Primeiramente, é preciso definir o que é monogamia, poligamia e suas variações.
Monogamia é a relação exclusiva de dois indivíduos. Alguns autores classificam a monogamia em genética e sexual.
Poligamia é a relação de um indivíduo com outros (pode ser a poliginia, um homem e várias mulheres; ou poliandria, uma mulher com vários homens; ou ainda vários homens com várias mulheres, a poliandroginia ou poliginandria, também chamado casamento de grupo).
Monogamia em série são relações monogâmicas, uma após a outra (tipicamente um casamento, separação, um segundo casamento com outra pessoa, etc.). Há uma relação monogâmica por vez, mas esta não persiste por muito tempo.
Relações abertas/casamentos abertos seguem uma hierarquia, uma relação primária central (o casal) e relações secundárias, periféricas que envolvem, em geral, apenas o aspecto sexual (swing, por exemplo) sem envolvimento emocional.
Poliamor aborda, além do aspecto sexual, o envolvimento afetivo/emocional entre as pessoas. Trata-se de uma relação de intimidade de longo prazo.
Relação não-monogâmica não-consensual corresponde à infidelidade, uma vez que o “contrato” da relação monogâmica é rompido, sem que haja um acordo entre as partes ou a aceitação por uma das partes.
Relação não-monogâmica consensual envolve um acordo entre as partes de não-exclusividade na relação, havendo aspectos sexuais e/ou afetivos.
Afinal, o ser humano é monogâmico?
Entre os animais, a maior parte não é monogâmica. A necessidade de uma monogamia de curto ou longo prazo depende do tempo que a cria leva para atingir maturidade suficiente para sobreviver por si mesma. Neste contexto, há uma tendência na divisão de tarefas, de modo que um cuida da cria enquanto o outro traz o alimento necessário para todos. Na espécie humana, a monogamia costuma ser o modelo tradicional, exceto em determinadas culturas, em que a poligamia é comum e aceita.
No entanto, o lado irracional e instintivo do ser humano pode impedir que a relação sexual e/ou afetiva com uma única pessoa dure por muito tempo. No Brasil, uma pesquisa recente realizada pela Universidade de São Paulo (USP), envolvendo quase 4 mil pessoas casadas em 17 cidades, mostrou que metade dos homens já traiu, ao menos, uma vez. Com as mulheres, o índice médio de infidelidade apontado foi bem menor: em torno de 22%.
Em nosso País, especificamente, é preciso levar em conta fatores biológicos e as características do brasileiro, cuja informalidade e facilidade de aproximação são muito comuns. No lado biológico, o hormônio sexual masculino, o andrógeno, é um dos grandes responsáveis pela dificuldade em ser fiel. Já o hormônio feminino, o estrógeno, não causa tanto esse frenesi sexual como nos homens. Vale lembrar que as regras são racionais, mas os sentimentos não.
Abrir o relacionamento pode salvar uma relação?
A decisão de uma relação aberta precisa ser consensual e bem amadurecida, pois a probabilidade de haver ciúmes, insegurança e frustração é muito grande. Se a relação vai mal, seja qual for o motivo, é pouco provável que abrir o relacionamento salve o casal. Uma proposta não-monogâmica pode cair por terra, já que a prática é bem diferente da teoria. O ideal é buscar uma terapia conjunta e entender o que anda de errado entre os dois. Paradoxalmente, abrir a relação é uma escolha de casais que estão muito seguros de seu relacionamento, cientes dos limites dessa abertura e com critérios muito bem estabelecidos.
Prof. Dr. Mario
Louzã - médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg,
Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de
Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)
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