente, abafam a vagina. O ideal,
portanto, é usar absorvente somente em dias que o fluxo estiver realmente
volumoso. Quando o fluxo estiver mínimo, o melhor é não usar nada e aceitar que
vai pingar algum sangue ou secreção na calcinha.”
No
verão, a incidência de candidíase é possivelmente maior pelo suor aumentado,
que umedece as roupas íntimas e diminui o fluxo de ar através delas. “O suor
intensifica a umidade na região íntima. Além disso, nesta época do ano, algumas
mulheres chegam a ficar de biquíni ou maiô úmido por várias horas ou até mesmo
dias seguidos. O ideal é trocar a roupa úmida por uma seca logo após a ida à
piscina ou à praia. Outro hábito comum no verão, quando as pessoas viajam, é
lavar a calcinha ou biquíni no box do banheiro e deixá-la secando no próprio
box, que é um ambiente com pouca ventilação e exposição ao sol. A umidade da
calcinha também dificulta a ventilação, favorecendo a incidência de
candidíase.”
É
importante mencionar que fatores como diabetes e gravidez também podem contribuir
para o surgimento da doença, apesar de os casos provocados por abafamento serem
muito mais frequentes. “A Candida se alimenta de açúcar. Toda mulher tem uma
concentração de açúcar na secreção vaginal. Acontece que pacientes diabéticas –
as que não têm uma dieta adequada, não praticam atividade física e não se
tratam – têm muita concentração de açúcar no corpo todo, inclusive na secreção
vaginal. Outro fator que altera a composição vaginal é a gravidez. Os hormônios
da gravidez mudam o ambiente vaginal em sua concentração de glicose, acidez e
composição por bactérias habituais e saudáveis para o canal.”
O
tratamento da candidíase se dá por meio de medicamento antifúngico, seja por
creme vaginal, comprimido via oral ou a combinação de ambos, sempre por
indicação médica. “O creme deve ser introduzido no canal vaginal antes de
dormir por até seis dias. Já o comprimido é ingerido em dose única.” É
importante frisar alguns cuidados. “Pacientes que usam creme devem se abster de
relação sexual até o final do tratamento. Já as pacientes que utilizam o
comprimido devem ficar sem beber. A combinação da medicação com bebidas
alcoólicas pode provocar um efeito nocivo ao fígado”, diz o ginecologista Yuri
Lima Nehrer, da Cia. da Consulta.
Cia. da Consulta
Instagram: @cia.daconsulta
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