Quando
o assunto é equidade salarial entre homens e mulheres no Brasil, o cenário
ainda é discutível, no País mesmo sendo garantida pela CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho) desde 1943 e na Constituição desde 1988. Em dezembro de 2018,
o Fórum Econômico Mundial apontou que todo o mundo levaria dois séculos para
alcançar a paridade. Atualmente, o Brasil ocupa o 132º lugar no item equidade
salarial para trabalho similar, no ranking com 149 nações.
Ainda
em 2018, agora segundo o IBGE, as mulheres representavam 45,3% da força de
trabalho, recebendo 79,5% do total do salário pago ao homem, com uma jornada
semanal de trabalho de menos 4,8 horas, mas não podemos deixar de contar o
tempo dedicado às tarefas domésticas e cuidados com a família.
Se
levarmos em conta as mulheres empreendedoras, a diferença de gênero e
desvantagens nos ganhos permanece. Atualmente, 9,3 milhões de mulheres que
estão à frente de um negócio representam 34% de todos os donos de negócios
formais ou informais no Brasil, segundo estudo do Sebrae. Ainda segundo a
entidade, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários e representam
hoje 48% dos Microempreendedores
Individuais (MEI).
E
a questão se torna mais profunda quando se constata que mesmo com uma queda na
desigualdade salarial entre 2012 e 2018 as trabalhadoras brasileiras ganham, em
média, 20,5% menos que os homens no país.
E
os problemas com relação a equidade não se restringem apenas ao salário e
gênero, mas as tarefas domésticas, que são designadas como prioridade às
mulheres, o que dá origem a chamada dupla jornada em que as mulheres trabalham,
em média, três horas por semana a mais do que os homens, e até mesmo as
oportunidades de contratação que são maiores para os homens, independentemente
da classe social.
É
sabido que para todas as variáveis apontadas não há uma solução a curto prazo,
o mercado se comporta dessa forma há décadas, mas mulheres também precisam
aprender a mudar seu comportamento, se pretendem contribuir com a redução dos
obstáculos, no que diz respeito à negociação de seus salários.
Por
outro lado as empresas podem e devem estimular a confiança de suas
colaboradoras, seja abrindo portas e contratando homens e mulheres com as
mesmas condições, seja pensando em soluções que ajudem a evoluir os empresários
ou as empresárias, sem distinção de gênero. Promover a inclusão de forma real,
no dia a dia, são medidas decisivas.
Muitas
multinacionais estão na lista das que alcançaram a equidade salarial entre
homens e mulheres, nos países em que atuam. Essa mudança ser um catalizador a
partir do momento em que as mulheres também passem a ousar mais na hora de
negociar os seus salários e não somente pensar nos benefícios, que são
importantes, mas não comprovadamente o mais importante para os homens na hora
de sentar para acertar o quanto querem ganhar.
Ao
longo dos anos as empresas têm desempenhado um papel fundamental na condução da
mudança social, como foi o caso dos direitos LGBTs no local de trabalho. É
fundamental que continuem, só assim vamos gerar diversidade, igualdade e
inclusão. O setor privado tem todas as ferramentas para se posicionar e agir
pela igualdade de gênero, promovendo essa mudança e investindo para o aumento
da inclusão das mulheres na sociedade.
Lars
Leber - country manager da Intuit no Brasil
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