sábado, 30 de novembro de 2019

A dor da solidão


Comemorações de final de ano podem ser gatilhos para depressão profunda


Reuniões de família, encontro com amigos, festas de confraternização. Todos esses eventos fazem parte de um ritual anual. São as festividades para encerrar o ano e iniciar um próximo mais feliz e próspero. Para muitos, essa vibração de alegria é contagiante e animadora, traz felicidade e bem-estar. Para outros, a proximidade das festas é sinônimo de angústia, depressão e medo. Medo da solidão!

“Sofrer ao sentir-se só é uma questão muito atual. Existem pessoas que precisam estar ocupadas e distraídas o tempo todo. O simples fato de se perceberem sozinhas é angustiante. E isso se agrava com a proximidade do final do ano. Esse é um caso específico. Porém, existem diferentes tipos de solidão. A solidão de quem está longe da família; a solidão de quem não tem família nem amigos; a solidão de quem não pode mostrar fragilidade, que leva à insegurança, medo, entre outros. Assim, como cada indivíduo tem características próprias, o mesmo ocorre com essa sensação. Não podemos nos esquecer que cada um tem a sua própria e particular visão de mundo ideal”, explica o psiquiatra especializado em medicina psicossomática e hipnose dinâmica, Leonard Verea.

O médico afirma ainda que a solidão tem suas particularidades e que não é raro sentir-se só em meio à multidão. “Solidão é algo que diz respeito a nós mesmos, a forma de como encaramos a vida e de como criamos a relação de complementaridade com a vida versus a relação de competitividade. Podemos nos sentir tremendamente sozinhos no meio da multidão, se não nos identificamos com ela; assim como podemos nos sentir muito bem sozinhos, se precisamos daquele momento de reflexão para entrar em equilíbrio conosco e com a vida. É preciso compreender que a solidão é natural e perfeitamente saudável. O ser humano precisa de momentos solitários para fazer uma autorreflexão sobre seus atos, descansar e até mesmo dar valor aos seus relacionamentos. Neste caso, a solidão é muito saudável e bem-vinda”, diz Verea.

Lidar com essa sensação, muitas vezes devastadora, em uma noite de Natal ou na virada do ano, é que se torna um grande desafio. O psiquiatra garante que o tratamento psicológico acompanhado da hipnose clínica são grandes aliados nesse momento. “Quando não conseguimos enfrentar e vencer este sentimento, sentimo-nos cada vez mais frágeis e expostos às intempéries da vida; portanto, menos imunes, fortes, resistentes às doenças. Começamos a alimentar uma baixa autoestima, gostando e nos aceitando cada vez menos, nos tornando cada vez mais impotentes, chegando à depressão física e emocional. A cura pode estar no aconselhamento profissional especializado. A medicina dispõe de inúmeros recursos sendo que o compromisso do médico é amenizar a dor. A medicina psicossomática e a hipnose estão aí para ajudar fortemente na questão”, finaliza Verea.


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